Criador da cripto solução EletroPay, utilizada pela 3xbit, fala sobre seu projeto

EletroPay, solução difundida pela 3xbit no Brasil, atende o cripto movimento e a ascensão dos pagamentos eletrônicos

Nelson Kameda, idealizador da solução de recebimento em criptomoedas EletroPay, conversou com o Webitcoin e contou sobre sua trajetória e sua incursão na cripto esfera.

Trajetória

Kameda é engenheiro de hardwares, e desde os 14 anos se apaixonou por eletrônicos. Em sua escola técnica no Rio de Janeiro, enquanto cursava o ensino médio, ele entrou para o clube de eletrônica e lá iniciou o que seria sua jornada no ramo de soluções em software e hardware.

“Nessa escola a gente tinha um clube de eletrônica, e eu praticamente não saía do clube. Eu ficava no fim de semana e, durante a semana, eu estudava de manhã e ficava durante tarde e noite no clube.”

Ele completa:

“Era uma época em que só haviam transistores, relês e circuitos simples. Não tinha nada muito avançado na época, embora houvesse um computador: um Apple TK3000, que nós compartilhávamos.”

Três anos depois, agora com 17 anos, Kameda deixou a escola no Rio de Janeiro e se mudou para Curitiba. Lá, ele abriu sua primeira empresa com um sócio, que desenvolvia softwares – dentre eles, um software para cabeleireiros que vendeu 20 mil cópias. Suas atividades na empresa, bem como no ramo de software, compreenderam os anos de 1998 até 2003.

Em 2003, o engenheiro de hardwares cansou da área de software e resolveu voltar para a área de eletrônicos, sua paixão. Em seu retorno, ele passou a programar casas inteligentes, com centrais de automação – momento em que começou a desenvolver pequenos hardwares. Em 2005, ele abriu outra empresa, a Kameda Corp, cujo primeiro grande projeto foi um gravador de chips – microcontroladores, memórias, etc.

Um de seus clientes surgiu com a necessidade, durante este período de 5 anos, de Kameda visitar a China – onde mora atualmente. Em 2010, o Walmart surgiu com a necessidade de um sistema automatizado para estacionamentos, que o engenheiro de hardware construiu do zero.

“Entre aspas, era um sistema descentralizado, porque não tinha cabeamento, não havia comunicação. Era um conceito inovador, pois eu não era da área de estacionamentos e eu não me baseei no que já existia.”

O sistema funcionou perfeitamente e, em pouco tempo, cerca de 80 unidades do Walmart já estavam utilizando a solução automatizada da Kameda Corp – que de desenvolvimento de projetos passou a focar em automação. Durante a recessão do Brasil, em 2014, ele optou por mudar para a China com a intenção de construir uma fábrica.

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Criptomoedas e o EletroPay

Em 2012, Kameda ouviu pela primeira vez sobre criptomoedas. Contudo, somente em 2018 ele teve seu primeiro contato com este universo.

O Walmart, querendo reduzir custos, solicitou o desenvolvimento de estações de pagamento, com a intenção de reduzir seu pessoal. Durante as pesquisas para o desenvolvimento da estação, Nelson não queria fazer “mais do mesmo”, com apenas crédito e débito. Surgiu então a ideia de acrescentar criptomoedas.

Kameda não encontrou soluções de recebimento em criptos, foi então que ele viu uma grande oportunidade. Após entrar em contato com diversas figuras da cripto esfera, Rodrigo Ambrizzi, do canal do YouTube Dash Dinheiro Digital, respondeu o engenheiro de hardware. Após um produtivo diálogo, Nelson foi apresentado à comunidade da altcoin Dash, descobrindo então que não havia este tipo de solução de recebimento em criptomoedas.

É importante ressaltar que, nesta época, já existiam algumas soluções em dispositivos Android – algo que não agradava o idealizador da EletroPay. Após visitar Rodrigo e muito conversar, a ideia do EletroPay ganhou vida.

