Bitcoin cai e Brasil endurece regras para 2026

Bitcoin perde os US$ 90 mil e Brasil aperta o cerco regulatório: Tudo que aconteceu na última semana

Uma correção severa nos preços globais e mudanças estruturais na tributação brasileira marcaram a primeira semana de dezembro. Saiba o que esperar.

A primeira semana de dezembro de 2025 serviu como um “choque de realidade” para o mercado cripto. Enquanto investidores globais lidavam com uma forte correção nos preços do Bitcoin e das principais altcoins, no Brasil, o foco se voltou para Brasília. Receita Federal e Banco Central anunciaram medidas que alteram profundamente as regras de declaração e tributação para 2026.

Entre o “sangramento” dos gráficos e o aperto do “Leão”, confira os destaques que moveram o mercado nos últimos dias.

O “Domingo Negro” e a Fuga Institucional

O mercado iniciou a semana digerindo o que analistas batizaram de “Black Sunday”. O Bitcoin (BTC), que vinha de uma tendência de alta robusta, perdeu o suporte psicológico dos US$ 90.000 e chegou a testar a região dos US$ 86.000.

O movimento foi impulsionado por uma liquidação em cascata de posições alavancadas e, crucialmente, pela saída de capital institucional. Os ETFs de Bitcoin à vista (Spot) nos EUA registraram saídas líquidas de US$ 195 milhões, o maior volume de resgates diários em duas semanas.

Como reflexo imediato, o mercado de altcoins sofreu com maior intensidade. Ethereum (ETH) e Solana (SOL) registraram quedas expressivas, acompanhando a aversão ao risco generalizada.

Macroeconomia: O Medo da Inflação (PCE)

O cenário macroeconômico atuou como um freio de mão puxado. O mercado passou a semana em compasso de espera pelos dados do PCE (Personal Consumption Expenditures), divulgados nesta sexta-feira (05).

A incerteza sobre a trajetória de juros do Federal Reserve (Fed) minou o apetite por risco. Se a inflação se mostrar persistente, a liquidez barata que alimenta o mercado cripto pode secar, fortalecendo o Dólar (DXY) e pressionando ativos de risco.

Brasil: O Fim da IN 1888 e a Nova “DeCripto”

Enquanto os preços oscilavam lá fora, a regulação brasileira avançou casas importantes. A Receita Federal instituiu a DeCripto, o novo modelo de declaração que substituirá a antiga Instrução Normativa 1.888.

Alinhada aos padrões da OCDE para evitar evasão fiscal, a nova regra exige um nível de detalhamento sem precedentes, incluindo a identificação de endereços de carteiras (wallets) e hashes de transação.

O que muda para o investidor:

  • Limite de Isenção: O teto para obrigatoriedade de declaração (para operações em exchanges estrangeiras ou custódia própria) subiu de R$ 30 mil para R$ 35 mil mensais.
  • Vigência: Embora anunciada agora, a obrigatoriedade do novo formato começa a valer a partir de julho de 2026.

Stablecoins na Mira do IOF

Em paralelo, o Banco Central publicou a Resolução BCB nº 521, que classifica as operações com stablecoins (como USDT e USDC) como operações de câmbio a partir de fevereiro de 2026.

Essa mudança técnica tem um impacto prático no bolso: abre caminho para a cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que atualmente é de 1,1% para compra de moeda estrangeira. Portanto, movimento é visto como uma tentativa do governo de fechar o cerco contra a evasão de divisas via criptoativos, uma preocupação compartilhada pelo FMI.

Panorama Global e Tendências

Na Europa, a pressão também aumentou. A Itália emitiu um aviso para que empresas de criptoativos se adequem à regulação MiCA até o fim do ano ou encerrem operações.

Apesar do clima tenso, o setor de tecnologia segue atraindo capital. Nesse sentido, a narrativa de Inteligência Artificial (IA) continua resiliente, exemplificada pelo aporte de US$ 5 milhões recebido pela startup DeepNode, reforçando a tese de convergência entre Blockchain e IA.

O Que Vem Pela Frente?

Em suma, o mercado encerra a semana em um ponto de inflexão. No curto prazo, a reação aos dados de inflação dos EUA ditará se o Bitcoin retoma os US$ 90 mil ou busca suportes mais baixos. Em contrapartida, no longo prazo, para o investidor brasileiro, a mensagem é clara: a era da informalidade está acabando. Com a “DeCripto” e o possível IOF sobre stablecoins em 2026, o planejamento tributário deixa de ser opcional para se tornar uma necessidade de sobrevivência financeira.

O autor:

Contabilidade de Criptomoedas