Adolescente brasileiro de escola pública vence maratona de hackers do ETHBogotá, na Colômbia

Educar+

Victor Garcia passou 36 horas programando, o adolescente é autodidata, sabe mais de cinco linguagens de programação e foi apoiado pela ONG Educar+

O Adolescente Victor Garcia, de 15 anos, da Zona Leste de São Paulo, foi um dos vencedores do Hackathon do ETHBogotá, na Colômbia. Concorrendo com outros 900 hackers, a equipe do Victor, composta por outros quatro brasileiros, levou o prêmio ao desenvolver uma plataforma gamificada de incentivo à leitura onde, em uma espécie de read to earn, o usuário é recompensado em tokens por cada livro ou página lida.

O resultado veio no domingo após uma intensa maratona de 36 horas seguidas de programação e desenvolvimento, no último dia de evento. Esse foi o primeiro hackathon do ETHGlobal na Colômbia e a segunda maratona de hackers que Victor participa. A primeira também foi promovida pela rede Ethereum urante o Ethereum São Paulo, onde conheceu Carol Santos e a ONG Educar+, responsável por tornar o sonho do menino realidade.

O ETHBogotá foi o primeiro evento da semana de eventos da rede Ethereum na Colômbia, em um total de nove dias, seguido de ETHLatam e DEVCON. A equipe do Victor foi uma das 5 equipes premiadas pela Chainlink e recebeu o valor de US$ 1 mil.

Os caminhos do Educar+ e Victor se cruzaram durante o seu primeiro Hackathon. Ao conhecer a história do jovem programador, autodidata e de escola pública, Carol Santos, CEO da ONG que leva educação e web 3.0 para comunidade do Complexo do Chapadão, no Rio de Janeiro, observou que tudo o que ele precisava era de oportunidade.

Quando conheci a história do Victor, vi um menino de extremo potencial que estava sendo desperdiçado por falta de oportunidades. No primeiro momento acionei todos da minha rede e principalmente da web3 compartilhei sua história, foi o suficiente.

Com ajuda da ponte feita pelo Educar+ Victor saiu do ETH SP com duas propostas de emprego. Em menos de 24 horas uma vaquinha organizada por França, um amigo da ONG, arrecadou o suficiente para custear a viagem e estadia do Victor na Colômbia.

Carol Santos, CEO do Educar+ explica a importância que as comunidades têm para se fazer a diferença na vida de alguém e do terceiro setor “Nós não teríamos conseguido vencer uma maratona de hackers internacional sem a ajuda da comunidade, não adiantaria termos conseguido os ingressos para o Hackathon em Bogotá se ele não tivesse como se manter ou chegar até lá” Com o apoio da Play4Change, Carol pode acompanhar Victor nessa viagem e fazer parte de sua equipe.

O Educar+ é uma ONG da Favela do Final Feliz, no Complexo do Chapadão, no Rio de Janeiro, e leva como missão transformar a vida de crianças e adolescentes através da cultura, tecnologia e educação

O Educar +

Na intenção de facilitar o acesso à leitura dentro da favela do Final Feliz onde morava e vive até hoje, no Complexo do Chapadão, em 2017, com a ajuda de amigos e vizinhos, Carol dos Santos construiu um pequeno acervo com livros doados dando início as rodas de leituras mensais que aconteciam num espaço cedido por uma igreja local. Com o início das atividades, um déficit presente na maioria das comunidades do Rio de Janeiro foi percebido: as crianças não sabiam ler.

No Brasil 11 milhões de pessoas são analfabetas. Das crianças de 6 a 7 anos de idade, 40% ainda não haviam sido alfabetizadas em 2021, de acordo com o IBGE. Entre as crianças pretas, maioria nas favelas do Rio de Janeiro, o número aumenta: 47,7%. Percebendo que não adiantaria mais livros enquanto as crianças não soubessem como usá-los, o Educar + precisou deixar de ser apenas um espaço de leitura para se tornar, também, um local de aprendizagem.

