Como é a adoção de criptomoedas na Argentina vista de dentro?
Efrain Pineda, COO da EOS Venezuela, fala sobre a adoção de criptomoedas na Argentina
A Argentina tem apresentado diversos desenvolvimentos na cripto esfera, muitos deles a nível governamental.
Changpeng Zhao, CEO da Binance, deu indícios de que a cripto companhia poderá abrir em breve uma exchange fiat para cripto na terra dos hermanos.
Recentemente, o presidente do país afirmou o Bitcoin pode acabar se tornando a moeda nacional, após uma conversa com Tim Draper. O vice-ministro das finanças da Argentina, Felix Martin Soto, afirmou ainda que a adoção de criptomoedas pode reduzir a demanda pelo dólar americano.
Além disso, em fevereiro, o cartão SUBE (Sistema Único de Boleto Electrónico) passou a poder ser recarregado com Bitcoin. Trata-se de um cartão para o transporte público, ou seja, é algo de grande expressão no país.
Nota-se que a Argentina está caminhando a passos largos para se tornar uma potência na América Latina dentro do setor blockchain. Contudo, como é este movimento visto de dentro do país?
Uma visão interior
Efrain Pineda, COO da EOS Venezuela, vive na Argentina há algum tempo, por conta da situação econômica deplorável por qual passa sua terra natal. Em uma conversa ao Webitcoin, ele explica o que está impulsionando esta alta na adoção das criptomoedas dentro da Argentina, e como ela tem afetado o cotidiano do cidadão argentino.
Ele começa afirmando que o movimento não é algo mainstream atualmente, mas que muitas pessoas estão trabalhando para que ele se torne, bem como muito dinheiro tem sido investido.
As criptomoedas, segundo ele, surgiram como uma alternativa para um problema argentino: altos impostos. Por meio do Bitcoin e demais criptomoedas, comerciantes e varejistas estão conseguindo “respirar ar fresco”. Efrain reforça que, embora o governo esteja deixando as coisas fluírem bem por enquanto, ele espera que essa tendência seja mantida.
O COO da EOS Venezuela fala ainda da boa posição na qual a Argentina se encontra para adotar criptomoedas:
“Creio que a Argentina está em um excelente momento para adotar as criptomoedas, por se encontrar em uma crise monetária que não é tão avassaladora quanto à da Venezuela. Desta forma, as pessoas podem usar criptomoedas de forma mais simples.”
Pineda completa:
“Em comparação com a Venezuela, por exemplo, agora as pessoas possuem acesso a smartphones e energia elétrica estável. Sem essas condições, é difícil que a tecnologia prolifere.”
Este ambiente propício, para Efrain, é a razão pela qual grandes empresas como a Binance estão buscando a Argentina. Outro fator apontado por ele é a mão de obra qualificada dentro do país, composta por desenvolvedores, profissionais de marketing, pessoas experientes no mundo das finanças, dentre outros.
Este fato em muito se assemelha ao que apontou Rocelo Lopes, CEO da Stratum, em um artigo publicado recentemente no Webitcoin sobre as razões pelas quais a Argentina está na frente do Brasil no desenvolvimento com blockchain e criptomoedas. Segundo Rocelo, o país exporta muitos programadores na área de blockchain, que além de se qualificarem para trabalhar com a tecnologia, se especializam no inglês – justamente para desbravar o mercado internacional.
Já no Brasil, de acordo com o CEO da Stratum, os desenvolvedores ainda não entenderam que há um amplo oceano a ser explorado.
Por meio do que expôs Efrain Pineda, é possível ver que as criptomoedas possuem uma grande capacidade de florescer durante crises financeiras – sendo melhor quando estas são mais brandas.