Impacto das vendas de fim de ano no preço do Bitcoin

O preço do Bitcoin costuma enfrentar pressões específicas em dezembro, e esse comportamento segue um padrão influenciado por estratégias fiscais adotadas por investidores e instituições. Além disso, esse movimento anual aparece com frequência devido à busca por eficiência tributária, o que gera um aumento de vendas temporárias e redução de preços durante o período festivo.

No entanto, esse fluxo não tem relação com pânico de mercado. Em vez disso, muitos investidores vendem ativos desvalorizados para registrar perdas e compensar lucros obtidos ao longo do ano. Essa prática reduz o imposto devido e abre espaço para recompras no início de janeiro. Assim, forma-se um ciclo que, historicamente, contribui para quedas momentâneas seguidas por recuperações rápidas.

Esse processo é conhecido como tax-loss harvesting. A técnica envolve a venda de ativos que estão abaixo do preço de compra para gerar perdas registráveis. No mercado tradicional dos Estados Unidos, a regra de wash sale impede a recompra do mesmo ativo em menos de 30 dias. No entanto, essa restrição não se aplica ao Bitcoin ou a outros criptoativos, e isso permite recompras imediatas. Portanto, grandes movimentos de venda e recompra costumam ocorrer entre o fim de dezembro e o início de janeiro.

Quando grandes investidores vendem Bitcoin comprado acima do valor atual, como em um caso hipotético de compra por US$ 1,2 milhão e venda por US$ 1 milhão, a perda de US$ 200 mil pode ser registrada e usada para reduzir tributos. Além disso, essa perda pode ser carregada para anos seguintes. Depois disso, muitos investidores recompram o ativo já em janeiro para retomar suas posições.

Analistas explicam que as vendas de fim de ano se intensificam devido à ausência da regra de wash sale para cripto, o que facilita operações de otimização fiscal.

Instituições ampliam a volatilidade de dezembro

Além das estratégias fiscais individuais, instituições financeiras também contribuem para a volatilidade sazonal. Muitas realizam o chamado window dressing, que envolve ajustes de portfólio no fim do ano. Dessa forma, gestores vendem ativos com desempenho fraco para que não apareçam nos relatórios enviados a clientes. Ao mesmo tempo, reforçam posições em ativos que se destacaram ao longo do ano.

A soma dessas práticas aumenta a pressão sobre ativos voláteis, incluindo o Bitcoin. Além disso, a baixa liquidez comum durante as festas de fim de ano intensifica movimentos bruscos, já que há menos participantes no mercado. Portanto, oscilações mais acentuadas se tornam comuns.

Outro fator importante é o rebalanceamento de portfólios. Gestores que seguem modelos rígidos de alocação precisam ajustar proporções quando o Bitcoin valoriza muito ao longo do ano. Assim, parte da posição é vendida para manter o equilíbrio entre as classes de ativos. Traders de curto prazo também costumam encerrar operações alavancadas para evitar riscos elevados enquanto estão afastados nesse período.

No conjunto, essas práticas criam um ambiente de forte pressão vendedora. No entanto, como se trata de estratégias estruturadas e temporárias, as quedas tendem a ser seguidas por movimentos de recuperação no início do ano. Assim, janeiro frequentemente marca o retorno do impulso comprador após o encerramento das operações fiscais de dezembro.