IA da RF rastreia criptomoedas e expõe fraudes bilionárias

IA da Receita Federal rastreia criptomoedas e fraudes

Receita Federal usa inteligência artificial para combater fraudes e crimes digitais

A Receita Federal do Brasil intensificou o uso de inteligência artificial para rastrear transações digitais e combater fraudes fiscais. Durante o Seminário LIDE Segurança Pública, realizado em São Paulo, a auditora Sônia Accioli revelou que os sistemas já identificaram esquemas de sonegação somando R$ 11 bilhões. Além disso, ela ressaltou que a tecnologia possibilita detectar movimentações suspeitas com criptomoedas. Também permite mapear redes complexas de empresas e antecipar irregularidades antes que virem fraudes consolidadas. Essa abordagem, segundo a auditora, não serve apenas para punir. Ela também estimula a conformidade voluntária e evita litígios.

O evento reuniu especialistas em segurança pública, executivos do setor financeiro e representantes do governo. O secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, aproveitou o momento para anunciar a criação da Rede Ciber. A plataforma conecta delegacias especializadas em crimes digitais em todo o Brasil. O Ministério da Justiça destinou R$ 50 milhões para que cada unidade estadual adquira softwares avançados de extração de dados, como o Cellebrite. Assim, a integração promete respostas mais rápidas e efetivas diante do crescimento do crime digital.

Fraudes bilionárias e vulnerabilidades digitais exigem respostas rápidas

Os dados apresentados no seminário chamaram a atenção pelo volume. Só a Prefeitura de São Paulo, segundo Francisco Forbes, presidente da Prodam, sofreu 83 milhões de tentativas de ataque cibernético em apenas 30 dias. Essa robotização do crime digital permite ações simultâneas e aumenta os riscos para governos e empresas.

Além disso, especialistas alertaram que a criminalidade organizada avança mais rápido do que a capacidade de resposta das forças policiais. O coronel reformado José Vicente da Silva Filho destacou que não basta prender criminosos usando câmeras inteligentes. É preciso investir na inteligência humana, no trabalho comunitário e na integração nacional.

Ainda no evento, Chen Gilad, diretor da CoSecurity, alertou para a vulnerabilidade do fator humano. Ele citou casos de golpes com clonagem de voz, nos quais criminosos se passam por executivos para induzir funcionários a fazer transferências. Essa abordagem evidencia que, mesmo com sistemas avançados, o elo fraco pode ser o usuário. Portanto, educação digital e protocolos de segurança continuam indispensáveis para reduzir fraudes e aumentar a resiliência das organizações.

Tecnologia e integração como aliadas no combate ao crime

A diretora-geral Camila Pintarelli destacou que o Fundo Nacional de Segurança Pública movimenta atualmente R$ 27 bilhões. Segundo ela, os recursos estão sendo aplicados em soluções tecnológicas, como drones e câmeras corporais, para ampliar a capacidade investigativa dos estados e municípios. Assim, a segurança pública se torna mais moderna e eficaz.

O secretário Mário Sarrubbo reforçou que “o crime avança quando não é esclarecido”. Somente a combinação de financiamento adequado, integração e uso intensivo de tecnologia pode conter a escalada dos crimes digitais.

O setor financeiro também entrou em pauta. André Salgado Félix, head jurídico do C6 Bank, apresentou mecanismos criados para proteger clientes contra golpes digitais e sequestros-relâmpago. Esses sistemas de IA identificam transações atípicas e acionam autoridades. Já Adauto Duarte, da Febraban, revelou que mesmo com R$ 5 bilhões investidos em segurança em 2024, o setor bancário teve perdas de R$ 14 bilhões em fraudes. Esses números evidenciam o desafio constante enfrentado pelo setor.

O uso da inteligência artificial pela Receita Federal e por outros órgãos mostra um caminho sem volta na luta contra crimes fiscais e digitais. Ao mesmo tempo, os debates no Seminário LIDE reforçam que tecnologia sozinha não resolve. Integração, capacitação e financiamento estruturado são indispensáveis para que estados, municípios e instituições privadas acompanhem a sofisticação das ameaças. Portanto, a combinação de IA, educação digital e políticas públicas bem planejadas torna-se peça-chave para proteger cidadãos, empresas e o próprio Estado em um cenário de riscos cada vez maiores.