Instituições impulsionam recuperação do Bitcoin e do Ethereum após maior liquidação da história cripto

Colapso provocado por tensões comerciais entre EUA e China apagou US$ 1 trilhão do mercado, mas grandes investidores aproveitaram para acumular BTC e ETH a preços reduzidos
Após o maior evento de liquidação da história das criptomoedas, o mercado mostrou uma reviravolta surpreendente. Em apenas 24 horas, cerca de US$ 190 bilhões voltaram ao setor, elevando o valor total das criptos para mais de US$ 4 trilhões. O movimento foi liderado por compras institucionais de Bitcoin e Ethereum, que voltaram a subir fortemente após o colapso.
Na última semana, a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de 100% sobre importações chinesas desencadeou uma onda de pânico nos mercados globais. O S&P 500 recuou mais de 2%, e as criptomoedas sofreram uma liquidação em massa: mais de US$ 20 bilhões em posições alavancadas foram encerradas e cerca de US$ 1 trilhão em valor de mercado evaporou em poucas horas. Bitcoin chegou a cair para US$ 102 mil, enquanto Ethereum despencou abaixo de US$ 3.500.
Entretanto, o cenário se inverteu rapidamente. Dados da CryptoQuant mostram que o índice Coinbase Premium do Bitcoin — indicador que mede a diferença de preços entre Coinbase (em USD) e Binance (em USDT) — atingiu seu maior nível em 19 meses, apontando para forte compra institucional durante a queda. Em vez de fugir do risco, investidores profissionais aproveitaram os preços reduzidos para reforçar suas posições, o que ajudou a estabilizar o mercado e estabelecer um novo suporte próximo de US$ 110 mil.
O mesmo padrão se repetiu no Ethereum, cujo índice de prêmio na Coinbase alcançou o maior valor de 2025. Grandes investidores viram o colapso como uma oportunidade de acumular ETH a preços descontados, reforçando a percepção de confiança de longo prazo no ativo.
Essa movimentação institucional, combinada à cobertura de posições vendidas e ao ajuste das alavancagens, impulsionou a rápida recuperação dos preços. Bitcoin voltou à faixa dos US$ 115 mil e o Ethereum ultrapassou novamente os US$ 4.200. Altcoins também reagiram, com destaque para tokens ligados à inteligência artificial, como Bittensor (TAO), ChainOpera (COAI) e Render (RNDR), que registraram altas expressivas.
Analistas apontam que o colapso de outubro funcionou como uma “limpeza de mercado”, eliminando excessos de alavancagem semelhantes aos observados em grandes crises anteriores, como a de 2020 e a do colapso da FTX em 2022. Apesar da volatilidade ainda elevada, especialistas afirmam que o comportamento das instituições indica uma base sólida para a próxima perna de alta.
Para Justin d’Anethan, da Arctic Digital, o episódio mostrou a resiliência do Bitcoin. “O fato de a moeda ter se mantido acima de US$ 115 mil após uma liquidação desse porte é um sinal claro de força estrutural”, afirmou.