Ethereum mira o futuro com nova liderança, blobs e ambição de se tornar o “ouro digital com rendimento”

Vitalik Buterin e a Ethereum Foundation traçam metas ousadas para a próxima década, enquanto analistas veem no ETH o potencial de um ativo trilionário com retorno financeiro real.
A Ethereum Foundation (EF) apresentou sua visão estratégica para o futuro da rede, colocando em evidência três pilares centrais: resiliência de longo prazo, preservação dos valores fundamentais e descentralização proativa. Em uma publicação assinada por Vitalik Buterin e Aya Miyaguchi, a organização delineou o caminho técnico e social para fortalecer o ecossistema Ethereum diante da crescente adoção global e dos desafios de escalabilidade.
Entre as prioridades estão o avanço da tecnologia de blobs, melhorias na experiência do usuário e desenvolvedor, e o fortalecimento da interoperabilidade entre camadas (L1 e L2). Introduzidos na recente atualização Dencun por meio do EIP-4844, os blobs oferecem uma forma mais barata para que rollups publiquem dados na mainnet, reduzindo taxas e descongestionando a rede.
No campo da experiência do usuário, a EF quer simplificar carteiras, reduzir a complexidade das taxas de gás e facilitar a navegação entre diferentes soluções de segunda camada. Para desenvolvedores, as metas incluem melhores ferramentas, documentação mais acessível, além de apoio por meio de subsídios e educação.
A reformulação da liderança da Ethereum Foundation acompanha esse novo ciclo. Foram nomeados como co-diretores executivos Hsiao-Wei Wang e Tomasz K. Stańczak, com foco em conectar estratégia e operação e acelerar a execução técnica da infraestrutura. Outros nomes foram integrados para reforçar áreas como gestão de projetos, comunicação e contratação.
Enquanto isso, no mercado, o Ethereum também começa a ganhar um novo posicionamento narrativo. Ryan Sean Adams, fundador do Bankless, defende que o ETH deveria ser visto não apenas como combustível para aplicações descentralizadas, mas como um ativo monetário com rendimento — um “ouro digital com yield”. A projeção? ETH atingindo US$ 17.000, o que implicaria um valor de mercado de US$ 2 trilhões.
Segundo Adams, essa valorização seria justificada pela fusão de sua natureza deflacionária, iniciada com o EIP-1559, e pelo retorno oferecido via staking — algo que, inclusive, a ARK Invest comparou a títulos do Tesouro dos EUA.
Contudo, essa visão encontra resistência. Críticos questionam a escassez relativa do ETH frente ao Bitcoin e a consistência de sua proposta de valor como dinheiro. O par ETH/BTC, que já caiu 77% desde o pico de 2021, é citado como evidência de perda de protagonismo monetário da moeda.
Apesar disso, o Ethereum segue em recuperação. Após um primeiro trimestre difícil e queda até US$ 1.400, o ETH subiu cerca de 30% recentemente, sendo negociado próximo a US$ 1.800. Ainda está 63% abaixo da máxima histórica, mas a combinação de avanços técnicos, novas lideranças e renovação de narrativa pode reacender o interesse de investidores institucionais e da comunidade cripto como um todo.
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