Bitcoin avança em meio à crise do rial iraniano

A crise cambial no Irã ganhou intensidade após o rial atingiu mínimas históricas e despertou novos protestos em Teerã. A desvalorização tornou a moeda ainda mais fraca, e o cenário provocou apreensão entre famílias que já vinham sofrendo com a perda acelerada do poder de compra nos últimos meses. A cotação aproximada de 1,4 milhão de riais por 1 US$ reforçou a instabilidade macroeconômica e elevou a tensão nas ruas.

A renúncia do presidente do Banco Central, Mohammad Reza Farzin, ampliou o sentimento de desconfiança. Além disso, comerciantes do Grand Bazaar e da região de Jomhouri fecharam lojas em sinal de adesão ao movimento que pressionava o governo por respostas. Vídeos publicados nas redes sociais mostraram pessoas caminhando em grupos e pedindo união enquanto forças de segurança utilizavam gás lacrimogêneo para dispersar concentrações em vários bairros.

Parte dos moradores culpa a política monetária estatal pela deterioração acelerada do rial. O custo de vida aumentou de forma constante, e muitas famílias já não conseguem manter gastos essenciais. Portanto, a instabilidade se tornou tema central nas discussões diárias, evidenciando como o descontrole cambial impacta a rotina da população.

Novo cenário econômico pressiona busca por alternativas

A queda contínua do rial expôs fragilidades internas do sistema financeiro iraniano. O Bank Melli declarou falência em outubro, o que deixou milhões de correntistas apreensivos. Além disso, a autoridade monetária indicou que outros oito bancos podem passar por dissoluções ou fusões sem reformas urgentes. As sanções internacionais dificultam o acesso a moedas fortes, como o dólar, e ampliam a dependência de soluções internas pouco eficientes.

Diante das limitações, muitos iranianos passaram a avaliar alternativas de proteção patrimonial. Assim, o Bitcoin ganhou destaque nas discussões sobre preservação de valor, embora seu uso ainda enfrente obstáculos legais. Hunter Horsley, CEO da Bitwise, comentou que o ativo digital funciona como defesa contra má gestão econômica. Já Alex Gladstein, da Human Rights Foundation, lembrou que a desvalorização do rial ocorre há décadas, reforçando a busca por mecanismos alternativos.

No entanto, o governo mantém regras rígidas sobre mineração e circulação de criptoativos. Além disso, autoridades oferecem recompensas financeiras para denúncias de operações de mineração não registradas. Apesar do baixo custo de eletricidade, que poderia incentivar a atividade, a fiscalização aumentada reduziu o número de operações ativas.

Ativo digital ganha força como proteção

Mesmo com barreiras legais e pouca clareza regulatória, muitos iranianos veem o Bitcoin como opção para proteger suas economias em meio à crise. O uso ainda é limitado, porém, a procura por meios alternativos para preservação de riqueza cresce à medida que o rial perde valor. No curto prazo, a instabilidade bancária e a dificuldade de acesso a moedas fortes criam ambiente propício para adoção de soluções paralelas.

O Bitcoin está sendo negociado atualmente a US$ 87.846. Gráfico: TradingView

Assim, a prolongada desvalorização do rial, somada à insegurança no setor financeiro, fortalece o interesse do público por alternativas como o Bitcoin. Além disso, especialistas afirmam que a crise atual evidencia uma mudança estrutural no comportamento dos iranianos, que buscam maneiras de fugir da volatilidade extrema da moeda nacional e garantir proteção mínima em um ambiente econômico cada vez mais instável.