Bitcoin resiste tensões geopolíticas e avança com alívio regulatório nos EUA

Bitcoin segura os US$ 105 mil mesmo após vendas massivas; decisão do Fed favorece integração do setor financeiro ao mercado cripto.

O mercado de Bitcoin tem mostrado resiliência em meio a uma combinação incomum de notícias geopolíticas e mudanças regulatórias. Apesar das recentes tensões no Oriente Médio envolvendo Israel e Irã, o BTC conseguiu sustentar seu preço acima de US$ 105 mil, impulsionado também por uma sinalização positiva do Federal Reserve que pode mudar o jogo para empresas cripto nos EUA.

Na última semana, o anúncio de um cessar-fogo entre Israel e Irã trouxe alívio imediato ao mercado. O preço do Bitcoin disparou rapidamente, chegando a tocar os US$ 106 mil antes de recuar ligeiramente para a faixa dos US$ 105.300, ainda com alta de quase 4% no dia. No entanto, o clima de otimismo foi parcialmente ofuscado por relatos de novos ataques e declarações de retaliação, levando o ex-presidente Donald Trump a pedir moderação por parte de Israel, afirmando que “não está feliz” com a resposta israelense e reforçando que “o programa nuclear do Irã está destruído”.

Enquanto isso, uma mudança regulatória nos Estados Unidos promete abrir caminho para uma nova era de relacionamento entre bancos e empresas cripto. O Federal Reserve anunciou que deixará de considerar o “risco reputacional” como critério em suas fiscalizações bancárias. A medida, que recebeu apoio da Comissão de Serviços Financeiros da Câmara dos EUA, é vista como um avanço crucial para o setor, que há anos sofre com exclusão bancária — prática conhecida como debanking. Isso pode significar que instituições financeiras não precisarão mais temer retaliações por atender clientes ligados ao ecossistema cripto.

Essa mudança é especialmente relevante após os impactos da chamada “Operation Chokepoint 2.0” durante o governo Biden, que dificultou o acesso a serviços bancários para mais de 30 empresas de criptoativos. A remoção do risco reputacional dos manuais de supervisão também alinha o Fed com outras agências reguladoras americanas, como a OCC e a FDIC, abrindo espaço para uma maior integração entre o sistema financeiro tradicional e o universo cripto.

Mesmo com um ambiente macroeconômico instável, os fundamentos de mercado do Bitcoin se mantêm sólidos. De acordo com o analista Axel Adler Jr., desde meados de abril, cerca de 720 mil BTC foram vendidos por investidores de curto prazo, gerando um aumento de US$ 66 bilhões no valor realizado desse grupo. Apesar da magnitude dessa realização de lucros, o mercado absorveu a pressão de venda com sucesso graças à entrada constante de novos compradores.

O modelo de Adler indica que a fase de realização extrema já passou, com o número de transações lucrativas despencando de 34 mil para apenas 216. Agora, o mercado parece dominado por investidores acumulando a preços mais baixos, o que reduz o risco imediato de quedas acentuadas.

Com isso, o Bitcoin mantém certa estabilidade mesmo após recentes quedas — uma perda de 1,7% no último mês e 1,1% na última semana — e continua no radar de analistas como Daan Crypto Trades e Michaël van de Poppe, que destacam o impacto positivo da redução de riscos geopolíticos na volatilidade do mercado.

Foto de Marcelo Roncate
Foto de Marcelo Roncate O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.