66% das famílias atendidas pelo Educar + são compostas por mães solos; 87% das famílias se declaram negras ou pardas e 42% das crianças, tem dificuldade de leitura.

A partir disso o projeto passou a implementar programas de alfabetização, cultura e incentivo à leitura, com a ajuda de livros e materiais doados. O processo foi longo, árduo e só se tornou o que é hoje através da persistência, das doações e do voluntariado. O Complexo do Chapadão é um dos conjuntos de favelas mais afastados do Rio de Janeiro quase na divisa com a Baixada Fluminense, o que logisticamente não é bom, pois está longe das áreas de alta visibilidade.

Com uma equipe de voluntários formada por sonhadores que acreditam que a educação pode transformar realidades, em 2019, o projeto participou de uma mentoria que os permitiu comprar o espaço e em 2021, participou do programa do Luciano Hulk que possibilitou a reforma do local. Hoje o Educar+ trabalha em sua sede própria e tem em sua grade aulas que vão desde a Alfabetização até o Web3F.avela, que é o seu programa de educação sobre web3 para jovens periféricos.

O Educar + trabalha com base em três pilares fundamentais que norteiam tudo o que chega às crianças através do projeto: educação, cultura e tecnologia.

Projetos educacionais e culturais

Alfabetização

Contribuir para o processo de alfabetização de crianças e adolescentes, em complemento à escola.

Game Nós.juntos

Incentivar a leitura e gerar autonomia no processo de aprendizagem gamificada, encorajando para entenderem suas potencialidades e busquem os seus sonhos. Em parceria com a Muda e Outras Economias

Formação de Audiovisual

Desenvolver o potencial criativo das crianças e adolescentes periféricos através da produção audiovisual para expressão e comunicação, aproximando-os também da linguagem artística do cinema. Em parceria com Cinelab Infantil.

Oficina de Desenho

A oficina de desenho tem por objetivo o ensino de processos artísticos por meio do estímulo à criatividade e à prática do manuseio do lápis e papel.

LiteraMundo

Desenvolver o comportamento leitor em crianças e adolescentes, por meio do contato direto com obras literárias e conteúdos audiovisuais de cunho literário no espaço da Biblioteca Universo.

Capoeira

Tem como objetivo inserir a capoeira como luta, arte e cultura, proporcionando uma formação integral das crianças e adolescentes.

Projetos Tecnológicos

Projeto Era Digital

O projeto foi desenvolvido para promover inclusão digital, focando no ensino de informática, proporcionando desenvolvimento pessoal, melhoria no currículo estudantil e profissional, com foco no auxílio da educação e incentivo à cultura digital.

Web3 F.avela

Programa de educação sobre Web3 para jovens periféricos, visando oportunizar transformação social através da tecnologia blockchain.

• Bolsa de estudos ” Ganhe para estudar” em cripto;
• Parcerias para formação em programação;
• Ser ponte para artísticas para inserção no universo dosnfts;
• Geração de renda através de jogos que utilizam o blockchain. Em processo de implementação.

Dentro do pilar de tecnologia, havia também o Projeto EducaDAO – Renda Básica, que baseado em projetos como o Bolsa Família, incentiva as crianças a participar de atividades extracurriculares através de doações de criptomoedas, contribuindo para a diminuição da evasão. Mas infelizmente o projeto ainda não foi pra frente por falta de recursos.

Através dos programas desenvolvidos, do esforço e persistência das pessoas que fazem o projeto junto da Carol e dos poucos parceiros e apoiadores, o Educar + chegou a resultados concretos. Só no último ano, eles: iniciaram o Programa Axie, com jovens maiores de 18 anos em parceria com a Play4Change, inauguraram a Biblioteca Comunitária Universo e produziram um curta metragem. O espaço do projeto se mantém aberto todos os dias para empréstimo de livros e uso agendado da sala multimídia, além das aulas em sua grade de programação.

