Banco Inter vê a Lightning Network como solução de escalabilidade do Bitcoin
Relatório do Banco Inter sobre criptoativos elogia a Lightning Network
Nesta terça-feira (28 de dezembro), o Banco Inter emitiu o Relatório CriptoWorld Ed.8.21 sobre Soluções de Escalabilidade para Blockchains.
Um dos problemas da ‘não-adoção’ do Bitcoin como meio de pagamento é a escalabilidade. A moeda digital trazida por Satoshi Nakamoto consegue processar, apenas, 7 transações por segundo. Outras criptomoedas famosas no mercado, como a Ethereum e a Litecoin, suportam cerca de 20 e 56 TPS (transações por segundo).
Já a Visa, maior processadora de pagamentos do mundo, consegue processar cerca de 65 mil TPS, o que deixa os números fora de comparação em relação às criptomoedas citadas.
Destaque da imagem para a Blockchain da Solana que suporta mais de 50 mil transações por segundo e, nesse sentido, podemos dizer que a Solana é escalável.
Mas de acordo com o relatório, há um tradeoff entre escalabilidade, descentralização e segurança: há apenas 200 nodes na blockchain da Solana; é um número muito pequeno comparados com (estimados) mais de 100 mil nodes no Bitcoin. Esse fator pode sugerir um problema de ‘descentralização’ e , por consequência, de segurança.
Os altos custos das transações com Bitcoin ainda são mais impactantes que o tempo de espera
A taxa média paga para cada transação na rede do Bitcoin hoje é de 2 dólares (cerca de 11 reais). Este valor é inaceitável para efetuar as micro transações. É o famoso exemplo do cafezinho:
Imagina pagar 5 reais em um café e pagar 11 reais de taxa do café!
Quanto ao tempo:
Imagina pagar as compras no mercado e ter que esperar 10 minutos para a transação ser confirmada!
Todos esses dados atuais são inaceitáveis e reprovam o Bitcoin quanto à escalabilidade.
Lightning Network seria a solução óbvia?
Em um primeiro pensamento não.
A solução óbvia e, possivelmente, a primeira a ser sugerida é a de simplesmente aumentar o tamanho
de armazenamento dos blocos, a fim de torná-los capazes de processar mais dados, o que por sua vez
reduziria o custo e o tempo de espera médio por transações.
Para que o Bitcoin suportasse a mesma quantidade de transações que a Visa, os cálculos sugerem que cada bloco da Blockchain do Bitcoin tivesse 8 GB.
Para se ter uma ideia, o tamanho atual do bloco do Bitcoin é de 1 MB (podendo aumentar para 4 MB com o Segwit). Aumentar para 8 GB seria um aumento de cerca de 8000 vezes. Este ponto provavelmente inviabiliza a ideia original do Bitcoin, deixando o acesso a rede completa mais restrita às grandes corporações, tirando incentivo do usuário comum.
Agora sim entra a Lightning Network
A Lightning Network consiste em um protocolo que permite a realização de transferências off-chain em paralelo à blockchain do Bitcoin. Isso significa que as transações realizadas nessa rede não são registradas à priori na blockchain e, assim, dispensam o trabalho dos mineradores, o que as torna instantâneas e extremamente baratas.
Além de rápido e barato, a solução também é escalável.
Segundo Samson Mow, CEO da Blockstream, a Lightning Network conseguiria realizar quase 40.000.000 (40 milhões) de transações por segundo, ultrapassando em muito, a Visa e a Alipay.
El Salvador foi a primeira nação que adotou o Bitcoin como moeda de curso legal. Para que a população desse país realmente utilizasse essa criptomoeda, entretanto, era necessário resolver os problemas de escalabilidade. Diante deste contexto, os salvadorenhos, com suporte do próprio governo, passaram a fazer uso da Lightning Network, que cresceu mais de 11.000% desde então.
André , ariano, engenheiro, empreendedor, trader de criptos profissional, palestrante e professor. Adora números, gráficos e aprender coisas novas.