Ex-Real Madrid mostra que criptomoedas já são realidade no mercado da bola
Clubes brasileiros e estrangeiros que entraram no mundo das criptomoedas.
David Barral é um atacante que começou a carreira no Real Madrid e acumulou mais de 200 jogos na elite do Campeonato Espanhol. No começo deste ano, fechou contrato com um time chamado DUX Internacional de Madri, que disputa o equivalente à Terceira Divisão do país. Até aí tudo bem, uma simples notícia do mercado da bola.
Só que um detalhe chamou atenção: ele foi anunciado como a primeira transferência da história paga com criptomoedas – que são moedas virtuais, com transações feitas pela internet e ainda no centro de muita controvérsia, sendo o bitcoin a mais conhecida.
Esse negócio envolvendo David Barral mostra que a relação entre futebol e o mercado de criptomoedas já é uma realidade, ao contrário de ações pontuais dos últimos anos. André Cardoso, um dos responsáveis pelo portal especializado Webitcoin nota uma evolução desse elo, inclusive no Brasil:
Em 2018, foi com Corinthians e Athletico Paranaense, depois o Atlético-MG. Está acontecendo, e o futebol brasileiro está atento.
Tradicional palco para patrocinadores voltados ao mercado financeiro, o esporte já precisa se mobilizar para receber este novo tipo de investimento de acordo com Bruno Maia, especialista em inovação e novos negócios do esporte.
O mercado de criptomoedas tem tido um crescimento expressivo, vem ganhando escala com a adoção das pessoas. É uma tendência de comportamento que tem que ser observada, e o futebol é mais um elemento da sociedade onde chega. Vimos essa transação de um atleta que aceitou receber em criptomoedas. Pareceu uma ação de marketing, mas tudo que envolve mercado financeiro tem no esporte um espelho importante de publicidade.
O caso de David Barral é o seguinte: seu novo clube, o DUX Internacional de Madri, foi fundado em junho do ano passado, quando a DUX Gaming, que é uma conhecida equipe de esportes eletrônicos da Europa, comprou um clube que já existia e mudou seu nome, escudo e cores. Seu primeiro patrocinador foi uma empresa corretora de criptomoedas.
O patrocínio é pago em moedas virtuais e, assim, o ex-jogador do Real Madrid foi contratado. O token de Barral, ou seja, sua representação em formato digital, é pago em euros pelo aplicativo da empresa.
Tudo isso pode parecer uma realidade distante para o Brasil, mas não é tanto assim. O Vasco é um dos pioneiros.
Em novembro, o clube fechou uma parceria com a empresa Mercado Bitcoin, que funciona assim: o Vasco sempre recebe valores referentes ao mecanismo de solidariedade da Fifa quando algum jogador com passagem pela sua base é negociado no exterior. Então, selecionou 12 nomes com potencial de lucro e avaliou em R$ 50 milhões o valor que teria a receber ao longo dos anos pelo pacote.
Foram gerados 500 mil tokens que são vendidos por R$ 100 no site do Mercado Bitcoin, que comprou 100 mil (o equivalente a R$ 10 milhões) para antecipar receitas ao Vasco, comercializando o restante online. Caso os valores de venda dos 12 jogadores ultrapassem R$ 50 milhões, quem investiu ganha o relativo à valorização desse token. Se o valor ficar abaixo, ele perde. É uma receita futura e imprevisível, porque não se sabe qual jogador vai ser vendido nem por quanto ou quando.
“Esse token do Vasco será um grande case para o mercado. A tokenização é uma tendência que tem se espalhado em várias frentes. Alguns clubes no exterior criaram uma plataforma chamada Sócios, que tem uma moeda própria transacionada que serve para compra e venda de benefícios. Juventus, Roma, PSG, até o Independiente, na Argentina, têm”, conta Bruno Maia.
“Os tokens substituem o sócio-torcedor, e os fãs dos clubes ganham benefícios, descontos e votam podendo escolher a música que vai tocar no estádio, qual jogador pode fazer a próxima live, etc. O mais interessante é a valorização desses criptoativos. O token do Barcelona, por exemplo, vem de uma valorização de 300% em 30 dias”, relata André Cardoso.
No Brasil, a iniciativa do Vasco é a mais expressiva e aponta para um mercado otimista. Mas há outros casos na direção contrária: em 2019, uma empresa de criptomoedas anunciou parceria com o Santos para construir estádio e centro de treinamento. Encontros posteriores foram adiados, perfis nas redes sociais excluídos, e representantes da empresa “sumiram” depois de ampla divulgação e aumento dos seguidores.
É o que dá argumento para a resistência de setores da sociedade sobre iniciativas do mercado cripto. “Ainda existe um grande desconhecimento, menos de 2% da população mundial adotou. Temos que entender como um movimento mais longo que vai se confirmar ou não, mas tem sido constante e crescente. Há um avanço gradual, e o futebol ajuda a gerar curiosidade”, relata Bruno Maia.
O mercado cripto estaria no equivalente ao ano de 1996, 1997, da vida da internet, quando tinha gente que imaginava que seria moda. Há quem pregue que a economia descentralizada chegue a esse nível de revolução. Se isso acontecer, o mundo daqui 20 anos não será o mesmo. O que pauta isso é o avanço social, regulamentações e a adoção por grandes empresas. O futebol tem que estar atento.
A Europa tem a perspectiva de regulamentar o bitcoin até 2024 em todos os países membros do bloco de acordo com o advogado especialista em direito desportivo Pedro Trengrouse. Segundo um levantamento da BlueBenx – fintech especializada no mercado de ativos digitais -, o Brasil está em 22° lugar entre os países que mais negociam bitcoins e até hoje não há uma regulação específica.
Segundo Trengrouse.
Como o que não é proibido é permitido, se as partes concordarem e os direitos trabalhistas forem respeitados, podem-se utilizar criptomoedas como meio de pagamento sem nenhum problema, inclusive para salários. O empregado recebe o mesmo valor que receberia em moeda corrente, convertido em saldo de bitcoin
Fonte: UOL Esporte
Formado em Administração de Empresas, sou entusiasta da tecnologia e fascinado pelo mundo das criptomoedas, me aventuro no mundo do trade, sendo um eterno aluno. Bitcoin: The money of the future