Bitcoin testa suportes e o mercado luta entre volatilidade e resistência

O mercado de criptomoedas iniciou a semana com sinais mistos, refletindo o embate entre compradores cautelosos e vendedores impacientes. Enquanto algumas altcoins mantiveram ganhos pontuais, o Bitcoin (BTC) e o Ethereum (ETH) enfrentaram resistência em níveis técnicos cruciais, ampliando o clima de incerteza. No entanto, o sentimento ainda oscila dentro de um intervalo neutro, sem gatilhos claros para movimentos expressivos.

Consolidação marca o comportamento do Bitcoin

Nesta terça-feira (28), o Bitcoin recuou 0,9%, sendo negociado a cerca de US$ 114.453. O movimento reforçou a dificuldade do ativo em superar a região de US$ 117 mil, uma resistência que, segundo analistas, define o ponto de virada de curto prazo. Guilherme Prado, country manager da Bitget no Brasil, destacou que o rompimento desse nível “poderia abrir espaço para um novo movimento de alta em direção aos US$ 120 mil ou além”.

Por outro lado, o suporte entre US$ 108 mil e US$ 110 mil segue como zona-chave de defesa para os investidores otimistas. De acordo com o especialista, a região representa o piso técnico que mantém o BTC dentro de um ciclo de consolidação saudável. Assim, o mercado permanece em compasso de espera, à medida que o ativo acumula energia entre as médias móveis de 100 e 200 dias.

 Fonte: TradingView

O Standard Chartered, que recentemente previa quedas abaixo de US$ 100 mil, revisou sua análise e agora afirma que o Bitcoin “não deve mais perder o suporte psicológico dos seis dígitos”. Essa mudança reforça a percepção de que o ativo atravessa uma fase de estabilização antes de definir sua próxima tendência estrutural.

Oscilação técnica e influência macroeconômica

Apesar da recente recuperação, o Bitcoin ainda não conseguiu sustentar ganhos consistentes. O ativo chegou a romper brevemente os US$ 116 mil no início da semana, mas perdeu força rapidamente e recuou até US$ 113.500, região que coincide com uma lacuna aberta na CME durante o fim de semana.

Parte dessa volatilidade decorre da expectativa pela decisão de juros do Federal Reserve, marcada para 29 de outubro. Além disso, há atenção à reunião virtual da mineradora Core Scientific (CORZ) no dia 30, que votará uma potencial fusão com a CoreWeave (CRWV). Esses dois eventos podem redefinir o apetite por risco e determinar se o BTC rompe sua resistência ou retoma o canal lateral.

Do ponto de vista técnico, o candle de rejeição formado próximo à média móvel de 100 dias reforça a pressão de venda vinda dos detentores de curto prazo. Caso o ativo não consiga sustentar níveis acima de US$ 114 mil, corre o risco de testar novamente a faixa entre US$ 108 mil e US$ 105 mil, onde estão as ordens de compra de maior volume.

Altcoins oscilam entre ganhos pontuais e forte correção

Enquanto o Bitcoin tenta se firmar, as altcoins mostraram performances contrastantes. No Top 10, apenas a XRP (+1,5%) e a Solana (+0,2%) registraram altas relevantes. A BNB teve queda de 1,6% e foi o destaque negativo do dia. Já no Top 100, o token FIGR disparou quase 40%, e o HBAR, da Hedera, saltou 16%, impulsionado por notícias sobre o mercado de ETFs nos Estados Unidos.

Por outro lado, PI e ENA lideraram as quedas, com desvalorizações de 7,6% e 4,3%, respectivamente. O token de privacidade ZEC, que recentemente acumulava altas expressivas, corrigiu 8% nas últimas 24 horas. Entre as de melhor desempenho, também se destacaram TRUMP (+12%), TAO (+10%) e PUMP (+10%), confirmando que o apetite especulativo ainda persiste em nichos específicos.

O valor total do mercado de criptomoedas caiu cerca de US$ 50 bilhões desde o pico recente, retornando para a faixa de US$ 3,95 trilhões. No entanto, o cenário ainda é considerado saudável por analistas, já que as correções são interpretadas como “respiro técnico” após semanas de rali.

Perspectivas para o fim de outubro

Com a aproximação do fechamento mensal, o mercado se concentra na zona de decisão entre US$ 110 mil e US$ 117 mil. Um rompimento sustentado acima dessa faixa confirmaria a retomada da força compradora e poderia levar o Bitcoin a novas máximas de curto prazo, possivelmente em direção a US$ 120 mil ou US$ 122 mil.

Entretanto, se o ativo recuar para baixo dos US$ 108 mil, a leitura predominante será de enfraquecimento temporário. Nesse caso, o suporte psicológico de US$ 100 mil voltaria ao radar dos traders como base de contenção.

O comportamento das altcoins continuará dependente do movimento do BTC, que segue sendo o termômetro do apetite global por risco digital. Assim, enquanto o Bitcoin hesita, o mercado de criptoativos permanece em modo de observação — oscilando entre otimismo cauteloso e ajustes técnicos necessários para o próximo grande movimento.