Caso MinerWorld: Após meses de inatividade, exchange de criptomoedas BitOfertas libera saques

Estaria a investigação chegando a um ponto conclusivo?

Ontem (11 de outubro) a equipe da BitOfertasExchange de criptomoedas vinculada à rede de marketing multinível MinerWorld, deu o primeiro indício de atividade após meses, por meio de um comunicado oficial enviado por email aos usuários.

De acordo com o informativo, aqueles que possuírem Bitcoins custodiados na plataforma devem transferir o valor para outra carteira digital de preferência, pois segundo um cronograma apresentado, em dezembro a Exchange realizará o “desligamento provisório dos servidores”.

Ainda segundo o email, os detentores de valores em reais, assim como aqueles que tiverem problemas com saques não processados, devem imprimir a “comprovação de saldo/saque de suas contas” para que possam “proceder à apresentação de pedido judicial da liberação dos valores (…) bloqueados por determinação judicial do Poder Judiciário do Mato Grosso do Sul”.

BitOfertas exchange de criptomoedas MinerWorld email webitcoin.jpg

Aparentemente, os informativos por email serão ocorrências mensais até o eventual desligamento em dezembro.

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Entenda o caso MinerWolrd

Como citado anteriormente, a exchange de criptomoedas BitOfertas está fortemente vinculada à MinerWorld, visto que ambas empresas apresentam Cícero Saad e Johnnes Carvalho em sua direção.

A MinerWorld é uma mineradora de Bitcoin que trabalha com marketing multinível, prometendo aos investidores 100% de lucro do capital investido em 12 meses.

A proposta rapidamente atraiu indivíduos de todo o Brasil, fazendo com que a empresa crescesse níveis absurdos em pouquíssimo período de tempo.

Entretanto, a companhia passou a chamar atenção por ser caracterizada por muitos como pirâmide financeira.

De acordo com relatos, a empresa atuou quase 2 anos no mercado sem apresentar qualquer resquício fiscal de máquinas de mineração aos afiliados.

Após indagações, a Miner declarou possuir um pool de mineração no Paraguai, que só foi apresentado oficialmente aos investidores no início deste ano (2018), meses após a companhia começar a ser investigada pela polícia paraguaia por abertura de uma empresa de fachada.

Em setembro de 2017 a diretoria da MinerWorld declarou por meio das redes sociais que possuía um aval da Comissão Nacional de Valores (CNV) do Paraguai para atuar no mercado financeiro nacional.

Porém a CNV contestou a afirmação, alertando ainda que operar sem a permissão poderia acarretar em penas de prisão e multa.

Para maiores detalhes sobre o caso MinerWorld, leia: Suspeita de Pirâmide Financeira, Minerworld lança novo sistema de Captação de Pessoas, nova Moeda e Plano de Quitação

Atrasos e Poloniex

O serviço prestado pela empresa ocorria sem muitos problemas até outubro de 2017, quando os afiliados passaram a se incomodar com alguns problemas relacionados ao pagamento.

O atraso nos saques semanais, ajustes unilaterais nos contratos e a criação  de uma nova plataforma de trabalho (Miner360) não agradou os investidores.

Para coroar a situação, em dezembro de 2017 a diretoria da empresa informou ter sofrido um ataque hacker em sua conta na plataforma Poloniex, afirmando que 1500 Bitcoins haviam sido congelados.

De acordo com a Miner, esta seria a razão por trás dos empecilhos  financeiros. Supostamente, a empresa não divulgou o ocorrido antes para evitar problemas com a mídia.

Segundo a diretoria, a empresa abriu um processo contra a Poloniex procurando reaver o valor congelado.

Percebendo certa agitação da parte dos afiliados, em abril a companhia apresentou supostos dados de seus ativos à imprensa. Entretanto, a quantidade de moedas apresentada não era compatível com a quantidade “congelada”, caindo de 1500 para 851 Bitcoins.

Deixando tudo ainda mais suspeito, a Poloniex não chegou a se pronunciar sobre o ocorrido no período do incidente.

Muitos investidores ficaram revoltados com os acontecimentos, levantando ainda mais as suspeitas de uma pirâmide financeira.

MCash, GAECO e Comunichain

Como tentativa de amenizar os problemas recorrentes, o CEO da MinerWorld, Cícero Saad, decidiu desenvolver uma nova criptomoeda: o MCash.

De acordo com Cícero, a moeda seria utilizada principalmente dentro da plataforma da empresa como nova forma de pagamento aos afiliados.

Entretanto, muitos afirmam que o ativo foi criado e distribuído sem White Paper, documento contendo detalhes dos pormenores da moeda, que foi oficialmente lançada em março deste ano durante em evento em Zurique, na Suíça.

Durante o evento, a empresa emitiu o suposto White Paper da criptomoeda, que foi considerado incompleto por diversos especialistas, além de apresentar pretenções que nenhum outro ativo foi capaz de atingir: envio instantâneo e a ausência de taxa de transação.

Para tornar tudo ainda mais suspeito, a moeda não apareceu na listagem do CoinMarketCap, uma das plataformas mais confiáveis atualmente.

Após o lançamento, os afiliados passaram a receber o bônus do marketing em MCash, além de que 50% do valor dos novos cadastros deveria ser pago utilizando a moeda.

A situação se tornou ainda mais tensa em abril, quando a empresa passou a ser investigada pelo GAECO (Grupo de Atuação Especial em Combate ao Crime Organizado) por suspeita de crime contra a economia popular.

Mandados de busca e apreensão foram emitidos e cumpridos na sede da MinerWorld, BitOfertas, e nas residências do CEO Cícero Saad e Johnnes Carvalho.

Desde então, as plataformas estavam inativas, detendo o capital de todos os investidores.

Nesta época foi criada a Comunichain, uma organização criada por “Miners” com o intuito de fornecer ajuda mútua entre os afiliados da empresa. A comunidade pretende auxiliar na continuação do projeto MinerWorld, buscando atingir um propósito que beneficie o bem comum.

Com o comunicado emitido pela Exchange de criptomoedas BitOfertas (o primeiro sinal de atividade recebido em meses), a equipe do WeBitcoin entrou em contato com a Comunichain buscando algum posicionamento ou informações sobre o assunto.

Entretanto, a organização se recusou a comentar o tópico, declarando que se pronuncia apenas por lives e boletins.

Para muitos, o comunicado talvez possa indicar que as investigações em torno da mineradora estão chegando a um ponto conclusivo.

Casos como o da MinerWorld ocorrem com cada vez mais frequência graças ao rápido crescimento e a procura cada vez maior pelas criptomoedas,

Nesta quinta-feira, a equipe do WeBitcoin publicou uma matéria sobre o incidente da XGoCoin, que está há mais de 10 dias sem realizar os devidos pagamentos aos afiliados.

Leia mais: Regulador americano processa companhia ICO por fraudar aprovação da SEC

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Foto de Washington Leite O autor:

Formado em Administração de Empresas, sou entusiasta da tecnologia e fascinado pelo mundo das criptomoedas, me aventuro no mundo do trade, sendo um eterno aluno. Bitcoin: The money of the future