Criptos: Existe um ponto de equilíbrio entre privacidade e regulações?

Na era digital, tem havido uma democratização massiva das informações. Porém, os ideais de privacidade estão sendo diluídos em um ambiente em que escalabilidade e eficiência parecem ser os aspectos mais procurados?

Quando o Bitcoin foi lançado e introduzido ao mundo, isso também representou uma forma de moeda que verdadeiramente pertenceria ao indivíduo com um senso adicional de propriedade, resistência à censura e privacidade. Agora, será que podemos encontrar um ponto de equilíbrio para as criptos no que diz respeito à alinhar privacidade nativa com regulações?

No último episódio do conhecido podcast ‘The Wolf of All Streets’, BullyESQ, Co-fundador da Alpha Marketplace e da Arrow Privacy Coin, falou sobre a relação entre criptomoedas e privacidade individual e porque a privacidade é um requisito fundamental que deve ser respeitado em qualquer sistema. Ele pontuou que, quando se trata de argumentar sobre medidas de privacidade, a percepção pública continua a estigmatizar tais esforços.

“Parece haver um estigma hoje em dia onde muitas pessoas acreditam que se você busca privacidade, é porque você é aquele traficante louco disposto a quebrar a lei.”

Criptos x Regulações: Uma observação constante

Embora as critpomoedas tenham sido associadas à atividades fraudulentas no passado, o aumento de regulações pertinentes à leis de KYC e AML têm o intuito de tirar as cripto transações do submundo legal e movê-las para as zonas reguladas como qualquer outro tipo de finança.

Porém, BullyESQ disse que uma vez que os governos têm interesses no sistema bancário global e estão fazendo esforços para parar transações ilícitas e financiamento de terrorismo, as criptomoedas hoje se tornaram um espaço altamente monitorado.

É muito óbvio que estão observando as criptos bem de perto porque não querem que sejam usadas como forma de contornar as marcas que existem hoje. Isso em terrorismo internacional, lavagem de dinheiro, etc. Essas são metas compreensíveis para os governos manterem mas, ao mesmo tempo, eu não sei se a transparência completa é necessária no sistema financeiro.

Publicação aponta moedas mais utilizadas na Dark Web

Um recente relatório da corporação RAND destacou que, apesar de o Bitcoin ser uma criptomoedas que pode facilmente ser rastreada, sua popularidade continuou a crescer – pelo menos para usos na chamada darknet.

rand
Moedas mais utilizadas na Dark Web. Fonte: RAND 2020.

A publicação menciona,

“A Zcash só tem uma menor presença na dark web, indicando que ela é vista como uma opção menos atrativa aos usuários da dark web e também que ela é usada em uma frequência menor comparada a outras criptomoedas, especialmente Bitcoin e Monero.”

Para o Bitcoin, sem a implementação de mecanismos de escudo, as transações são extremamente rastreáveis, o que pode nem sempre ser uma situação ideal, de acordo com BullyESQ. De maneira interessante, nos primórdios do Bitcoin, muitos assumiram que a moeda contava com total sigilo, algo que está longe de ser verdadeiro.

Se você não usa algum tipo de mecanismo de escudo, para alterar as wallets, ou algo do tipo, a pessoa que recebe o Bitcoin no estágio final da transação conseguirá ver quanto você pagou, quando você foi pago, onde você foi pago, quem o pagou e então potencialmente irá ser capaz de rastreá-la.

Fonte: AmbCrypto

Foto de Heslei de Oliveira
Foto de Heslei de Oliveira O autor:

Entuasiasta da tecnologia blockchain desde 2017, faz de tudo um pouco quando se trata de criptomoedas - desde redação de artigos até fechamentos de acordos comerciais e de marketing. Um lema? Voa Bitcoin!