Especialistas usam IA para rastrear coronavírus

A IA está analisando sites, reportagens e postagens em redes sociais em busca de sinais de sintomas do coronavírus, como febre ou problemas respiratórios

Com o coronavírus cada vez mais mortal na China, especialistas em inteligência artificial (IA) estão usando machine-learning em redes sociais, web e outros dados, para sinais sutis de que a doença pode estar se espalhando para outros lugares.

O novo vírus surgiu em Wuhan, China, em dezembro, desencadeando uma emergência de saúde global. Ainda não se sabe o quão mortal ou contagioso é o vírus, e quão amplamente ele já pode ter se espalhado. Infecções e mortes continuam a aumentar. Mais de 31.000 pessoas já contraíram a doença na China e 630 pessoas morreram, segundo dados divulgados pelas autoridades ontem (14).

John Brownstein, diretor de inovação da Harvard Medical School e especialista em extrair informações de redes sociais para tendências de saúde, faz parte de uma equipe internacional que usa a IA para vasculhar postagens de redes sociais, reportagens, dados de canais oficiais de saúde pública e informações fornecidas pelos médicos para sinais de alerta de que o vírus está proliferando fora da China.

O programa procura publicações nas redes sociais que mencionam sintomas específicos, como problemas respiratórios e febre, de uma área geográfica em que os médicos relataram casos em potencial. O processamento de linguagem natural é usado para analisar os textos postados nas redes sociais, por exemplo, para distinguir entre alguém discutindo as notícias e alguém reclamando sobre como se sente. Uma empresa chamada BlueDot usou uma abordagem semelhante para detectar o coronavírus no final de dezembro, antes que as autoridades chinesas reconhecessem a emergência.

“Estamos vigilantes nos EUA”, diz Brownstein. É fundamental determinar onde o vírus poderá surgir se as autoridades alocarem recursos e bloquearem sua propagação de maneira eficaz. “Estamos tentando entender o que está acontecendo na população em geral”, diz ele.

A taxa de novas infecções diminuiu levemente nos últimos dias, de 3.900 novos casos na quarta-feira para 3.700 na quinta-feira e 3.200 na sexta-feira, segundo a Organização Mundial da Saúde. No entanto, não está claro se a propagação está realmente diminuindo ou se novas infecções estão simplesmente se tornando mais difíceis de rastrear.

Até agora, outros países relataram muito menos casos de coronavírus. Mas ainda existe uma preocupação generalizada com a propagação do vírus. Os EUA impuseram uma proibição de viagem à China, embora os especialistas questionem a eficácia e a ética de tal medida. Pesquisadores da Universidade Johns Hopkins criaram uma visualização do progresso do vírus em todo o mundo com base em números oficiais e casos confirmados.

Os especialistas em saúde não tiveram acesso a essas quantidades de dados, para rastrear surtos anteriores, como a síndrome respiratória aguda grave (SARS). Mas encontrar sinais do novo vírus em uma vasta sopa de especulações, boatos e mensagens sobre sintomas comuns de gripes e resfriados é um desafio formidável. “Os robôs precisam ser treinados para pensar nos termos que as pessoas usarão e no conjunto de sintomas ligeiramente diferente”, diz Brownstein.

Mesmo assim, a abordagem provou ser capaz de detectar uma agulha de coronavírus em um palheiro. Brownstein diz que colegas que rastreiam as redes sociais e fontes de notícias chinesas foram alertados sobre um conjunto de relatórios sobre um surto de gripe em 30 de dezembro. Isso foi compartilhado com a OMS, mas levou tempo para confirmar a seriedade da situação.

Além de identificar novos casos, Brownstein diz que a técnica pode ajudar os especialistas a aprender como o vírus se comporta. Pode ser possível determinar a idade, sexo e localização das pessoas em maior risco mais rapidamente do que usar fontes médicas oficiais.

Alessandro Vespignani, professor da Northeastern University, especializado em modelar contágio em grandes populações, diz que será particularmente desafiador identificar novas instâncias do coronavírus a partir de publicações nas redes sociais, mesmo usando as ferramentas mais avançadas de IA, porque suas características ainda não são totalmente claras. “É algo novo. Não temos dados históricos “, diz Vespignani. “Existem muitos poucos casos nos EUA, e a maior parte da atividade é motivada pela mídia, pela curiosidade das pessoas”.

Mas Vespignani acredita que, se a doença se espalhar mais amplamente nos EUA, será mais fácil monitorar sua propagação usando a IA nas redes sociais, reportagens e informações médicas. Combinar a IA com outras técnicas “pode ser muito poderoso”, diz Vespignani.

Informações fornecidas por terceiros, coletadas por voluntários ou por sites criados para oferecer informações sobre o coronavírus, também são importantes para o esforço. Brownstein está trabalhando com uma empresa com sede em Boston, a Buoy, que oferece aconselhamento sobre saúde a milhões de pessoas nos EUA online e através de portais de provedores de saúde. A Buoy oferecerá conselhos para aqueles que suspeitam que possam ter o coronavírus, alimentando as fontes de dados.

Fonte: wired

 

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Foto de Bruno Lugarini O autor:

Estudante de Sistema da Informação, técnico de informática, apaixonado por tecnologia, entusiasta das criptomoedas e Nerd.