Libra e Bitcoin: disputa ou colaboração?
O que se aponta como uma disputa pelo protagonismo do mercado crypto pode ser um impulso mútuo entre Libra e Bitcoin. Um dos grandes desafios para a moeda do Facebook é o cenário regulatório
A chegada da Libra, criptomoeda capitaneada pelo Facebook e com operação prevista para 2020, vem sendo vista por alguns analistas como o grande salto do mercado crypto, depois do próprio surgimento do Bitcoin. Mas o que, em princípio, pode ser visto como uma mera disputa de protagonismo, com as duas moedas rivalizando para alcançar a liderança do mercado de ativos criptografados, também pode se converter, como visualizam alguns analistas, numa produtiva relação colaborativa entre Libra e Bitcoin.
Num recente painel de discussão promovido pela plataforma informativa CNBC, Bart Smith, Digital Assets Head da Susquehanna, empresa da área de investimentos financeiros, se manifestou nesse sentido. Matéria do AMB Crypto sobre o debate destaca que o executivo começou ressaltou que o perfil de token digital apoiado por bancos fiduciários, diferencia a Libra do conceito básico de criptomoeda. A grande aproximação, na visão do executivo se dá pelo uso do blockchain, uma tecnologia inerente ao Bitcoin.
E aí reside o que Smith aposta que pode ser um grande ponto de impulso ao Bitcoin, por parte da Libra. A popularidade do Facebook, com seus mais de 2 bilhões de usuários deve levar mais pessoas a conhecerem a primeira moeda virtual da história, aumentando a informação e a conscientização em torno dessa opção de investimento. Um contexto que, inclusive, tem feito com que muitos experts apostem na relação da Libra com a valorização do Bitcoin que vem sendo negociado na casa dos U$ S 13 mil.
Desafios regulatórios em vista
Em se considerando o cenário regulatório é que parece se apontar o principal entrave, nas repercussões advindas do recente anúncio oficial da criptomoeda da companhia de Mark Zuckerberg. O presidente do Federal Reserve, sistema de bancos centrais dos Estados Unidos, reforçou a posição observada por órgãos reguladores do país, dizendo que o projeto do Facebook vem sendo observado om muito cuidado.
“Dada a possível escala, acho que nossas expectativas do ponto de vista da defesa do consumidor, do ponto de vista regulatório, serão muito, muito altas”, disse Jerome Powell, conforme matéria do “The Economic Times”.
Nesse sentido, o o Comitê de Serviços Financeiros americano orientou o Facebook a suspender o desenvolvimento de sua moeda virtual até que o Congresso e os reguladores tenham a oportunidade de examinar a moeda virtual adequadamente. O G7 também anunciou a criação de uma força-tarefa liderada pela França com o foco de avaliar sob que perspectivas os bancos centrais podem regulamentar os ativos digitais como o recém-lançado pelo Facebook.
Do chefe da autoridade de Supervisão Financeira da Alemanha veio outro alerta. De acordo com informação divulgada pelo Cointelegraph, Felix Hufeld sinalizou a necessidade de estabelecer um marco regulatório internacional, já que o que ele teria chamado de questões consideráveis de controle devem surgir com a Libra entrando em uso. Uma posição parecida com a adotada pelo Banco Central da França, em depoimento do presidente da entidade, François Villeroy de Galhau. A Suíça, por outro lado, é que tem se mostrado mais receptiva, com Genebra sendo anunciada como a sede da Associação Libra, conforme o Webitcoin noticiou no link abaixo.
- Veja também: Genebra vai sediar a Associação Libra
Jornalista desde sempre interessada pelos canais digitais, tem se dedicado à estratégia e produção de conteúdos. Em 2018, se aproximou da temática das criptomoedas e atua como redatora de projetos do mercado financeiro digital.