Educar + e Web 3

O projeto foi recebido com aplausos pelo mercado cripto e comunidade por sua iniciativa com a Web3 marcando presença em eventos como o Ethereum Rio, NFT Rio, onde lançou sua coleção de NFTs e também no BlockchaIn Rio em setembro, para onde o Educar + levará um ônibus com as crianças.

Seu trabalho Web 3 mais recente é em parceria com a Play 4 change, o Metaverso Chapadão, que apresentou o que era metaverso as crianças do projeto e cada uma pode criar sua própria NFT, as NFTs ainda estão à venda na plataforma do Bitcoin. Você pode adquirir o Metaverso Com Muitas Brincadeiras, do artista Marcos Pedro; o Metadoce: o Mundo dos Doces, da artista Ana Bela; ou o Metaverso Colorido e Divertido, da artista Rebeca Maria e entre outros.

Carol dos Santos sempre leva a importância de projetos sociais para a democratização efetiva das novas tecnologias e busca apoiadores para que o projeto consiga se sustentar, uma das suas maiores dificuldades atualmente.

O Educar + atende 100 crianças e jovens a partir dos 06 anos de idade das favelas do Final Feliz, Parque Esperança e Criança. O projeto já tem lista de espera para o próximo ano, mas depende da ampliação do espaço e verba para aumentar sua capacidade sem deixar de oferecer um ensino de qualidade.

Olhar o projeto estruturado pode parecer fácil, mas não é. Carol costuma dizer que foi trabalho de formiga, aos poucos e em equipe: “Começamos com uma roda de leitura mensal dentro de uma igreja, passamos a alfabetizar as crianças e só em 2021 conseguimos implementar tecnologia”.

Há persistência, esforço, um caminho longo percorrido a passos curtos mas assertivos desde 2017, trabalho em equipe, ajuda e também necessidade. Para as crianças que fazem parte do projeto, a existência do Educar + é necessária. Existe também a vontade de fazer pelos seus e de fazer mais, pois ainda há metas a bater.

Em 2022 o Educar + quer:

• Conseguir sustentabilidade financeira dos projetos de educação e cultura;
• Atender mais de 200 crianças, adolescentes e jovens com atividades educativas, culturais e tecnológicas;
• Emprestar mais de 2000 de livros para comunidade;
• Expandir o impacto do Web3F.avela;
• Finalizar a implementação do programa EducaDAO – Renda Básica.

Carol do Santos

Carol dos Santos tem 24 anos e é a irmã mais velha de cinco irmãos. Até os dez anos de idade viveu sem saneamento básico e sem expectativas sobre seu futuro, vendo sua comunidade se afundar em violência e desigualdade criou o Educar +.

Tendo sido uma criança que cresceu fazendo parte de projetos sociais, Carol dos Santos queria poder fazer pelas crianças de sua comunidade o que fizeram por ela na infância.

“Tudo mudou, quando acreditaram em mim. Hoje, sou pedagoga, pesquisadora, casada e educadora popular. Por isso, hoje, eu acredito em cada uma das crianças que fazem parte do projeto e faço questão de que elas saibam disso para que mais para frente eles possam ser o que quiserem ser”

O Educar+

O Educar+, é uma ONG que leva educação, cultura e tecnologia para dentro das comunidades e é referência em inclusão na Web 3.0. Ela tem sua sede localizada no Complexo do Chapadão, no Rio de Janeiro, dentro da favela do Final Feliz e tem aulas todos os dias desde a alfabetização até a Introdução na Web 3.0.

Foto de Washington Leite
Foto de Washington Leite O autor:

Formado em Administração de Empresas, sou entusiasta da tecnologia e fascinado pelo mundo das criptomoedas, me aventuro no mundo do trade, sendo um eterno aluno. Bitcoin: The money of the future