Com a pressão da União Europeia por conta da lentidão na Internet, a Netflix concordou em diminuir a qualidade de seus vídeos. Mas um importante cientista diz que a Internet pode lidar com a carga tranquilamente.

Submetida hoje à pressão da União Europeia (UE), a Netflix concordou em diminuir a qualidade gráfica de sues vídeos para preservar a largura de banda da Internet para pessoas em quarentena que estão trabalhando em casa. Mas um importante cientista da computação do MIT diz que a mudança foi totalmente desnecessária. Há largura de banda suficiente na Europa e no resto do mundo.

“Isso só me diz que eles não entendem como a Internet funciona”, disse David Clark, cientista sênior do Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial do MIT.

Netflix concorda em diminuir qualidade de vídeo

No início da quinta-feira, o comissário do Mercado Interno e Serviços da UE, Thierry Breton, pediu a Netflix, YouTube e outros serviços de streaming que reduzissem o consumo da Internet. Thierry ligou pessoalmente para o CEO da Netflix, Reed Hastings, para solicitar isso.

Em resposta, a Netflix concordou em reduzir os fluxos de alta definição para definição padrão, reduzindo a taxa de bits na Europa.

“Estimamos que isso reduzirá o tráfego da Netflix nas redes europeias em cerca de 25%, garantindo também um serviço de boa qualidade para nossos membros”, afirmou a empresa em comunicado.

Mas Clark disse que a Internet foi construída para lidar com esse tipo de coisa. Além disso, o aumento do uso que estamos vendo agora de serviços de vídeo em casa, como Zoom, Google Hangouts, Skype e outros, devem ser facilmente usados na Internet.

Uma abordagem irrealista

“A ideia de que de alguma forma isso dobrará o pico de carga não é realista”, disse ele, observando que a Internet foi projetada para lidar com sobrecargas.

Segundo a biografia de Clark, ele trabalha no desenvolvimento da Internet desde meados da década de 1970. De 1981-1989, atuou como Arquiteto Chefe de Protocolo e presidiu o Conselho de Atividades da Internet. Atualmente, ele está preocupado “com a redefinição dos fundamentos arquitetônicos da Internet e a relação de tecnologia e arquitetura com considerações econômicas, sociais e políticas”.

Clark enfatizou que a largura de banda da Internet não é uma coisa estática. Mais capacidade está sendo adicionada o tempo todo. Se houver um aumento transitório na demanda, a resposta é adicionar mais capacidade; portanto, a ideia de que a Internet possa atingir seu pico de alguma forma é um mito. Não há pico.

Problemas locais

Clark enfatizou que o importante para as pessoas entenderem é que pode haver congestionamento local.

“Pode haver um lugar de Cambridge [Massachusetts] onde eles precisam puxar mais fibra. E você pode estar tendo uma experiência ruim – mas não é uma falha no sistema. ”

Pedir à Netflix que codifique voluntariamente todos os seus vídeos de HD para definição padrão não faz muito sentido, ele explicou, que a Netflix automaticamente muda os códigos de alta definição para definição padrão se encontrar congestionamentos.

“Ela já faz isso automaticamente. Você não precisa dizer a eles. É só isso – disse Clark.

 

“A menos que seu objetivo seja fazer esse downgrade da televisão de entretenimento para garantir que algo importante seja transmitido, deixe o sistema funcionar porque ele se adapta”, disse ele. “A resposta é que existe muita capacidade no sistema para absorver o choque da demanda”.

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Fonte: Decrypt