Brasil acelera a tokenização e a liderança em finanças digitais

Brasil acelera a tokenização e lidera a integração entre blockchain, regulação e inovação financeira. Impulsionado pela atuação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pelo avanço das fintechs e pela adoção de infraestrutura em blockchain, o país vem consolidando uma das agendas mais ousadas de integração entre o sistema tradicional e o universo on-chain. Além disso, novas operações, como as realizadas pela VERT Capital em parceria com a Ripple, mostram que a tokenização já é uma realidade em escala institucional.
Regulação e crescimento sob a ótica da CVM
De acordo com dados recentes da CVM, as emissões via plataformas de crowdfunding cresceram 148% entre janeiro e setembro de 2025. O número de ofertas subiu de 253 para 629 no período. O volume financeiro quadruplicou, alcançando R$ 3,1 bilhões, reflexo direto do impacto da tokenização.
Esse avanço decorre também do uso crescente de tecnologias distribuídas em captações reguladas. Além disso, a autarquia colocou em consulta pública uma atualização da Resolução CVM 88, ampliando o escopo das ofertas tokenizadas e integrando novas categorias de emissores. A proposta prevê maior conexão entre plataformas e intermediários, aumento dos limites de captação e inclusão de securitizadoras, cooperativas e produtores rurais.
Essas mudanças reforçam o movimento da CVM em direção à digitalização dos valores mobiliários. O crowdfunding, portanto, deixa de ser um canal alternativo e passa a ocupar papel estratégico na infraestrutura de mercado. Assim, a tokenização surge como o elo que conecta inovação, regulação e democratização do investimento.
O boletim econômico da CVM destacou também o crescimento de 13,9% nas emissões de Fundos Imobiliários (FIIs), que atingiram R$ 68,8 bilhões. Já os Fundos de Direitos Creditórios (FIDCs) registraram alta de 8,6%, somando R$ 97,9 bilhões. Por outro lado, os ativos de renda fixa tiveram leve retração, reflexo do ambiente de juros ainda elevados. No total, o valor regulado pelo órgão chegou a R$ 46,3 trilhões, consolidando um mercado de capitais mais digital e robusto.
VERT e Ripple impulsionam crédito tokenizado
A consolidação da tokenização no Brasil ganhou novo marco com a segunda operação on-chain da VERT Capital. O processo foi realizado no XRP Ledger (XRPL) e em sua EVM Sidechain, em parceria com a Ripple. O caso simboliza a maturidade da infraestrutura financeira nacional e demonstra como o blockchain se integra ao mercado regulado.
Essa emissão representa o primeiro FIDC tokenizado do país lastreado em recebíveis de aposentadorias públicas do INSS. Trata-se de uma classe de crédito de baixo risco e alta previsibilidade. O fundo já acumula mais de R$ 200 milhões em patrimônio líquido e deve atingir R$ 1 bilhão até o fim de 2025, acompanhando o aumento da demanda institucional.
Por meio do uso de blockchain, todos os eventos de ciclo de vida, pagamentos e auditorias são registrados de forma transparente. Além disso, a operação introduziu o VERT Sign, sistema de assinatura digital baseado em blockchain que automatiza a cessão de recebíveis. Assim, a integração da plataforma ao ecossistema regulatório brasileiro garante conformidade com as normas da CVM e do Banco Central.
De acordo com Silvio Pegado, diretor-geral da Ripple para a América Latina, “o Brasil está provando que regulação e inovação podem caminhar lado a lado”. Essa sinergia entre infraestrutura blockchain e finanças reguladas posiciona o país como referência global em interoperabilidade e segurança jurídica.
Tokenização democratiza o acesso e redefine investimentos
O avanço da tokenização vai além do crédito estruturado. Ele representa uma transformação na forma como o valor é percebido e circula na economia. Tokenizar um ativo significa transformá-lo em uma representação digital registrada em blockchain. Essa estrutura permite dividir a propriedade de um bem em partes menores, acessíveis e negociáveis.
Com isso, investidores podem adquirir frações de imóveis, fundos ou projetos agrícolas sem precisar de grandes aportes. Essa dinâmica democratiza o acesso ao mercado financeiro e amplia as oportunidades. Além disso, a liquidez e a rastreabilidade da tecnologia reduzem custos e aumentam a transparência.
No Brasil, o ambiente regulatório favorável, somado à popularização do Pix e ao avanço das fintechs, criou as bases ideais para essa nova etapa. Segundo analistas, o próximo passo será a expansão dos ativos reais tokenizados (RWA) em escala institucional. Assim, o país conectará definitivamente o sistema financeiro tradicional às finanças descentralizadas (DeFi).
Empresas como o Braza Bank avançam nesse sentido. O banco integra blockchain, stablecoins e câmbio inteligente em sua infraestrutura. Ele lançou as moedas digitais BBRL, lastreada em real, e USDB, atrelada ao dólar, criando o alicerce para a negociação global de ativos tokenizados.
Um novo capítulo para as finanças brasileiras
A soma desses movimentos — regulação moderna, infraestrutura blockchain e adesão institucional — coloca o Brasil entre os líderes mundiais em tokenização. O país atua como modelo para outros mercados emergentes, equilibrando inovação com responsabilidade regulatória.
À medida que a tokenização se expande, o Brasil deixa de ser apenas observador e assume o papel de protagonista na transição global para as finanças digitais.