Executivo da Xbox sugere que pessoas usem IA para amenizar a dor de serem demitidas

Nunca subestime a capacidade de um executivo de dizer algo que revele uma falta de noção impressionante. Veja o caso de Matt Turnbull, produtor executivo na Xbox Games Studio Publishing, por exemplo, que sugeriu que qualquer pessoa demitida poderia reduzir “a carga emocional e cognitiva” desse evento tão difícil usando ferramentas de IA. É um comentário especialmente desconcertante, considerando o número de pessoas perdendo seus empregos na Microsoft enquanto a empresa investe bilhões em inteligência artificial.
Turnbull, sabiamente, apagou sua postagem, mas ela foi registrada por Brandon Sheffield, da Necrosoft. O executivo começou mencionando que estes são tempos desafiadores — especialmente para os 9.000 funcionários da Microsoft recentemente demitidos na quarta rodada de cortes em 18 meses.
Matt Turnbull, Executive Producer at Xbox Game Studios Publishing – after the Microsoft layoffs – suggesting on Linkedin that may maybe people who have been let go should turn to AI for help. He seriously thought posting this would be a good idea.
— Brandon Sheffield (@brandon.insertcredit.com) 2025-07-04T03:48:10.841Z
Turnbull disse estar testando maneiras de usar ferramentas de IA com modelos de linguagem, incluindo o Copilot da própria Microsoft, para ajudar a reduzir “a carga emocional e cognitiva” associada à perda de emprego. Ele também destacou que os recém-demitidos “não estão sozinhos”, embora ele mesmo, claro, não estivesse entre eles.
Turnbull incluiu de forma bem-intencionada uma série de ideias de prompts que, segundo ele, poderiam ajudar alguém que acabou de perder o emprego e está se sentindo “sobrecarregado”. Isso incluía pedir à IA ajuda para planejar a carreira, criar currículos, atualizar perfis no LinkedIn e expandir a rede de contatos.
O prompt mais impressionante era voltado para “clareza emocional e confiança”, e dizia: “Estou lidando com síndrome do impostor depois de ser demitido. Você pode me ajudar a reformular essa experiência de um jeito que me lembre do que sou bom?”
Turnbull então informou que essas ferramentas de IA podem ajudar as pessoas demitidas a “se destravar mais rápido, com mais calma e clareza”. Ele também sugeriu que compartilhassem sua mensagem com outras pessoas — e por pouco não usou a famosa frase “não precisa me agradecer”.
Além de demitir milhares de pessoas, o empregador de Turnbull está gastando cerca de 80 bilhões de dólares em infraestrutura de IA no próximo ano fiscal, então não será surpresa se mais pessoas forem substituídas à medida que agentes autônomos assumam funções.
Apesar das boas intenções, a postagem de Turnbull foi tão insensível — mesmo pelos padrões do LinkedIn — que chega a parecer que foi escrita por uma IA. Pelo menos ele teve o bom senso de apagá-la.
Vários CEOs de grandes empresas já começaram a admitir que o aumento do uso da IA nos negócios resultará em cortes de empregos. Andy Jassy, da Amazon, disse que a tecnologia substituirá alguns cargos corporativos na empresa. Jim Farley, da Ford, e Dario Amodei, da Anthropic, afirmaram que a IA pode dizimar os empregos administrativos. Líderes de empresas como Shopify, JPMorgan Chase, Fiverr, Moderna e outras também estão dizendo o mesmo.
Apesar de todo esse investimento, a IA muitas vezes não é a ferramenta mágica de economia que muitos executivos acreditam que seja. Recentemente, ouvimos relatos de que operadores de call center descobriram que seus assistentes de IA criam mais problemas do que resolvem.