BlackRock lidera corrida bilionária aos ETFs de Bitcoin em meio a busca global por refúgio financeiro

Investidores institucionais despejam bilhões em ativos digitais, impulsionados por temores econômicos e otimismo com Bitcoin e Ethereum.
O apetite institucional por ativos digitais voltou com força total. Na última semana, os fundos de investimento em criptomoedas registraram US$ 3,4 bilhões em entradas líquidas — o terceiro maior valor semanal da história, segundo a CoinShares. O destaque absoluto foi o Bitcoin, que sozinho atraiu US$ 3,18 bilhões, consolidando seu papel como porto seguro em tempos de instabilidade econômica e de queda do dólar.
Grande parte desse desempenho foi impulsionada pelo iShares Bitcoin Trust (IBIT), da BlackRock, que em 28 de abril registrou US$ 970,9 milhões em entradas — sua segunda maior marca desde o lançamento e a maior em quase seis meses. Esse valor isolado foi responsável por manter os ETFs de BTC no território positivo no dia, já que outros produtos como os da Fidelity, Bitwise, Ark e Grayscale fecharam no vermelho.
Com isso, o patrimônio sob gestão do IBIT ultrapassou US$ 42 bilhões, consolidando o fundo como o maior do setor. Desde sua estreia em janeiro de 2024, o IBIT tem mantido uma média impressionante de US$ 130 milhões em entradas diárias.
Os ETFs de Bitcoin à vista, que vinham sofrendo saídas após o agravamento das tensões comerciais globais provocadas pelas tarifas do governo Trump, engataram agora uma sequência de sete dias consecutivos de entradas líquidas, acumulando mais de US$ 3,7 bilhões nesse período.
A demanda por ativos digitais não se limita ao Bitcoin. Os ETFs de Ethereum também ensaiam uma recuperação após oito semanas de retração. Apenas nos últimos três dias úteis (24, 25 e 28 de abril), os fundos baseados em ETH registraram US$ 231,7 milhões em entradas líquidas, com o ETF ETHA, também da BlackRock, liderando esse movimento.
Além de BTC e ETH, outros ativos como XRP e Sui também atraíram investidores. Já Solana foi a exceção, com saídas semanais de US$ 5,7 milhões, elevando seu saldo mensal negativo para quase US$ 14 milhões.
Geograficamente, os EUA lideraram as entradas com US$ 3,3 bilhões, seguidos por Alemanha (US$ 51,5 milhões) e Suíça (US$ 41,4 milhões). Outros países como Austrália, Suécia e Hong Kong também registraram fluxos positivos, enquanto Canadá e Brasil observaram pequenas saídas.
O cenário reforça uma mudança importante no perfil do investidor de cripto. Como destacou Eric Balchunas, da Bloomberg, os ETFs parecem ter entrado em um “modo de dois passos à frente após um passo atrás”, refletindo um padrão de amadurecimento e resiliência. A crescente adesão de instituições, empresas e até governos sinaliza que os ativos digitais estão deixando de ser vistos como apostas especulativas para ocupar um espaço estratégico em portfólios de longo prazo.
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