O hardware une a área de Internet das Coisas (IoT) e as criptos. O produto, basicamente, recebe pagamentos virtuais em criptomoedas. Seu design é limpo e intuitivo, focado em usabilidade: um painel de LED chamativo e opções fáceis para pagar em criptomoedas – servindo como uma espécie de PoS, uma solução de ponto de venda. Contudo, seu conceito vai além, pois o dispositivo EletroPay atua como uma “mini plataforma do mercado de balcão”: por meio dela é possível acessar diretamente a uma exchange e realizar troca, venda ou liquidação dos ativos.

Em um cenário onde soluções de pagamento são comuns, a EletroPay é uma solução de recebimento eletrônico que atende duas grandes ondas: pagamentos eletrônicos e criptomoedas.

Webitcoin: Criador da cripto solução EletroPay, utilizada pela 3xbit, fala sobre seu projeto

Parceria com a 3xbit

Durante a Bitconf do ano passado, Kameda e Ambrizzi conheceram diversos CEOs de exchanges, dentre eles Saint Clair, da 3xbit. Apaixonado pelo design inovador e prático da solução EletroPay, ele se tornou o primeiro cliente do projeto.

Inicialmente, duas mil unidades foram produzidas para a cripto startup brasileira, que já solicitou a produção de outras cinco mil. A fabricação é feita na China, onde, segundo Nelson, a produção pode ser feita sem entraves burocráticos.

Acreditando na próxima alta do mercado, a EletroPay está expandindo suas operações, focando em 2020. Assim como Changpeng Zhao, CEO da Binance, Nelson Kameda acredita que a baixa do mercado é o período onde os desenvolvimentos devem ser feitos – criando estruturas para a próxima alta.

“Nós precisamos de muito mais projetos de hardware. […] Quando precisei de soluções para cripto PoS, eu visitei grandes empresas e quando mencionei criptomoedas, elas hesitaram. Elas estão envolvidas com o mercado tradicional e, como criptomoedas ainda apresentam problemas, como golpes e fraudes, essas empresas têm medo de se envolverem em escândalos, como fornecer dispositivos PoS para uma exchange que é hackeada.”

Kameda ressalta que, por essa razão, as versões de cripto PoS na China são limitadas e pouco inovadoras.

O futuro

Nelson Kameda falou ainda sobre sistemas de pagamento eletrônico.

“As cédulas físicas na China foram praticamente dizimadas. As pessoas não utilizam mais dinheiro trocado. […] Existe o WeChat, que possui o WeChat Pay, que é um sistema de pagamento eletrônico. Em dois a três anos, todo o dinheiro físico do país foi substituído pelo aplicativo. Existe ainda o AliPay, da gigante do varejo Alibaba, que serve o mesmo propósito. Desde vendedores de batata assada na rua até concessionárias utilizam QR Codes, que você escaneia e efetua o pagamento eletrônico. O celular se tornou a carteira.”

Citando que os pagamentos eletrônicos estão se tornando tendência, utilizando gigantes como Visa e Mastercard recorrendo ao uso de QR Code como exemplo, Kameda afirma que o mundo precisa não só de soluções de recebimento em criptomoedas, mas de recebimento de pagamentos eletrônicos.

Ele acredita que, quando os pagamentos eletrônicos foram inescapáveis no mundo, essas grandes empresas inevitavelmente recorrerão à blockchain, que apresenta soluções mais rápidas e baratas para o processamento de pagamentos.

Kameda completa afirmando que planeja tornar a EletroPay open source, para que países incapazes de adquirirem o dispositivo consigam criar suas próprias soluções.

Atualmente, além da Kameda Corp no Brasil, o engenheiro de hardware é líder da Zhuhai Kameda Technology, a China.

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Por meio do cenário exposto por Nelson Kameda, é possível ver que a blockchain e as criptomoedas, bem como os pagamentos eletrônicos, são movimentos dos quais não será possível escapar.