Índia tenta atrair Apple para capitalizar com a guerra comercial EUA-China

Fugindo da taxas

De acordo com uma fonte e um documento vistos pela Reuters, a Índia está mirando empresas como Apple, Foxconn e Wistron Corp, para atrair esses negócios para fora da China, atingida pela guerra comercial.

Várias autoridades indianas se reuniram em 14 de agosto e discutiram uma lista de “empresas-alvo” que também incluem a fabricante com sede em Taiwan, Pegatron Corp.

A disputa entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo, levou a tarifas mais altas de mercadorias no valor de bilhões de dólares e interrompeu as cadeias de suprimentos globais, levando as empresas a procurar outras vias de investimento para escapar dessas tarifas.

No tempo certo?

Em meio a sugestões de que a Índia está atrasada para capitalizar com a guerra comercial, os ministérios do governo enviaram suas políticas e estruturas de incentivo ao Invest India, a agência de promoção de investimentos estrangeiros do país. Serão visados nove setores, incluindo eletrônicos, produtos farmacêuticos, automobilísticos e telecomunicações.

O documento disse que o governo se reunirá com empresas entre 26 de agosto e 5 de setembro para sugerir as melhores zonas de investimento para suas operações. Os governos estaduais também participarão.

De acordo com o registro da reunião do governo no dia 14 de agosto, um “pacote completo” detalhando os fatores de mercado e os incentivos indianos oferecidos será preparado para apresentar aos potenciais investidores: Apple, Wistron, Pegatron e Foxconn não comentaram.

Não está claro se o governo distribuirá novos incentivos ou apenas detalhará os existentes, mas o documento mostra que a Índia quer explorar oportunidades e avançar rapidamente.

Diante desses acontecimentos o destino dessas empresas tem caminhado a países como o Vietnã, dadas as liberações mais rápidas e as políticas estáveis que oferecem, dizem especialistas do setor.

O Alphabet, da Google, está transferindo sua produção de smartphones Pixel da China para o Vietnã a partir deste ano, informou o jornal Nikkei nesta quarta-feira.

“Há outro país monstro que tem um enorme mercado doméstico, a Índia, mas eles precisam se mexer”, disse Richard Rossow, especialista dos EUA na Índia no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais em Washington.

“Não há tempo a perder na captura dessa nova onda e, de fato, a pergunta é: eles já perderam?”

Se beneficiando da guerra comercial

A guerra comercial também abalou as cadeias de suprimentos automotivas globais e afetou as grandes montadoras.

Oficiais indianos esta semana encontraram-se separadamente com representantes locais de montadoras, incluindo Volkswagen, Hyundai Motor e Honda Motor, para ver se considerariam transferir algumas operações da cadeia de suprimentos da China para a Índia, segundo a fonte e um oficial do setor que participou da reunião.

“O governo está vendo isso como uma grande oportunidade”, disse o funcionário do setor.

A Honda se recusou a comentar, enquanto a Volkswagen e a Hyundai não responderam.

A prolongada disputa comercial também abalou a Apple, que enfrenta taxas de 15% impostas pelo governo dos EUA sobre os principais produtos fabricados na China.

A Índia é o segundo maior mercado de smartphones do mundo, com enorme espaço para crescimento. Mas enquanto empresas como a Foxconn, que montam telefones da Apple na Índia, aprofundaram sua presença na Índia, executivos dizem que países como a China oferecem uma força de trabalho mais qualificada e um ecossistema de componentes melhor organizado.

Um executivo sênior da indústria de smartphones na Índia disse que futuras decisões de investimento corporativo dependeriam principalmente de um país poder oferecer estabilidade política e autorizações mais rápidas.

“No final das contas, o Vietnã é um país pequeno e não é possível aumentar a capacidade da cadeia de suprimentos em grande escala e em várias camadas”, disse o executivo.

O governo indiano também compartilhará uma lista de empresas estrangeiras com seus consulados, que terão a tarefa de marcar reuniões com as empresas em sua sede.

“Este exercício deve começar primeiro com empresas chinesas com sede na China e ser concluído antes de 15 de setembro de 2019, incluindo reuniões individuais”, afirmou o documento.

Fonte: Reuters

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Foto de Bruno Lugarini O autor:

Estudante de Sistema da Informação, técnico de informática, apaixonado por tecnologia, entusiasta das criptomoedas e Nerd.