Bitcoin: o que houve com seus incentivos?
Apesar de todas as conquistas do Bitcoin, ainda não sabe se ela se tornará uma moeda amplamente usada ou cumprirá o potencial de descentralização
Em seu whitepaper original, Satoshi Nakamoto apresentou o Bitcoin como um “Sistema de Dinheiro Eletrônico Peer-to Peer”. 13 anos depois o Bitcoin provou que resolveu claramente o problema do gasto duplo permitindo que as transações acontecessem sem intermediários e foi escalada para uma rede de trilhões de dólares sem ter tido nenhuma violação grave de segurança.
Surpreendentemente, ele conseguiu escalar apenas com base no mecanismo de incentivo construído nesse protocolo. Ao contrário de qualquer outra tecnologia, nunca recorreu ao financiamento de capital tradicional ou à governança tradicional.
Reserva de valor
O Bitcoin pode ter conseguido se tornar uma reserva de valor graças à confiança, raridade e imutabilidade inerentes à sua tecnologia subjacente. Esses atributos, quando combinados com seu código e oferta monetária, resultaram em uma oferta monetária que é possuída e explorada apenas por alguns.
Embora duvidemos que Satoshi Nakamoto tivesse alguma intenção de beneficiar apenas alguns ou ter um impacto tão negativo no meio ambiente, os problemas podem vir do mesmo design de incentivo que estava na raiz de seu sucesso.
Fatores de influência
Em primeiro lugar, a raridade incorporada e a oferta de moeda fixa têm implicações altamente deflacionárias. Por que gastar agora quando não apenas a oferta é limitada, mas o crescimento da oferta também está diminuindo constantemente.
Para ser um meio de troca ou unidade de conta, uma oferta de moeda deve ser ajustada para que o preço dos bens e serviços seja estável no médio e longo prazo. Essa é a única maneira pela qual o lado da oferta e da demanda de uma economia pode tomar decisões racionais.
Em segundo lugar, a segurança da rede depende de um mecanismo de incentivo que recompensa aqueles que usam mais recursos, neste caso, o uso de eletricidade e poder de processamento do computador.
Embora o número de transações e seu tamanho não afetem a rede ou sua velocidade, o acúmulo de moedas afeta sua memória. Em uma rede em que todos os participantes, exceto os mineradores, são recompensados apenas com a valorização do preço, os gastos não são incentivados.
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Em terceiro lugar, sentimos que a falha de adaptação do Bitcoin é causada pela centralização de sua propriedade. Os requisitos de recursos para executar um nó de votação completo, sem falar em uma operação de mineração, tornam a participação muito cara. Aqueles que estão no controle sabem muito bem que, para que se torne um meio de troca generalizado, a valorização do preço terá que parar e o preço dele permanecer estável.
Eles podem preferir o status quo ou a introdução de algumas moedas estáveis na rede como no Ethereum, mantendo o Bitcoin como moeda de reserva, a garantia final.
Finalmente, é preciso imaginar o que acontecerá quando todas as moedas forem extraídas. Nesse ponto, os mineradores serão recompensados apenas por taxas de transação, que, a menos que as coisas mudem drasticamente, serão muito pequenas. O que acontecerá com a segurança da rede neste momento?
Simplificando, a blockchain do Bitcoin foi projetada com base no princípio de oferta limitada, a mineração total de Bitcoin está estipulada para aproximadamente 21 milhões de unidades. Depois que todos os 21 milhões de BTCs tiverem sido minerados, a rede operará amplamente da mesma forma que agora, mas com uma diferença crucial para os mineradores. Depois que todos os Bitcoins forem extraídos, os mineradores ainda terão um papel fundamental.
Além das recompensas por bloco, os mineradores de Bitcoin também recebem todas as taxas gastas nas transações incluídas em cada bloco. E isso permanecerá, afinal, a rede precisa que os mineradores façam a validação das transações, é assim que a rede blockchain do Bitcoin funciona, sem esses validadores, não existe funcionamento correto da rede.
Talvez o preço se estabilize e os mineradores sejam recompensados pelas taxas geradas pelas grandes quantidades de transações enquanto os detentores liberam suas reservas, talvez seria essa uma das teorias mais certas a se pensar.
Conheceu esse universo dos criptoativos em 2016 e desde 2017 vem intensificando a busca por conhecimentos na área. Hoje trabalha juntamente com sua esposa no criptomercado de forma profissional. Bacharelando em Blockchain, Criptomoedas e Finanças na Era Digital.