Bitcoin mantém estabilidade e tokens PNUT dispararam

Bitcoin mantém estabilidade e tokens PNUT dispararam

Resiliência do mercado cripto frente a incertezas geopolíticas

O Bitcoin segue estável, oscilando em torno de US$ 108.900, mesmo diante das recentes ameaças tarifárias feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A aparente tranquilidade do mercado sugere uma crescente maturidade dos investidores, que agora diferenciam ruídos políticos de riscos econômicos efetivos.

Trump enviou cartas a 14 países — muitos deles parceiros estratégicos na Ásia — alertando que, a partir de 1º de agosto, tarifas serão aplicadas, caso concessões comerciais não sejam realizadas. Entre as medidas anunciadas estão tarifas de 50% sobre o cobre importado e até 200% sobre medicamentos, o que gerou debates entre analistas e líderes econômicos globais. No entanto, esse tipo de movimento já foi observado anteriormente e, portanto, não causa tanto alarde quanto em ciclos passados.

Embora se esperasse uma reação mais intensa, os mercados tradicionais mantiveram-se calmos. Os índices de ações dos EUA fecharam estáveis na última sessão. Enquanto isso, os mercados europeus abriram em leve alta e os asiáticos encerraram o dia com ganhos consistentes. O índice do dólar americano também permaneceu praticamente inalterado, refletindo a cautela dos investidores, mas sem sinais de pânico.

Esse comportamento reforça a tese de que o chamado “acordo TACO” — sigla para “Trump Always Chickens Out” (Trump sempre recua) — ainda é considerado válido. O padrão observado em ciclos anteriores, no qual medidas drásticas são anunciadas e posteriormente revertidas, parece continuar presente. Mesmo com a insistência de Trump em manter os prazos, o mercado desconfia de sua efetivação.

Aperto monetário e confiança institucional moldam a narrativa

Contudo, ainda há preocupações relevantes. Tarifas anteriores causaram alta nos preços, e, segundo a QCP Capital, o novo anúncio ocorre em meio ao aperto monetário promovido pelo Federal Reserve. A autoridade monetária tem retirado US$ 40 bilhões por mês do sistema financeiro, reduzindo, portanto, o apetite ao risco por parte de muitos investidores.

O presidente do Fed, Jerome Powell, já alertou que tarifas podem provocar aumentos de preços. Caso isso se confirme, cortes nas taxas de juros poderão ser adiados. Essa perspectiva afetaria diretamente ativos como o Bitcoin, uma vez que ambientes de juros elevados desestimulam investimentos mais voláteis. Portanto, o risco monetário segue relevante.

Apesar disso, o medo de uma recessão nos EUA diminuiu. Segundo dados da Polymarket, a chance de recessão em 2025 caiu para 20%, o menor nível desde janeiro. Isso melhora o sentimento de mercado, sustentando o interesse por ativos digitais. Além disso, a percepção de que o crescimento será moderado mas contínuo favorece o posicionamento em criptomoedas.

Adicionalmente, dados da CoinShares indicam que os produtos de investimento em cripto atraíram quase US$ 1 bilhão em entradas líquidas na última semana. Com isso, o total de ativos sob gestão alcançou um novo recorde de US$ 188 bilhões. A maior parte desse volume foi alocada em fundos de Bitcoin, embora ether, solana e XRP também tenham registrado fluxos positivos.

A movimentação de grandes empresas reforça esse quadro. Companhias de tecnologia e inovação vêm destinando parte de suas tesourarias para Bitcoin como forma de diversificação. Esse movimento, embora ainda concentrado em nichos, sinaliza a maturidade crescente do ativo e seu papel estratégico em cenários de incerteza prolongada.

Altcoins perdem espaço enquanto PNUT dispara

Enquanto o Bitcoin ganha força, várias altcoins vêm enfrentando queda na demanda. Muitas não conseguiram sustentar o ritmo de crescimento recente, perdendo relevância entre investidores. Com exceção de casos como a memecoin PNUT, influenciada por Grok, o cenário geral para ativos alternativos tem sido de estagnação.


A postagem de Elon Musk à noite, onde ele expressou sua desaprovação em relação aos líderes dos EUA pela morte de um esquilo famoso chamado Peanut, sem fazer menção a qualquer pessoa da alegada lista de clientes de Jeffrey Epstein, provocou uma agitação em torno da memecoin PNUT, que é baseada em Solana.

O PNUT teve um aumento superior a 10% em poucos minutos e observou um crescimento mais que três vezes nos volumes de negociação nas últimas 24 horas, totalizando US$ 214 milhões, conforme informações da CoinGecko, à medida que os operadores se apressaram para divulgar o ativo.

O token não possui qualquer relação com Musk ou o esquilo, nem apresenta uma funcionalidade intrínseca. Sua negociação ocorre exclusivamente em função da influência cultural e do impulso especulativo.

Dominância do Bitcoin cresce

A dominância do Bitcoin vem aumentando consistentemente em 2025. Hoje, ele representa cerca de 65% da capitalização total do mercado de criptoativos, com um crescimento acumulado de quase 12% no ano. Isso mostra que, em momentos de maior cautela, os investidores preferem se concentrar em ativos com maior liquidez e segurança percebida.

Essa preferência já foi demonstrada em ciclos anteriores. Quando há sinais de tensão, os recursos são redirecionados para moedas mais consolidadas. Nesse contexto, o Bitcoin se reafirma como a principal reserva de valor do setor, sendo a escolha natural para quem busca menor exposição a riscos extremos no curto prazo.

Mesmo diante de um cenário macroeconômico incerto e de decisões políticas controversas, o Bitcoin continua se destacando. A entrada de capital institucional, o recuo nas expectativas de recessão e a consolidação como ativo estratégico fortalecem sua posição. Assim, ele segue sendo visto como uma opção sólida para diversificação e proteção patrimonial em tempos turbulentos.