Exchanges chinesas não apenas sobreviveram – elas estão prosperando!

Começou assim: executivos do Banco Popular da China (BPC) entraram nos escritórios das maiores exchanges do país e conversaram com os executivos destas.

Dos escritórios dos reguladores financeiros localizados em Xangai e Pequim, oficiais disseram às exchanges que estavam interessados em identificar se as regras de controle de capital e prevenção de lavagem de dinheiro estavam sendo seguidas.

Contudo, segundo Robin Zhu, chefe de operações da Huobi, os reguladores tinham uma segunda intenção neste dia.

“Os órgãos reguladores queriam ter uma noção do quão significantes eram as negociações de criptomoedas na China – como funcionava o bitcoin; de onde vinha o dinheiro; para onde ele ia; como pessoas ganhavam e perdiam dinheiro?”

O Banco Popular da China então requisitou informações sobre o volume de troca das exchanges e a quantidade de seus usuários. Além dos dados da plataforma, a Huobi submeteu regularmente informações e relatórios sobre políticas governamentais globais, em um esforço para ajudar o BPC a compreender a indústria.

Zhu achou que, com certeza, havia algo por trás. Para ele, parecia que o BPC estava coletando informações visando criar uma estrutura para regulamentar a indústria, algo com o que as exchanges não deveriam necessariamente se preocupar.

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Entretanto, em setembro, veio o anúncio de que o Banco Popular da China estava banindo ICOs e fechando exchanges domésticas de trocas fiat para cripto.

Parece que as investigações deram a abertura necessária para o golpe, que afetou severamente as exchanges do país.

O fundador e CEO da Huobi, Leo Li, relatou que os volumes de troca caíram em decorrência deste cenário. Em 1 de novembro de 2017, o volume era apenas 5% do seu total visto em 15 de setembro, último dia antes do encerramento das trocas fiat para cripto.

Mesmo assim, não se deixando intimidar, exchanges como a Huobi continuaram a prosperar, encontrando maneiras de manter o crescimento de seus negócios.

Zhu disse em uma entrevista:

“Independente da política, nós seguiremos as regras e estamos aqui para ficar. A tendência do bitcoin é irresistível. E, mais adiante, é bem provável que a China volte atrás na sua decisão de banir as negociações de criptomoedas.”

Expansão de leste a oeste

De fato, as duas maiores exchanges chinesas à época, Huobi e OKCoin, já contam com números que as colocam de volta no ranking das 10 maiores exchanges do mundo em volume de troca – Huobi Pro e OKEx, duas plataformas intermediárias de trocas de criptomoedas – e apenas estas.

Zhu disse que o Huobi Group dobrou seu quadro de funcionários para mais de 400 desde setembro, sinalizando um forte comprometimento, mesmo enfrentando o afunilamento regulatório.

“A mudança para trocas de balcão foi inesperada por nós. Nunca antecipamos que esta seria uma das nossas estratégias de negócios,” disse Zhu.

Até que a pressão seja aliviada na China, a Huobi está executando um agressivo plano de expansão.

Durante os últimos meses, a exchange abriu escritórios em Hong Kong, Cingapura, Coreia do Sul e Estados Unidos.

Através de parcerias com o conglomerado japonês SBI Group e com um parceiro não identificado na Coreia do Sul, a Huobi espera que suas novas exchanges localizadas nestes países iniciem suas operações em março deste ano. Em São Francisco, o novo escritório da companhia está focado em pesquisar e amparar startups que trabalhem com blockchain, embora também tenha empregado especialistas neste escritório, representando um possível lançamento de uma plataforma de serviços cripto nos Estados Unidos também.

“Quando entendermos o sistema legal dos Estados Unidos, abrir uma exchange será a próxima fase do plano,” disse Zhu.

Embora Zhu tenha afirmado que abrir exchanges fora da China sempre tenha estado presente nos planos de longo prazo da Huobi, as ações do Banco Popular da China indubitavelmente forçaram a plataforma a acelerar sua execução.

De qualquer forma, tudo isso foi bom para a Huobi, que agora conta uma base de usuários diversificada, segundo seu chefe de operações. Por exemplo, a Huobi Pro atualmente conta com 3 milhões de usuários e menos da metade deles estão localizados na China.

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Lealdade, renda e tokens

Contudo, a Huobi ainda está focada em adicionar novos serviços aos seus usuários.

Para cumprir com este objetivo, a Huobi lançou seu próprio token, o HT, que se baseia em um blockchain Ethereum, como uma forma de criar lealdade em seus usuários (e trazer uma renda adicional).

Em vez de seguir o modelo de ICO utilizado por muitas startups, onde tokens são vendidas para investidores interessados, a Huobi está dando tokens de presente aos seus usuários que comprarem pacotes de serviços em sua plataforma.

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Durante 14 dias desde o anúncio dos tokens HT, houve a compra de US$300 milhões em serviços pré-pagos, já coletados pela Huobi Pro.

Seguindo o lançamento de seu próprio token, a Huobi Pro anunciou uma nova exchange chamada HADAX, que permite aos investidores votarem, utilizando seus HT, em quais novos ativos eles querem listados na plataforma de troca.

“Nós não podemos avaliar toda nova criptomoeda, são muitas delas,” explicou Zhu. “HADAX dá aos investidores a escolha de votar em tokens nas quais eles acreditam.”

Segundo dados da Huobi, em 24 de fevereiro, a plataforma HADAX coletou 8,5 milhões de HT de 104308 usuários, que votaram 85 milhões de vezes em 75 ativos diferentes.

Isto posto, Zhu afirmou:

“A longo prazo, nós acreditamos que trocas cripto para cripto têm mais potencial do que moedas fiat, por conta do grande número de escolhas disponíveis.”

A ascensão da Binance

As regras do Banco Popular da China não somente adicionaram obstáculos, mas levantaram uma exchange que tem uma conexão significativa com o país.

Binance foi lançada em julho do ano passado (apenas dois meses antes das regras do Banco Popular da China) por ex-executivos da OKCoin, Zhao Changpeng e He Yi. À época, a Binance revelou que sua primeira rodada de financiamento veio de duas empresas chinesas de capital de risco – Blackhole and Funcity.

Mesmo assim, por conta da sua base ser fora da China, a Binance estava no lugar certo, na hora certa. Quando a incerteza prevaleceu no mercado doméstico, investidores chineses começaram a sacar seus cripto ativos, migrando-os para plataformas fora do país, segundo Zhu.

Ele disse:

“O timing foi perfeito para a Binance.”

6 meses após seu lançamento, a Binance cresceu e se tornou uma das maiores exchanges, intermediando US$2 bilhões em negociações nas últimas 24 horas, segundo o CoinMarketCap.

“Embora a Huobi já tivesse lançado a Huobi Pro à época, nós não tínhamos a mesma quantidade de tokens que a Binance tinha,” afirmou Zhu, acrescentando que o serviço está tendo mais de US$1 bilhão em volumes diários de troca.

E, mesmo que a Binance tivesse anunciado previamente que limitaria o acesso para usuários chineses, o chefe de operações da Huobi disse que “qualquer um pode surfar na internet de forma científica” – referindo-se ao uso de Virtual Private Networks (VPNs), que mascaram o endereço de IP do usuário.

Ele continuou:

“Se você tem ativos em uma exchange e de repente está proibido de acessá-los através de um processo normal, definitivamente você dará um jeito de entrar lá.”

Fonte: CoinDesk

Edição: WeBitcoin