Bitcoin enfrenta pressão de rede enquanto ETFs impulsionam demanda institucional

Crescimento via fundos de investimento contrasta com baixa atividade on-chain na rede do Bitcoin; setembro pode marcar piso do ciclo antes de novo rali
A demanda institucional pelo Bitcoin continua em alta, liderada por ETFs e tesourarias digitais. Só no início de setembro, os fundos registraram mais de US$ 330 milhões em entradas líquidas, puxados por BlackRock e Fidelity. A própria BlackRock reforçou sua posição em BTC ao vender US$ 151 milhões em Ethereum e adquirir quase US$ 290 milhões em Bitcoin, elevando sua fatia para cerca de US$ 84 bilhões do ativo.
Por outro lado, a rede enfrenta fragilidades estruturais. A demanda por espaço em bloco segue fraca, mantendo as taxas de transação baixas e deixando os mineradores excessivamente dependentes da valorização do preço para manter a operação viável. Com o halving de 2024 já reduzindo recompensas e outro previsto para 2028, analistas alertam para riscos de centralização do hashrate e perda de resiliência se a atividade on-chain não crescer de forma consistente.
Essa desconexão entre o Bitcoin como “ouro digital” de instituições e seu uso efetivo na blockchain acende sinais de alerta. Enquanto desenvolvedores testam novos casos de uso para estimular taxas — como o staking indireto via Babylon Genesis Chain — as tentativas ainda não se traduziram em receita sustentável para mineradores.
No curto prazo, o preço também atravessa uma correção. Após marcar um recorde histórico em julho, o BTC recuou para a faixa dos US$ 110 mil. Segundo relatório da Bitfinex, setembro pode representar o ponto de baixa do ciclo, como ocorreu em anos anteriores pós-halving, preparando terreno para um possível rali no quarto trimestre. Ainda assim, altcoins seguem pressionadas, com quedas expressivas mesmo após fortes entradas institucionais em ETH.
Assim, enquanto Wall Street reforça a aposta no BTC, a sustentabilidade de longo prazo da rede depende de encontrar novos motores de atividade que garantam incentivos aos mineradores e preservem a descentralização.