Louis Vuitton, Dior, Givenchy e outras grandes marcas irão utilizar o Blockchain para rastrear produtos de luxo
Marcas de luxo irão utilizar a tecnologia para garantir a autenticidade de seus produtos
De acordo com a CoinDesk, a LVMH, conglomerado de marcas de luxo responsável por marcas como a Louis Vuitton, irá lançar a plataforma blockchain AURA com o objetivo de provar a autenticidade de produtos caros.
Programada para entrar em operação em maio ou junho, a plataforma também será utilizada pela Parfums Christian Dior e outras marcas de luxo do conglomerado, como BVLGARI, Fendi, Marc Jacobs e Givenchy.
A LVMH contratou uma equipe blockchain que está trabalhando em tempo integral de modo furtivo há mais de um ano. O grupo aparentemente está desenvolvendo o projeto juntamente com a ConsenSys e Microsoft Azure. A plataforma foi construída utilizando uma versão do blockchain do Ethereum chamada Quorum, rede desenvolvida pela JP Morgan focada na privacidade de dados.
De acordo com a CoinDesk, a iniciativa só seria anunciada no lançamento oficial do projeto, entretanto uma fonte envolvida aparentemente vazou a informação.
“Para começar, a AURA irá fornecer uma prova de autenticidade para itens de luxo e rastrear suas origens desde a matéria-prima até o ponto de venda e além dos mercados de bens usados. A próxima fase da plataforma irá explorar a proteção de propriedade intelectual criativa, ofertas e eventos exclusivos para os clientes de cada marca, além de combater fraude em anúncios.”, disse a fonte não identificada.
O método White-Label
Controlando mais de 60 marcas de luxo de grande renome no mercado, a LVMH relatou receitas de US$53 bilhões em 2018, e apesar de ter dado um grande passo, o conglomerado não é o primeiro grande nome do mercado a utilizar o blockchain para fins de rastreamento e autenticidade.
Outras plataformas de luxo e mini consórcios, como Vechain ou Arianee também abraçaram a tecnologia.
De acordo com a fonte anônima, a LVMH questionou a possibilidade de permitir que terceiros se posicionassem entre suas marcas e parceiros, especialmente poque supostamente o blockchain é uma tecnologia que elimina intermediários.
“Isso deve ser feito na forma de um consórcio da indústria, ao invés de terceiros adentrando o mercado.”, acrescentou.
Como tal, o conglomerado pretende oferecer o serviço no formato white-label (etiqueta branca), que consiste em um modelo de negócio onde um produto produzido por determinada marca pode ser utilizado/revendido por outras. Desta forma, ao invés de criar um aplicativo ou algo similar, a AURA estará presente por trás das marcas que a utilizam.
“Então, se você é um cliente de uma marca de luxo, você não verá a AURA, você verá o aplicativo da Louis Vuitton ou o aplicativo de outra marca de luxo”
Em teoria, o projeto parece algo ótimo. Na prática, entretanto, pode ser algo complicado visto que até mesmo grandes concorrentes da LVMH poderão utilizar a plataforma.
Para evitar os mesmos problemas identificados pelo blockchain estabelecido entre a IBM e a Maersk, a LVMH pretende doar toda a propriedade intelectual (PI) para uma entidade separada, que será de propriedade das marcas participantes.
“Então a Gucci, por exemplo, poderia decidir entrar na plataforma e ser acionista – caso no qual sua reivindicação para a PI seria tão grande quanto a da Louis Vuitton. Essa é a principal diferença entre este projeto e o projeto da IBM e Maersk, tornando-o muito mais comparável ao Komgo, consórcio de trade finance.”
Ainda mais, as ferramentas de privacidade do Quorum devem garantir que nenhuma informação seja vazada entre as marcas ou clientes.
De acordo com a fonte, além de facilitar a cooperação entre as empresas, o projeto está alinhado com padrões da indústria de bens de luxo e com os recentes esforços anti-falsificação do Escritório de Propriedade Intelectual da União Europeia.
Muito além do CryptoKitties
Não surpreende que o conglomerado tenha optado por uma variedade empresarial do Ethereum, visto que é o blockchain que originou o padrão ERC-71 non-fungible token (NFT). Isso permite representações digitais que não apenas são imutáveis como fornecem uma marca de um item exclusivamente único.
Embora o exemplo mais famoso de NFT seja o jogo CryptoKitties, esse tipo de token possui grande potencial comercial. Ele poderia, por exemplo, identificar uma bolsa de mão e rastrear todo seu ciclo de vida, desde uma fazenda de jacarés até a loja onde foi vendida pela primeira vez, e depois as múltiplas cadeias de proprietários que possuíram e revenderam.
Aparentemente, outro motivo para a LVMH ter optado pelo Ethereum, é porque o grupo enxerga a versão atual apenas como um passo intermediário para uma visão maior.
“Eles observam que a linha permissível e as redes públicas precisam ser interoperáveis se quiserem devolver a energia aos clientes. É também um caminho para que uma rede global de distribuidores e revendedores se conectem a uma rede sem restrições”, concluiu a fonte.
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FONTE: COINDESK
Simpatizante das criptomoedas, após cursar Arquitetura e Urbanismo, reavivou um antigo gosto pela escrita e atualmente trabalha como redatora do WeBitcoin.