Bitcoin: Fluxo recorde em ETFs sustenta o BTC após correção

Com aportes bilionários em ETFs e reativação de moedas antigas por baleias, o mercado de Bitcoin vive uma fase de consolidação que pode antecipar novos movimentos de alta ou correção.

Após alcançar um novo recorde acima de US$ 123 mil, o Bitcoin passa por um período de correção moderada e consolidação em torno dos US$ 118 mil. Apesar da pausa no rali, os dados mais recentes mostram que o apetite institucional permanece forte, sustentando a tese de que a criptomoeda está se firmando como um ativo estratégico no cenário macroeconômico global.

Segundo dados da Santiment, os ETFs de Bitcoin têm absorvido capital fiat em ritmo acelerado, com um impressionante fluxo líquido de US$ 7,78 bilhões desde 9 de julho — o equivalente a cerca de US$ 353 milhões por dia. Esse movimento tem sido liderado por fundos como o IBIT, da BlackRock, que sozinho captou mais de US$ 416 milhões em um único dia. A continuidade desses aportes, mesmo após o pico de preço, reforça a confiança institucional e contribui para o aperto da oferta no mercado.

Esse cenário é complementado por análises da Glassnode, que detectaram uma das maiores entradas diárias de BTC nos ETFs spot nos últimos meses, com mais de 7.500 bitcoins adicionados em um único dia. Mesmo após essa forte demanda, na terça-feira seguinte ainda foram acrescentados mais 3.400 BTC, mostrando que o apetite institucional vai além de movimentos pontuais.

A expectativa de que o Bitcoin possa atingir US$ 200 mil nos próximos ciclos não se baseia em especulação pura. De acordo com o Kobeissi Letter, um simples direcionamento de 1% dos US$ 31 trilhões sob gestão institucional nos EUA resultaria em um influxo de US$ 300 bilhões no mercado de BTC — suficiente para empurrar o preço até US$ 133 mil, mesmo sem participação do varejo. Com a entrada de capital institucional global, esse número poderia chegar a US$ 1 trilhão, elevando o preço em até 70%.

Entretanto, os sinais de cautela também estão presentes. Dados da CryptoQuant revelam que grandes investidores estão movimentando moedas há muito tempo inativas — um fenômeno conhecido como “Coin Days Destroyed”, que chegou a 28 milhões recentemente. Além disso, o lucro realizado pelos detentores de longo prazo ultrapassou US$ 4 bilhões em um único período, indicando realização de lucros e possível redistribuição de ativos.

Esse comportamento é típico de momentos de transição no ciclo do mercado. As baleias, ou seja, os grandes detentores de Bitcoin, parecem estar reavaliando suas posições em meio a uma fase de consolidação. Embora ainda não haja sinais claros de euforia no varejo, os analistas alertam para uma possível inflexão, dado o aumento das pressões de venda nos principais níveis de resistência — agora em torno de US$ 124 mil e US$ 136 mil.

No lado do suporte, os níveis de US$ 113 mil e US$ 111 mil ganham destaque como zonas de defesa, especialmente porque representam o custo médio de entrada dos novos participantes e o desvio padrão acima do preço realizado dos detentores de curto prazo. O nível mais crítico, porém, é US$ 101 mil — considerado um divisor entre manutenção da tendência de alta ou início de uma reversão mais profunda.

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Foto de Marcelo Roncate O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.