Bitcoin e mercados tradicionais: a crescente correlação prejudica a percepção de porto seguro
Narrativa de reserva de valor do Bitcoin em xeque devido à correlação com mercados tradicionais
Em março, o preço do Bitcoin (BTC) aumentou 23% à medida que vários Bancos nos EUA faliram, levantando preocupações sobre uma possível recessão.
Analistas consideram essa alta como uma recuperação de porto seguro, com investidores buscando refúgio na principal criptomoeda em meio a falências bancárias.
O aumento do preço do Bitcoin foi acompanhado pelo índice NDX/SPX, indicando que o rali foi impulsionado em parte pelo aumento do apetite ao risco devido às esperanças de uma postura mais favorável à liquidez do Federal Reserve, com cortes nas taxas. O índice NDX/SPX mede a diferença na avaliação entre as ações de tecnologia no Nasdaq 100 e uma cesta de ações mais ampla do S&P 500.
O índice NDX/SPX teve o melhor desempenho mensal desde fevereiro de 2009, com um aumento de 5,65% em março. A instabilidade no setor bancário levou os investidores a apostarem agressivamente em cortes nas taxas pelo Federal Reserve ainda este ano. A Nasdaq teve um ganho de quase 10%, superando significativamente o aumento de 3,5% do S&P 500.
O coeficiente de correlação de 90 dias entre o Bitcoin e a relação NDX/SPX aumentou para 0,90, a mais forte desde junho de 2022, indicando uma relação positiva mais forte entre os dois ativos.
Até o momento, o coeficiente de correlação era de 0,89. Isso significa que em dias em que a relação NDX/SPX aumenta, é mais provável que o preço do Bitcoin também aumente, e vice-versa.
De acordo com Noelle Acheson, autora do popular boletim informativo Crypto is Macro Now:
O Bitcoin ainda está sendo negociado como um ativo de risco. O aumento da relação NDX/SPX significa que a tecnologia está indo melhor, o que indica que o sentimento de risco é forte.
As ações de tecnologia são mais sensíveis às expectativas de taxas de juros e, portanto, um aumento no índice NDX/SPX é muitas vezes interpretado como indicativo de expectativas dovish do Fed e aumento do apetite ao risco dos investidores. Isso pode se refletir em outros ativos, como criptomoedas, como observado em 2020 e início de 2021. Por outro lado, uma queda no índice pode indicar um sentimento negativo em relação a ativos de risco.
Segundo Gabriel Selby, analista de pesquisa da CF Benchmarks:
Assim como as criptomoedas, as empresas de estilo de crescimento, que devem fornecer fluxos de caixa ou alguma forma de valor fundamental, no futuro, têm seu desempenho mais fortemente influenciado por mudanças nas taxas de juros. O índice Nasdaq 100, por exemplo, é composto principalmente por setores de estilo de crescimento, como tecnologia, que são mais sensíveis a expectativas de taxas crescentes ou decrescentes.
Selby observou que a relação NDX/SPX está acompanhando de perto o mercado de criptomoedas, o que sugere que as expectativas de taxas de juros estão desempenhando um papel importante e que a divergência de preços entre ações e criptomoedas pode não ser tão ampla como se pensava inicialmente.
A correlação entre o Bitcoin e a relação NDX/SPX tem sido consistentemente positiva durante o mercado de baixa de 2022 e entre maio de 2020 e março de 2021, quando o preço do Bitcoin subiu quase dez vezes atingindo US$ 60.000. Além disso, ambos têm se recuperado em sincronia desde o início de janeiro, com o Bitcoin subindo quase 70% este ano e a proporção NDX/SPX aumentando 11,26%.
A recente pausa do Bitcoin em torno de US$ 28.000 desde 22 de março está em linha com a consolidação na relação NDX/SPX. Embora as perspectivas de curto prazo do Bitcoin pareçam estar ligadas a mudanças na relação NDX/SPX, no longo prazo o Bitcoin pode se beneficiar dos temores de desvalorização das moedas fiduciárias, de acordo com Acheson.
O autor: Washington Leite
Formado em Administração de Empresas, sou entusiasta da tecnologia e fascinado pelo mundo das criptomoedas, me aventuro no mundo do trade, sendo um eterno aluno. Bitcoin: The money of the future