Entenda porque a OKEx utilizou fundos de seus usuários para liquidar um contrato de Bitcoin

OKEx, segunda maior exchange em volume de troca diário, anunciou oficialmente a decisão de realizar uma liquidação forçada para compensar um contrato massivo.

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No dia 31 de julho, um usuário com o ID 2051247, maior detentor de Bitcoin e Ethereum da plataforma, entrou com uma posição em long avaliada em US$460 milhões. Contudo, tendo em vista o tamanho do contrato, a ordem foi apenas parcialmente liquidada antes que o valor do Bitcoin caísse de US$8150 para US$7300 dentro de um período de 48 horas.

À época, medo, incerteza e dúvida circundavam a comunidade global de criptomoedas, especialmente tendo em vista que a exchange não teve um método eficiente para processar a ordem.

Após quatro dias desde a liquidação parcial da ordem de US$460 milhões, a equipe da OKEx publicou uma declaração oficial, revelando a decisão da companhia de iniciar um “mecanismo de gestão de perdas socializadas” ou, em outras palavras, aparar os lucros dos traders e usuários para pagar o contrato.

Falando de forma simples, o mecanismo de gestão de risco pode ser descrito como um empréstimo forçado dos investidores para salvar a exchange da incapacidade de pagar o restante do contrato de US$460 milhões.

Controvérsia

O mecanismo acima mencionado é um sistema controverso, pois ele força os investidores a entregarem seus lucros involuntariamente para resgatar a exchange. Contudo, a controvérsia se intensificou quando foi revelado que o fundo de segurança da OKEx, estabelecido para cobrir perdas da exchange em situações extremas, guardava apenas 10 BTC.

A quantia restante que a OKEx deveria compensar era o equivalente a 950 BTC e, após subtrair os 10 BTC de seu fundo de segurança, 940 BTC ainda deveriam ser restituídas para cobrir o débito. Mesmo assim, em vez de cobrir com fundos da companhia, a exchange decidiu iniciar o mecanismo de gestão de riscos, retirando US$7,2 milhões dos investidores para compensar o detentor do contrato.

Na esfera das exchanges, US$7,2 milhões não é uma grande quantia de capital e, certamente, não é grande o bastante para arriscar a reputação de uma das três maiores exchanges do mundo, cuja valorização está facilmente na casa dos bilhões – uma vez que a Binance está avaliada em US$10 bilhões.

Diversos analistas questionaram a decisão da OKEx, e se era válido arriscar sua reputação por US$7,2 milhões, que poderiam ser recuperados.

Ficou claro para os investidores da exchange que a companhia estava em posição de lidar facilmente com a liquidação do contrato pois, em 3 de agosto, a OKEx anunciou a injeção de 2500 BTC em seu fundo de segurança, visando prevenir a manipulação de mercado.

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https://twitter.com/OKEx_/status/1025282399008112640

Contudo, se a exchange inicialmente decidisse liquidar o contrato sem iniciar o mecanismo de gestão de riscos, cobrindo o rombo com fundos corporativos, talvez o episódio não teria impactado tanto o mercado.

Argumento da OKEx

A equipe da exchange declarou que a companhia foi alertada assim que o detentor do contrato colocou uma ordem enorme, e pediu repetidamente que o investidor reduzisse a posição, visando garantir que o mercado pudesse liquidar sua ordem antes de uma grande movimentação de valor.

“Nossa equipe de gestão de riscos imediatamente contatou o cliente, requerendo diversas vezes que ele fechasse parcialmente suas posições, a fim de reduzir os riscos representados ao mercado. Contudo, o cliente se recusou a cooperar, levando à nossa decisão de congelar sua conta, visando prevenir eventuais aumentos em suas posições. Pouco após esta ação preemptiva, infelizmente, o valor do BTC escorregou, causando a liquidação da conta.”

Em retrospecto, embora a OKEx pudesse ter compensado o contrato sem desencadear a socialização das perdas para minimizar o impacto, tendo em vista que ela tentou alertar o detentor do contrato diversas vezes, é difícil negar que a exchange tentou manter a situação sob controle.

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Fonte: CryptoSlate