Criptos ainda não escalam o suficiente para agirem como dinheiro, afirma Banco de Compensações Internacionais

O Banco de Compensações Internacionais (BIS) afirmou que criptomoedas não escalam o suficiente para funcionarem como dinheiro, em um artigo de 24 páginas publicado ontem, como parte de seu relatório econômico anual.

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Segundo o BIS – uma organização localizada na Suíça, composta por 60 bancos centrais do mundo todo – criptomoedas não estão aptas a escalarem para se tornarem um meio de troca na economia global. O relatório da instituição ressalta três entraves chave que prevenirão que as criptos substituam o dinheiro: escalabilidade, estabilidade do valor e confiança como meio de pagamento.

O BIS critica a descentralização das criptomoedas, apontando-a como uma falha em vez de algo positivo, alegando que a confiança pode evaporar a qualquer momento por conta da fragilidade do consenso descentralizado, através do qual as transações são registradas.

O Banco Central dos Bancos Centrais argumentou sobre muitos blockchains poderem oferecer, na melhor das hipóteses, prováveis finalidades de transação, ao privilegiar a maior cadeia dos registros para negociar validações conflitantes de transações.

Nesta linha, o relatório levanta preocupações sobre os forks ocorridos em blockchains, que podem causar a separação de criptomoedas, trazendo o risco de uma perda de valor. O documento cita ainda uma atualização errônea no software do Bitcoin ocorrida em março de 2013, que fez com que o blockchain se separasse temporariamente e o valor da criptomoeda caísse para um terço do que estava – embora o BIS não tenha mencionado que a moeda recuperou boa parte do seu valor dentro de algumas horas.

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O Banco de Compensações Internacionais também levanta preocupações no sentido de que, conforme os registros distribuídos crescem, processar transações demandará eletricidade e recursos computacionais que excedem até mesmo aqueles das mais preparadas instalações.

Os volumes de comunicação e demandas de armazenamento associados com a adoção das criptos, argumenta o banco, pode trazer a internet a uma parada. De forma menos drástica, o congestionamento de um blockchain traz o risco de quanto mais pessoas utilizarem criptomoedas, mais demorados os pagamentos se tornarão.

O banco também levanta preocupações sobre a concentração de poder entre todas as criptomoedas, citando o problema de manipulação, sendo as criptomoedas mineráveis controladas por apenas algumas mining pools que possuem recursos de processamento capazes de garantir a permanência na competição.

O relatório notadamente foca apenas em criptomoedas que utilizam algorítimos proof of workblockchains sem permissão, embora reconheça a existência de mecanismos alternativos de consenso, como proof of stake, além de soluções de escalabilidade, como a Lightning Network. Contudo, ele faz ressalvas de que estas tecnologias precisam ser provadas na prática.

Um relatório publicado em março pela instituição refutou a efetividade das moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs), alertando sobre suas potenciais consequências adversas e pedindo que mais pesquisas sejam feitas sobre seus possíveis efeitos na estabilidade financeira global.

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Fonte: The Cointelegraph