Bruce Schneier: A promessa de segurança oferecida pelo Blockchain é falsa

A tecnologia supostamente negligencia a confiança residual em sistemas de governança humana e a falibilidade da própria tecnologia

Por meio de um artigo de opinião publicado nesta quarta-feira pela revista online Wired, Bruce Schneier levantou críticas à promessa de novas estruturas de confiança baseadas na tecnologia blockchain.

De acordo com Schneier, em sistemas blockchain a confiança é deslocada, principalmente em instituições e convenções sociais. Segundo ele, tal tecnominimalismo negligencia tanto a confiança residual em sistemas tecnológicos de governança humana, como a frequente falibilidade da própria tecnologia.

A opinião do autor sobre a confiança é que ela pode ser dividida em quatro elementos: moral, reputação, regulamentos/lei, e sistemas de segurança (mecânicos, tecnológicos ou sistemas de auditoria e forense).

O artigo de Schneier omite blockchains autorizados, focando apenas em blockchains públicos. De acordo com ele, estes pretendem deslocar explicitamente a confiança institucional e social na tecnologia, escondendo ainda elementos sociais de confiança.

Sobre a tecnologia, o autor afirma que protocolos, cripto, software, etc, “frequentemennte (representam) pontos únicos de falha”, como casos de hack  em exchanges, ou quando o código de um smart contract é escutado. Assimilando que apenas experts podem auditar o complexo código, tais sistemas antitrust blockchain exigem a confiança absoluta dos usuários, afirma ele.

Schneier alega que há sempre uma necessidade residual de um sistema externo de governança para questões não podem ser resolvidas apenas por meio da tecnologia, como realizar alterações em determinado protocolo. Tal situação, afirma ele, preserva necessariamente um elemento humano, híbrido, portanto, baseado na confiança.

O autor acrescentou ainda o papel inevitável da reputação na determinação das plataformas e ferramentas utilizadas para interagir com a tecnologia, ou seja, qual exchange ou wallet é utilizada. De acordo com ele, empresas e pessoas sempre irão confiar e avaliar sistemas por razões sociais.

“Por exemplo, algumas companhias (de cadeias de suprimento) não confiam no sistema do IBM/Maersk pois não é seu blockchain. Irracional? Talvez, mas é assim que funciona a confiança. Não pode ser substituída por algoritmos e protocolos. É muito mais social que isso.”

Concluindo seu artigo, Schneier aponta o grau de centralização que assola blockchains em mineração, esfera dominada por figuras ricas em hardware, comprometendo a natureza supostamente distribuída do sistema.

De acordo com um relatório publicado hoje, 6 de fevereiro de 2019, a mineração de Bitcoin se tornou cada vez mais descentralizada ao longo dos últimos 5 anos, promovendo competitividade e tornando a moeda menos vulnerável a ataques.

FONTE: COINTELEGRAPH

Foto de Beatriz Orlandeli
Foto de Beatriz Orlandeli O autor:

Simpatizante das criptomoedas, após cursar Arquitetura e Urbanismo, reavivou um antigo gosto pela escrita e atualmente trabalha como redatora do WeBitcoin.