Lagarde pode mudar postura do BCE em relação às criptomoedas

Banco Central Europeu não tem mostrado muita preocupação com o risco que os ativos digitais, como o Bitcoin, representam para o sistema econômico

Em 17 de setembro, o Parlamento Europeu aprovou Christine Lagarde para a presidência do Banco Central Europeu (BCE). A nomeação dela pode indicar a vinda de uma onda de regulamentação crypto por parte do BCE.

A indicação de Lagarde, que atuou como diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) até sua renúncia entrar em vigor, em 12 de setembro, depende da aprovação do Conselho Europeu. A votação no Conselho está prevista para meados de outubro.

O BCE é encarregado da política monetária dos 19 países da Europa que adotaram o euro. Já o Parlamento Europeu é o órgão legislativo de toda a União Europeia, que inclui mais nove nações que não usam o euro.

O atual presidente do BCE, Mario Draghi, está no cargo desde 2011 e terminará seu mandato no fim de outubro. Historicamente, Draghi não considera que seja papel da instituição se envolver com criptomoedas. Para ele, esse campo é das agências de proteção ao consumidor. Em maio de 2019, Draghi declarou publicamente não considerar as criptomoedas significativas o suficiente para afetar a economia em larga escala.

“Tendemos a considerá-las como ativos especulativos – altamente arriscados. Mas, no que diz respeito ao resto, a tarefa de monitorar e possivelmente regular as criptomoedas não é algo que pertença realmente ao Banco Central”, afirmou Draghi.

Lagarde pode ou não ser pró-criptomoeda, mas ela parece discordar de Draghi sobre o efeito que o Bitcoin e outras criptomoedas têm na economia. Em abril de 2019, um mês antes dos comentários do atual presidente do BCE, ela disse à CNBC que achava que o papel dos disruptores e de qualquer coisa que usasse a tecnologia de contabilidade distribuída, fosse chamada de cripto, ativos, moedas ou outro nome, estava nitidamente mexendo com o sistema.

E, ao menos um ano antes disso, Lagarde já havia decidido que essas moedas, ou “o que quer que fossem”, precisavam ser reguladas. Em uma postagem de março de 2018 para o blog do FMI, ela argumentou que os criptoativos ameaçavam a estabilidade financeira.

“O rápido crescimento de criptoativos, a extrema volatilidade em seus preços negociados e suas conexões mal definidas com o mundo financeiro tradicional podem facilmente criar novas vulnerabilidades. Portanto, precisamos preparar estruturas regulatórias para enfrentar um desafio em desenvolvimento”, escreveu Lagarde.

Ainda assim, o FMI não é o BCE, embora ambos tenham um papel na salvaguarda da estabilidade financeira. Enquanto Lagarde não assumir o cargo de presidente do Banco Central Europeu, em 1º de novembro, não há como saber até que ponto ela vê a regulamentação da criptomoeda como parte da missão do BCE.

* Imagem: Thomas Dooley/FMI
Fonte: Decrypt

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Foto de Simone Gondim O autor:

Jornalista, revisora e roteirista, apaixonada por tecnologia e especializada em conteúdo.