Bitcoin: Sinais técnicos apontam para US$160 mil, mas mercado enfrenta desafios

Entre alta institucional, tensões geopolíticas e pressão de venda, o Bitcoin se equilibra entre nova alta histórica e possível correção.
Nas últimas semanas, o BTC voltou a tocar os US$108 mil, mesmo com tensões geopolíticas envolvendo o Oriente Médio e sinais mistos da economia americana. Essa resistência psicológica coincide com um padrão técnico que historicamente antecedeu grandes ralis: o aumento sustentado da razão entre detentores de longo prazo (LTH) e curto prazo (STH). Axel Adler Jr., especialista em análise on-chain, afirma que esse mesmo padrão impulsionou o ativo de US$28 mil para US$60 mil e, depois, de US$60 mil para US$100 mil.
Agora, com essa métrica novamente em ascensão, Adler projeta que o BTC possa alcançar US$160 mil até o fim de agosto, caso o ciclo se repita. A tese ganha força com indicadores como o gráfico Bitcoin Rainbow Chart, que classifica o momento atual como zona de “compra”, comparável a novembro de 2020 e maio de 2017 — períodos que antecederam ralis de 450% e 1.400%, respectivamente.
A análise técnica também favorece os otimistas: formações como o bull flag e cruzamentos de alta no MACD sugerem que o preço pode romper resistências e buscar novas máximas, com alvos intermediários em US$137 mil.
Contudo, o caminho não está livre de riscos.
Dados da CryptoQuant mostram que o volume líquido de takers na Binance ultrapassou US$100 milhões — o maior desde 9 de junho. Embora isso sugira um pico de interesse, geralmente esse tipo de movimento é impulsionado por varejo ou liquidações de posições vendidas, e não por uma demanda estrutural sustentável. Ao mesmo tempo, os saques de stablecoins das corretoras somam mais de US$1,25 bilhão desde meados de maio, indicando esgotamento de liquidez para posições compradas alavancadas.
Além disso, o cenário macroeconômico traz incertezas. Jerome Powell, presidente do Fed, sinalizou a possibilidade de cortes de juros, e os rendimentos dos títulos de 2 anos do Tesouro dos EUA entraram em queda. Isso reforça um clima de cautela nos mercados financeiros, enquanto moedas consideradas seguras, como o franco suíço, ganham força.
No ambiente interno do Bitcoin, o comportamento dos grandes investidores também chama atenção. O indicador Realized Cap de detentores de longo prazo caiu de US$57 bilhões para apenas US$3,5 bilhões, sugerindo que parte desses players está realizando lucros diante das incertezas.
Ainda assim, o apetite institucional não dá sinais de arrefecimento. ETFs de Bitcoin nos EUA receberam US$1,48 bilhão em aportes apenas nesta semana, totalizando quase US$50 bilhões em entradas desde o lançamento dos produtos. O fundo da BlackRock lidera, acumulando mais de 9.400 BTC só nos últimos dias. Já a Fidelity aparece em segundo, com US$11,7 bilhões investidos.
Esse fluxo robusto ajudou a impulsionar o preço do BTC em quase 10% desde o início da semana e levou a dominância do ativo para 65,7%, o maior patamar em quatro anos. Analistas esperam que esse movimento se estenda até 71% nas próximas semanas, embora o mercado raramente atenda exatamente às expectativas mais populares.