O que o recorde da compra de ouro pelos banco centrais tem a ver com a revolução das criptomoedas?

O indicativo da aquisição de ouro recorde é de uma pesquisa recente. A negociação de 2018 supera índices registrados desde 1967

Uma pesquisa divulgada pelo World Gold Council (WGC) aponta um dado curioso. Os bancos centrais compraram mais ouro em 2018, a uma taxa mais rápida, do que em qualquer outro momento, desde 1967. No total, foram adquiridas 651,5 toneladas de ouro, o que representa um aumento de 75%. Se convertermos isso em moeda fiat, chegaremos à cifra de US $ 27,7 bilhões, ou cerca de 33% do valor de mercado do Bitcoin.

Na busca de entender as razões para esse volume e crescimento, há quem aposte que negociar ouro é uma forma de se assegurar e proteger, no caso da ocorrência de uma crise financeira mais prolongada. O ouro também pode ser encarado pelas economias nacionais como uma medida preventiva a cenários de sanções econômicas ou outros impactos globais prejudiciais.

Os tempos do peso de ouro e o sistema digital

É interessante observar que, historicamente, o ouro foi usado como meio de troca, tendo em vista sua raridade e o fato de ser imune à corrosão e fácil de ser derreter e moldar. O metal foi o grande lastro balizador da economia mundial, até por volta de 1914. Era uma época em que cada país correspondia às suas reservas em ouro. Uma realidade que mudou durante a Primeira Guerra Mundial, quando os países envolvidos no conflito precisavam emitir dinheiro para financiar a Guerra, o que fez das moedas vigentes o novo lastro para o sistema econômico.

O lançamento do Bitcoin foi situado por Satoshi Nakamoto como uma nova revolução. Os ativos financeiros digitais e o aporte da tecnologia Blockchain são, para o criador da primeira moeda digital da história, a base de um sistema financeiro descentralizado, sem dependência de bancos e outras instituições financeiras.

Portanto, se o ouro acompanha nossa história mundial como um ativo econômico que deu suporte a negociações internacionais, nos tempos anteriores às moedas fiduciárias e no qual a base era um sistema de escambo, as criptomoedas chegam proposto um modelo financeiro nos tempos da economia 4.0. Por sinal, a relação entre esses dois ativos também acaba de ser tema de uma criativa campanha publicitária da Grayscale, companhia especializada no investimento em crypto. A base conceitual das peças digitais lançadas pela empresa é justamente o convite a abandonar os investimentos em ouro, aderindo às moedas digitais, com a defesa de que as criptomoedas são o produto financeiro do futuro, enquanto o ouro representa o passado.

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Foto de Daniela Risson O autor:

Jornalista desde sempre interessada pelos canais digitais, tem se dedicado à estratégia e produção de conteúdos. Em 2018, se aproximou da temática das criptomoedas e atua como redatora de projetos do mercado financeiro digital.