Bitcoin recua após restrições chinesas à prata

O Bitcoin recuou no final de dezembro enquanto o mercado global de metais reagia à nova política de exportação de prata anunciada pela China. A mudança entrou em destaque porque afeta diretamente a oferta internacional do metal, além de coincidir com movimentações expressivas de grandes carteiras de BTC. Assim, o cenário criou um ambiente de atenção entre investidores de ambos os setores.

A partir de 1º de janeiro de 2026, apenas empresas autorizadas poderão exportar prata. Para obter a licença, será necessário cumprir requisitos rígidos, como produção anual mínima de cerca de 80 toneladas e linhas de crédito amplas. No entanto, esses critérios deixam pequenos e médios produtores fora do mercado externo, concentrando o comércio nas grandes estatais chinesas.

Analistas estimam que a China é responsável por 60 a 70 por cento da oferta global de prata. Portanto, a limitação de exportadores pode reduzir a disponibilidade mundial do metal no curto prazo. A medida segue o padrão de outras estratégias regulatórias adotadas pelo país em materiais considerados estratégicos, que costumam gerar impacto imediato no equilíbrio entre oferta e demanda.

Movimentação de grandes carteiras influencia o Bitcoin

Enquanto o mercado de prata enfrentava incertezas, o Bitcoin registrou movimentações significativas em 26 de dezembro. Dados on-chain mostraram transferências que somaram mais de 16.000 BTC, cada uma variando entre 1.994 e 2.000 BTC. As transações ocorreram entre carteiras não identificadas, além de não apresentarem motivo claro.

Essas operações aconteceram no mesmo período em que o Bitcoin apresentou leve queda. No momento da apuração, o ativo era negociado a US$87.507,34, acumulando recuo de 1,96 por cento em 24 horas. Além disso, o volume diário alcançou US$31,66 bilhões, enquanto o valor de mercado ficou próximo de US$1,75 trilhão.

Oferta limitada de prata e volatilidade do Bitcoin

A tensão causada pelas novas regras chinesas surge em um momento marcado por déficit estrutural no mercado de prata. A demanda global prevista para 2025 é de cerca de 1,24 bilhão de onças, enquanto a oferta estimada gira em torno de 1,01 bilhão de onças. Portanto, o mercado deve registrar déficit superior a 200 milhões de onças pelo quinto ano consecutivo.

Além disso, os estoques físicos continuam diminuindo em centros importantes como COMEX, Londres e Xangai. Esse quadro pressiona ainda mais a oferta global do metal e aumenta a sensibilidade do mercado a mudanças regulatórias.

O comportamento do Bitcoin contrasta com essa limitação de oferta. O ativo registrou grandes movimentações entre carteiras justamente enquanto seu preço caía. Assim, tanto investidores tradicionais quanto participantes do setor cripto observam o cenário com cautela, já que oscilações no ambiente regulatório e operações de grandes detentores podem influenciar tendências de curto prazo.

Embora pertençam a mercados distintos, os dois movimentos destacam como fatores externos podem alterar percepções e estratégias de investimento. Portanto, o acompanhamento de políticas de exportação e de fluxos on-chain permanece essencial para a análise dos próximos meses.