O despertar negro na web3: comunidade combate a exclusão financeira

negro na web3

A comunidade negra no Brasil vem buscando ativamente a inclusão no ecossistema cripto. Este movimento é motivado pela busca por riqueza equitativa e pela superação das barreiras impostas pelo sistema financeiro tradicional. Portanto, iniciativas de educação financeira e projetos focados em Web3 têm ganhado força como ferramentas de emancipação.

Historicamente, a população negra no Brasil enfrenta barreiras significativas no acesso a serviços financeiros tradicionais. Isso inclui crédito e investimento, devido ao racismo estrutural e à concentração bancária. Nesse cenário, as criptomoedas e a tecnologia Web3 surgem como uma alternativa de emancipação financeira. Assim, elas oferecem um sistema mais inclusivo e descentralizado. Pesquisas indicam que minorias, incluindo negros, são proporcionalmente mais propensas a investir em criptoativos globalmente. Isto ocorre justamente por se sentirem injustiçadas pelas instituições financeiras convencionais.

O ecossistema de inovação e o hub black money

Diversas iniciativas e projetos liderados por pessoas negras estão impulsionando essa inclusão no Brasil. Entre elas, destacam-se programas com foco direto em educação e tecnologia.

O Movimento Black Money (MBM) atua como um hub de inovação que busca empoderar economicamente a população negra no Brasil. Embora não seja exclusivamente sobre cripto, o movimento é fundamental. Isto é, ele cria um ecossistema favorável para a circulação de recursos e o desenvolvimento de negócios digitais e fintechs, que podem incluir soluções cripto.

Além disso, existe o Akoma Black Web 3.0, um projeto específico que visa levar a cultura e a comunidade negra para o universo da Web3. Assim, busca-se explorar as vastas possibilidades dessa nova era digital descentralizada.

O surgimento de fintechs negras também representa um avanço significativo, tais como:
Exemplos de iniciativas

Banco Afro: Destaca-se como uma fintech de impacto social voltada para a comunidade negra. 

Conta Black: Criada por Sérgio All após ter um empréstimo negado, a fintech oferece serviços bancários como TED, DOC e emissão de boletos, focando na desburocratização do acesso para pessoas negras e periféricas.

As fintechs lideradas por pessoas negras desempenham um papel vital na construção de algoritmos inclusivos e no fortalecimento da comunidade negra no setor financeiro. No entanto, a verdadeira inclusão exigirá esforços contínuos e de longo prazo para superar as barreiras estruturais e econômicas impostas pelo ecossistema financeiro. 

Com efeito, startups lideradas por empreendedores negros, muitas vezes com o apoio de fundos como o Google Black Founders Fund buscam criar algoritmos inclusivos. O objetivo é facilitar o acesso a crédito e serviços financeiros para essa população, o que pode abranger ativos digitais.

Desafios estruturais e a luta pela igualdade digital

Apesar do crescimento do interesse e das iniciativas, a comunidade negra enfrenta desafios significativos que precisam ser superados.

A exclusão financeira tradicional ainda é um obstáculo. Uma grande parte da população negra ainda tem acesso limitado a serviços bancários básicos e educação financeira geral. Consequentemente, isso pode dificultar a entrada no mercado cripto, que exige certo nível de conhecimento e acesso à tecnologia. Afinal, o conhecimento é a principal moeda da Web3.

Outro ponto crucial é a desigualdade no mercado de trabalho em tecnologia. Apenas cerca de dois em cada dez profissionais no mercado digital brasileiro são negros. Por conseguinte, isso reflete a sub-representação em setores de tecnologia e finanças, limitando a progressão na carreira e a igualdade salarial. Em outras palavras, a falta de representatividade nesses setores impacta diretamente o poder aquisitivo e de investimento.

A dificuldade de financiamento para empreendedores negros também persiste. Empreendedores enfrentam barreiras maiores para obter financiamento e manter negócios. Nesse sentido, esse problema se estende ao desenvolvimento de startups no espaço cripto.

Em resumo, a participação da comunidade negra no ecossistema cripto brasileiro é um movimento crescente e intencional. O foco é utilizar a tecnologia para promover a inclusão econômica e combater desigualdades históricas. Portanto, o futuro do ecossistema cripto no Brasil dependerá, em grande parte, da sua capacidade de ser verdadeiramente acessível e equitativo.