Existe privacidade nas transações envolvendo Bitcoin?
Se você alguma vez cogitou usar Bitcoin para atividades ilícitas, recomendo seriamente que repense seus conceitos sobre a privacidade do BTC
Sem fazer rodeios e dar um milhão de voltas, podemos de cara dizer que o Bitcoin não é tão privado como a maioria das pessoas imagina. Esse, inclusive, é um dos grandes mitos criados na comunidade cripto.
Embora seja mais crível do que as falácias do “tem que indicar x pessoas, mas não é pirâmide”, “a Atlas vai se recuperar” ou “estou em uma empresa que paga 3% ao dia e é confiável”, o mito do Bitcoin privado ainda ronda o imaginário de muitos traders.
Vamos ao fato: transações envolvendo o Bitcoin não são privadas e com algum empenho podem ser rastreadas.
Esse mito foi muito incentivado pela mídia, principalmente quando abordava o Bitcoin como a “moeda do crime”, em alusão à transações na deep web para compra de drogas, armas e outros serviços ilícitos.
Qualquer transação envolvendo Bitcoin fica registrada na blockchain, sem prazo para desaparecer. Isso significa que, caso uma carteira seja identificada como receptora de ativos ilegais, como Bitcoin roubados ou transferências envolvendo atividades criminosas, essa carteira poderá ser rastreada.
É claro, se o portador tomar os devidos cuidados ninguém descobrirá sua identidade, mas a carteira jamais se tornará anônima, de modo que os ativos ali presentes serão seguidos facilmente por olhos curiosos caso tentem dar um passeio para outras carteiras.
Dessa forma, o Bitcoin funciona muito mal como receptáculo de dinheiro ilegal. Transfira BTCs roubados para uma carteira e logo fique impossibilitado de sacar esse dinheiro de qualquer forma lícita.
Via de regra, como mostra o caso dos Bitcoins roubados no caso da Mt.Gox em 2014, usar BTCs roubados não é tarefa simples. Como há o registro da transação na blockchain, as autoridades conseguem descobrir qual carteira recebeu os ativos roubados. A partir disso, qualquer tentativa de mover esses ativos poderá levar a polícia diretamente ao criminoso.
O ladrão da Mt.Gox está até hoje com sua carteira parada, guardando quase 80.000 Bitcoins. Alguns dizem que ele perdeu as chaves, mas isso pouco importa, pois qualquer movimentação na carteira será imediatamente rastreada.
Ou seja, é bem importante estar ciente que crime e Bitcoin não combinam… pelo menos se você não quiser ser preso.
- Ouça nosso podcast: Webitcast #11 – Privacidade e Criptomoedas