China corresponde atualmente a 70% das exportações de petróleo do Brasil

Com aumento nas remessas para o exterior, China agora é o destino de 70% das exportações de petróleo do Brasil

O Brasil aumentou as exportações de petróleo para a Ásia no primeiro semestre do ano, roubando uma fatia de um mercado em desenvolvimento cobiçado dos rivais globais que fizeram cortes recordes nos embarques para acompanhar a queda sem precedentes na demanda causada pela pandemia de coronavírus.

O aumento reflete a crescente influência do Brasil entre os produtores globais de petróleo, à medida que seus enormes projetos offshore ficam online. O Brasil deverá entregar um dos maiores aumentos à oferta global nos próximos cinco anos de países fora da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), de acordo com a Agência Internacional de Energia.

A Petrobras ofereceu às refinarias asiáticas acordos competitivos em petróleo de qualidade relativamente alta, assim como a China e outros países da região reabriram suas economias e os países ocidentais entraram em lockdowns para conter a propagação do coronavírus.

A China também aproveitou os preços mais baixos do petróleo em décadas para abastecer o armazenamento estratégico. ”Se tivéssemos mais petróleo disponível, a China o compraria”, disse à Reuters o presidente-executivo da Petrobras, Roberto Castello Branco, em uma resposta por escrito às perguntas.

Castello Branco disse que não há mais para vender para impulsionar ainda mais as exportações, porque a demanda no Brasil está se recuperando.

A China agora é o destino de 70% das exportações do país, disse a Petrobras em comunicado à Reuters.

A Ásia importou uma média de 1,07 milhão de barris por dia de petróleo do Brasil no primeiro semestre do ano, uma alta de 30% em relação ao ano anterior, de acordo com dados de fluxos comerciais da Refinitiv Eikon.

Um recorde de 1,62 milhão de bpd de petróleo brasileiro chegou aos portos asiáticos em junho, quase o triplo do volume em junho de 2019, segundo os dados.

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As refinarias asiáticas estavam ansiosas pelo óleo com baixo teor de enxofre que o Brasil vende, pois procuravam cumprir as novas regulamentações marítimas para abastecer os navios com combustível mais limpo. O petróleo é proveniente dos prolíficos depósitos offshore no Brasil, conhecidos como campos do pré-sal, que a Petrobras e as principais empresas de petróleo estão gastando centenas de bilhões de dólares em desenvolvimento.

Isso ofereceu à Petrobras a oportunidade de aumentar seu mercado, mesmo quando a OPEP e seus aliados, conhecidos coletivamente como OPEP +, cortaram os suprimentos em um recorde de 9,7 milhões de bpd.

A Petrobras está confiante de que a qualidade de seu petróleo permitirá defender sua maior participação de mercado na Ásia, mesmo quando os produtores globais começarem a bombear mais petróleo.

“Havia uma estratégia bem planejada para expandir as vendas de petróleo no mercado asiático”, disse a empresa. “Mesmo que a OPEP + restaure os níveis de produção, acreditamos que isso terá pouco impacto nas exportações”.

O aumento das exportações também significou que a Petrobras não precisou arrendar navios-tanque apenas para armazenar petróleo, uma opção onerosa que os rivais em todo o mundo foram obrigados a tomar à medida que a demanda despencou durante os lockdowns e as refinarias não queriam mais seu petróleo.

A ascensão do Brasil ocorreu quando produtores rivais da América Latina cederam terreno. As importações de petróleo da Venezuela para a Ásia foram atingidas por sanções e caíram 35% no mesmo período, enquanto as compras do México caíram 9,5%, mostraram os dados.

O petróleo do Brasil também deslocou alguns suprimentos da África Ocidental na China e na Índia, segundo dados desses países.

A recuperação do consumo nos últimos meses no Brasil está deixando menos petróleo para exportação, portanto, as vendas internacionais podem não subir mais no segundo semestre do ano.

“A China deve parar de reconstruir os estoques de petróleo nos próximos meses e a demanda de combustível no Brasil se recuperará”, disse Marcelo de Assis, diretor de Pesquisa Upstream da América Latina.

Fonte: Reuters

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Foto de Marcelo Roncate O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.