As criptomoedas no combate à pobreza

autoral09 interna
UkraineDAO é uma ONG que direciona todos os fundos arrecadados à defesa da Ucrânia. Imagem: Twitter

Países subdesenvolvidos podem tirar bastante proveito da economia livre; alguns pontos devem ser considerados para que haja sucesso.

Cripto salva vidas

Por definição, criptomoedas são ativos digitais descentralizados e distribuídos. Elas são avessas à necessidade da existência de um banco central, pois são autorreguláveis. Tais características são imprescindíveis para que possam fazer a diferença em nações abandonadas à própria sorte.

Afinal, o afogamento social enfrentado por bilhões de pessoas é, em grande parte, oriundo das péssimas escolhas executadas por seus respectivos governantes. A moeda fiduciária é uma ferramenta que sofre danos imediatamente e, ao longo do tempo, torna-se inviável.

Mas, enfim, como as criptomoedas podem ajudar a reduzir a pobreza?

Conceito

Segundo postagem das Nações Unidas, até 115 milhões de pessoas ingressaram na linha da pobreza devido à pandemia da COVID-19.

Em linhas gerais, muitos países decidiram impor medidas restritivas, ainda não testadas, para reprimir o avanço da pandemia. Com isso, muitos nichos empresariais foram gravemente afetados; demissões em massa ocorreram ao redor do mundo.

Países ricos empobreceram e nações menos favorecidas sentiram os efeitos adversos das restrições com muito mais intensidade. Como consequência, seus ativos passaram a valer menos e, em alguns casos, enfrentaram grandes oscilações.

Para tentar escapar da má sorte, algumas pessoas passaram a contar com as criptomoedas: mesmo durante os períodos mais áridos da crise econômica global, mostraram grande resiliência.

Filantropia

Em “How is blockchain helping to make the world a better place?” (“Como a blockchain ajuda fazer do mundo um lugar melhor?”, em tradução livre), na página da IBM, um ponto importante é levantado: boa parte das organizações filantrópicas, como ONGs, não possuem tecnologia suficiente para aumentar o alcance de suas iniciativas.

Por outro lado, a tecnologia blockchain pode auxiliar tais iniciativas de maneira inestimável, tornando-as interligadas, ágeis e eficientes para atuar em qualquer lugar do globo.

Economia livre

Desde a introdução da moeda fiduciária, as grandes oscilações financeiras tornaram-se possíveis. Endividamento público, impressão desenfreada de papel-moeda e tantos outros fatores acabam levando à hiperinflação, o que destrói o poder aquisitivo.

Por outro lado, as criptomoedas, em sua grande maioria, possuem um supply (volume) fixo, podendo ser mineradas até determinado ponto. Essa é uma das principais características deflacionárias dos ativos digitais.

Por não estarem atreladas a um banco central ou a governo algum, as criptomoedas não são vítimas das arbitrariedades autocráticas; na verdade, elas servem como uma válvula de escape natural contra os malefícios da moeda fiduciária.

Países subdesenvolvidos, em sua grande maioria, possuem moedas de fraquíssimo poder de compra. Se os indivíduos optarem por moedas digitais, é possível que possam escapar das perigosíssimas oscilações oriundas de suas economias tradicionais.

Casos concretos

A Veja publicou um artigo a respeito da economia argentina, comparando-a ao desastre da Venezuela. O país é um dos principais exportadores de talentos em desenvolvimento blockchain da América Latina.

Luiz Lozada, business developer da MakerDAO, comentou na Exame que, há cerca de sete anos, os venezuelanos começaram a dolarizar suas contas bancárias devido ao enfraquecimento da moeda local. Com a destruição do bolívar venezuelano, muitos agora fazem uso de stablecoins e outros ativos digitais para melhorar seu poder aquisitivo.

Pode-se dizer que, ainda que exista uma forte oscilação entre pares de criptomoedas e moedas fiduciárias, os ativos financeiros independentes são capazes de apresentar inigualável performance durante períodos de crise – uma característica central no combate à pobreza.

Conclusão

Tecnologias blockchain podem ser criadas e escaladas de acordo com as necessidades locais, característica fundamental para combater as carências crônicas enfrentadas por indivíduos abandonados pelos que, em tese, deveriam preocupar-se com o bem geral.

Não causa espanto saber que tantos políticos militam contra a liberdade econômica: afinal, sem a presença do Estado para perpetuar as desigualdades, que outra desculpa ele teria para continuar existindo?

Foto de Rafael Motta
Foto de Rafael Motta O autor:

Jornalista, trader e entusiasta de tecnologia desde a infância. Foi editor-chefe da revista internacional 21CRYPTOS e fundador da Escola do Bitcoin, primeira iniciativa educacional 100% ao vivo para o mercado descentralizado. Foi palestrante na BlockCrypto Conference, em 2018.