As criptomoedas seguem no centro de um intenso debate fiscal após líderes do setor se unirem contra o novo imposto bilionário proposto pela Califórnia. A iniciativa pretende cobrar uma taxa única de 5 por cento sobre o patrimônio de residentes com mais de US$ 1 bilhão a partir de 2026. A medida, defendida pelo governador Gavin Newsom, reacende discussões sobre gestão pública, migração de riqueza e competitividade econômica.

Debate fiscal ganha força no Vale do Silício

A proposta surge em um momento de divergência com a agenda do presidente Donald Trump, que prioriza cortes de impostos enquanto as tarifas federais aumentam a arrecadação nacional. A estratégia californiana tenta aproveitar a concentração de fortunas do Vale do Silício para impulsionar o orçamento local, que destina recursos a serviços essenciais, como saúde pública e programas sociais.

Segundo o governo estadual, a taxa financiaria ações de grande impacto, incluindo a expansão da cobertura Medi-Cal para cerca de 15 milhões de moradores de baixa renda. No entanto, o projeto inclui cobrança sobre ganhos não realizados, e isso intensifica críticas de empresários e investidores.

O texto oficial da proposta destaca que bilionários acumularam riqueza apoiados pela infraestrutura da Califórnia e por legislações federais que ajudaram a criar desequilíbrios no orçamento público. Assim, o governo considera justa a cobrança extraordinária de 5 por cento sobre grandes patrimônios. O documento pode ser consultado por meio desta consulta pública.

Críticas à taxação de ganhos não realizados crescem

Empreendedores do setor afirmam que a gestão estadual não utiliza corretamente a alta arrecadação dos últimos anos. Para eles, o problema não está na receita, mas no gasto público. O investidor Chamath Palihapitiya afirmou que acreditar em falta de arrecadação representa ignorar cálculos claros ou apoiar uma distorção sistêmica.

Além disso, nomes relevantes como Nic Carter, Hunter Horsey e Jesse Powell também rejeitam o projeto. Eles apontam erros administrativos e afirmam que deixarão a Califórnia caso o imposto seja aprovado. Para esse grupo, a cobrança sobre ganhos não realizados cria riscos adicionais para investidores que dependem de mercados extremamente voláteis.

Impacto político e reflexos na indústria de cripto

A instabilidade política do estado estimulou a migração de grandes patrimônios nos últimos anos. Muitos empresários do Vale do Silício já se mudaram para regiões com políticas fiscais mais amigáveis, como Texas. No cenário global, investidores de cripto também buscam jurisdições com regras claras e ambientes acolhedores, como ocorre nos Emirados Árabes Unidos.

Especialistas acreditam que, até 2026, o mercado de cripto pode superar o volume da indústria de metais preciosos, impulsionado por ativos como Bitcoin e Ethereum. Esse crescimento acelerado, aliado a regulações mais transparentes em outros países, deve ampliar o número de novos bilionários provenientes do setor.

Ao mesmo tempo, o imposto extraordinário pode acelerar a saída de fortunas da Califórnia. Estados que se alinham à agenda pró-cripto do governo federal tendem a atrair investidores e startups que enfrentam insegurança na costa oeste.

No conjunto, a oposição do setor de cripto ao imposto bilionário reforça preocupações sobre gestão pública, competitividade e migração de capitais. As críticas de investidores influentes aumentam a pressão política e podem influenciar decisões financeiras e de residência nos próximos meses.