A plataforma Hyperliquid decidiu apostar em um modelo totalmente on-chain após o colapso da FTX em 2022. Com uma equipe de apenas 11 pessoas, a DEX iniciou sua infraestrutura própria em 2023. Assim, três anos depois, a empresa se transformou em uma das principais referências em negociações perpétuas no setor cripto.

De acordo com dados do DefiLlama, o protocolo superou US$ 2,7 trilhões em volume de futuros perpétuos em 2025, além de mais de US$ 110 bilhões em operações à vista. Além disso, a receita anualizada chegou a US$ 1,22 bilhão. O número impressiona porque o projeto não possui capital de risco e ainda compartilha parte das receitas com seus próprios usuários, algo raro no mercado.

A popularização dos contratos perpétuos impulsionou o avanço da plataforma. Esses instrumentos permitem operar posições compradas ou vendidas sem vencimento, ampliando as estratégias disponíveis para traders. Antes, esse tipo de operação ficava restrito a investidores credenciados ou a plataformas centralizadas com exigências de verificação, o que limitava o acesso.

Com uma interface simples e altos níveis de alavancagem, a plataforma atraiu um grande volume de traders. Os usuários podem operar entre 3x e 40x com garantia baseada nos próprios ativos depositados. No entanto, corretoras centralizadas ainda oferecem alavancagens maiores, embora com exigências burocráticas como KYC, barreiras que a DEX elimina completamente.

A lista de mais de 100 tokens para negociações perpétuas ampliou o alcance do mercado, que já movimenta mais volume do que o mercado à vista. Em julho de 2025, a plataforma processou cerca de 56 por cento de todo o volume global nesse segmento, reforçando sua posição no topo do setor.

Debates sobre riscos e descentralização

No entanto, especialistas alertam para os riscos elevados das operações alavancadas. Essas estratégias exigem gestão ativa e conhecimento sólido do mercado. Além disso, participantes mais experientes podem explorar vantagens sobre traders iniciantes, especialmente durante liquidações rápidas. Cascatas de liquidações já movimentaram bilhões de dólares, como ocorreu em outubro de 2025.

A plataforma também enfrenta discussões sobre descentralização. A remoção do token JELLYJELLY e debates sobre a stablecoin USDH levantaram dúvidas sobre o nível real de autonomia da rede. Críticos afirmam que validadores e a Hyperliquid Foundation concentram decisões importantes. Por outro lado, a equipe destaca que segue um processo gradual de descentralização.

Mesmo com questionamentos, a plataforma segue em expansão. O acesso aberto, sem processos de identificação e com todas as operações registradas on-chain, fortalece sua proposta. Além disso, mercados emergentes buscam alternativas sem burocracia, o que ampliou ainda mais a adesão de novos traders.

Concorrentes também passaram a ajustar suas ofertas, aumentando alavancagem e reduzindo exigências. Contudo, episódios recentes mostram que o excesso de alavancagem pode gerar liquidações amplas que impactam o mercado de forma geral.

No curto prazo, os dados indicam que a plataforma atendeu a uma demanda crescente por derivativos avançados sem restrições. Além disso, as discussões sobre riscos e descentralização continuam essenciais para entender o impacto imediato da plataforma no ecossistema cripto.