KYC: o que é Know Your Customer?

Você sabe o que é know your customer e porque você submete seus dados?

A política know your customer, também conhecida como KYC, é aplicada em diversas exchanges de criptomoedas do mundo todo.

São diversos procedimentos que visam revelar para a plataforma de troca quem são seus clientes, a fim de facilitar o rastreio, caso seja identificado que o cliente está envolvendo em alguma atividade ilícita – e provavelmente está utilizando criptomoedas para lavar o dinheiro da operação.

Geralmente, são pedidos dados como documento de identificação (o que já inclui nome e foto), o número de uma conta bancária, endereço e uma foto com o nome da plataforma de troca escrito em um papel. Essa é a prática da maioria das exchanges.

Contudo, nem sempre ela é vista com bons olhos.

Dados podem ser comprometidos

A problemática do KYC é ampla. A primeira delas é: quem verifica os dados enviados é um funcionário da exchange, uma pessoa. Como é de ciência de todos que entendem o mais básico dos conceitos das criptomoedas, a blockchain é uma excelente invenção porque ela retira o aspecto corruptível do ser humano da equação.

Por ser uma pessoa, passível de corrupção, responsável por analisar os dados, é possível que ela venda os dados de clientes com saldos generosos mantidos na plataforma de troca. Este é o primeiro problema.

O usuário da plataforma pode, eventualmente e na melhor das hipóteses, ser alvo de hackers, que tentarão a todo custo abrir uma brecha na plataforma e tomar os fundos do usuário – geralmente por ataques de phishing. Na pior das hipóteses, um grupo criminoso pode atentar contra a vida do usuário da plataforma, por meio de um sequestro, por exemplo. Como a transferência de cripto ativos é irreversível, a vítima fica a mercê da boa vontade dos criminosos após transferir os fundos.

O KYC toca também a questão da regulamentação das criptomoedas. Aqui no Brasil, por exemplo, a Receita Federal está fazendo tudo em seu alcance para forçar as exchanges a “entregarem” seus clientes, prestando os dados coletados durante a prática de know your customer – com o intuito único de cobrar impostos sobre os ganhos. Porém, esta situação é afetada pelo mesmo problema: nada impede que um funcionário do governo venda os dados de pessoas com grandes saldos de criptomoedas.

Rocelo Lopes, CEO da Stratum Blockchain Tech, durante o meet up Crypto Never Stops, comentou sobre a problemática das regulamentações e políticas KYC:

“Bom, eu informo quanto eu tenho para vocês [reguladores] e o funcionário da receita federal vende meus dados. Agora uma célula terrorista do Paquistão sabe que eu tenho 1000 Bitcoins na minha carteira. Se eles aparecem na minha casa e explodem uma bomba, cadê a regulamentação para me proteger? Então f***-se se eu morrer?”

Este é o ponto utilizado por aqueles que são contrários ao KYC: caso os dados sejam vazados, os fundos e a integridade física do detentor das criptomoedas estão em risco. Isso contradiz um dos pilares da revolução prevista por Satoshi Nakamoto, que é o anonimato. A própria exchange liderada por Rocelo, Stratum CoinBr, não aplica políticas KYC – é necessário informar apenas um email.

O outro lado da moeda

Durante um debate envolvendo CEOs de outras plataformas de troca, realizado pelo canal Dash Dinheiro Digital, o próprio Rocelo enxergou o lado do KYC – o que diz respeito às exchanges.

O KYC serve de “garantia” para as plataformas de troca, caso alguma transação seja feita erroneamente e criptos sejam creditadas além do que deveria. Desta forma, a exchange teria como contatar o usuário que recebeu criptomoedas a mais, reavendo seus fundos.

Portanto, por essa ótica, o KYC seria uma forma de resguardar a exchange, bem como a sociedade – ao expor possíveis esquemas de lavagem de dinheiro, financiamento de causas terroristas, etc.

E você, o que acha da aplicação de KYC?