Ethereum enfrenta fase crítica após forte saída de corretoras

Ethereum após saída de corretoras

O Ethereum atravessa uma das fases mais delicadas do ano. A recente sequência de quedas provocou incerteza entre investidores, mesmo diante do aumento expressivo da liquidez e de sinais de acumulação. Embora o ETH tenha perdido suportes importantes, dados on-chain sugerem que o comportamento das baleias pode estar preparando terreno para uma recuperação gradual. Ainda assim, o mercado permanece dividido entre a fragilidade estrutural e a esperança de reversão técnica.

Pressão vendedora se intensifica, mas saídas sinalizam confiança

Nas últimas semanas, o Ethereum registrou fortes oscilações. O ativo rompeu dois suportes consecutivos, em US$ 3.800 e US$ 3.500, acumulando queda de mais de 17% e chegando à faixa dos US$ 3.200. A perda desses níveis reforçou a estrutura baixista de curto prazo, acentuada por uma sequência de liquidações que somaram US$ 2 bilhões apenas entre 3 e 4 de novembro. Apesar do cenário turbulento, os detentores de longo prazo demonstraram convicção ao retirar quase US$ 700 milhões em ETH das corretoras centralizadas, segundo dados da Sentora.

Essa saída massiva reduz a oferta imediata e, portanto, alivia parte da pressão de venda. Muitos desses fundos foram direcionados para protocolos de finanças descentralizadas, evidenciando que o interesse em staking e rendimento permanece alto. Em paralelo, a CryptoQuant mostrou fluxos líquidos negativos consecutivos — sinal claro de acumulação. Esse comportamento, comum em fases de correção, costuma anteceder períodos de estabilização.

Fonte: CryptoQuant

Mesmo com o ETH negociado a US$ 3.285, a dinâmica de saídas indica que investidores enxergam os preços atuais como oportunidade. Historicamente, quando grandes volumes deixam as exchanges, o mercado tende a recuperar força nas semanas seguintes. No entanto, o ritmo da retomada dependerá da resposta da demanda e do contexto macroeconômico, que ainda pressiona os ativos de risco.

Rede ativa e stablecoins recordes sustentam otimismo cauteloso

Embora o preço tenha caído quase 30% desde as máximas próximas de US$ 4.800, o uso da rede Ethereum segue intenso. As taxas totais aumentaram 63,5% em uma semana, alcançando US$ 8,26 milhões, o que reflete maior movimento de transações e interação com dApps. Além disso,
a oferta de stablecoins na blockchain atingiu um recorde histórico, mostrando que há liquidez disponível à espera de oportunidades.

Contudo, o chamado “FOMO” ainda não se manifestou. A ausência de euforia revela que, apesar da entrada de capital, os investidores seguem cautelosos. Parte dessa liquidez permanece parada ou alocada em ativos estáveis, indicando que o mercado prefere aguardar sinais mais concretos de reversão antes de aumentar posições em ETH.

No ambiente DeFi, o Valor Total Bloqueado (TVL) caiu US$ 20 bilhões no último mês, mas o Ethereum mantém liderança com mais de US$ 70 bilhões em protocolos ativos, segundo dados da DefiLlama. Essa dominância reforça a resiliência da rede mesmo em ciclos de baixa. Além disso, o indicador RSI, em torno de 32, aproxima-se da zona de sobrevenda, que historicamente precede movimentos de recuperação.

O indicador de Acumulação/Distribuição também aponta redução na pressão de venda desde setembro. Portanto, ainda que a estrutura técnica mostre fragilidade, há fundamentos on-chain que sustentam um otimismo moderado. O mercado agora observa se as saídas de ETH das exchanges se transformarão em um gatilho para retomada consistente.

Estrutura técnica sugere cautela, mas fundos locais ganham força

O gráfico diário do ETH mostra que o ativo pode estar formando um fundo local próximo a US$ 3.200. Esse nível coincidiu com forte volume de compras, o que impediu quedas mais acentuadas após o último flash crash. Mesmo assim, o sentimento geral permanece dividido. Analistas alertam que, sem continuidade no movimento comprador, o Ethereum pode revisitar regiões mais baixas antes de iniciar uma alta sustentável.

O lucro/prejuízo líquido realizado, medido pela Sentora, atingiu -US$ 626 milhões em 4 de novembro, o menor valor em oito meses. Esse dado confirma que muitos investidores ainda operam no vermelho. Apesar disso, quedas prolongadas costumam gerar zonas de oportunidade, principalmente quando combinadas a alta atividade de rede e acúmulo de liquidez estável.

Se o ETH conseguir se manter acima de US$ 3.200 e retomar gradualmente a faixa dos US$ 3.500, a confiança pode retornar ao mercado. A redução do volume de derivativos, com contratos em aberto recuando para US$ 10 bilhões, sugere um cenário menos propenso a liquidações abruptas. Assim, o ativo encontra espaço para consolidar um piso antes de buscar novos avanços.

No fim, o Ethereum mostra que a convicção dos investidores de longo prazo ainda resiste. As grandes saídas de corretoras, combinadas com o aumento da atividade de rede e da liquidez, formam a base de um possível ponto de inflexão. Portanto, embora o cenário de curto prazo exija prudência, a acumulação em meio à queda pode se tornar o motor da próxima recuperação.