Mercado de criptoativos agitado com a propagação do coronavírus

Como os investidores estão se comportando? Especialistas do setor respondem

bitcoin criptomoedas
O coronavírus vem assustando os investidores do mercado de criptomoedas. Apenas nas últimas 24 horas, o BTC perdeu 6% de seu valor.

As perspectivas para a economia global para 2020 e 2021 já não eram um dos melhores. Na avaliação dos líderes financeiros das 20 maiores economias do mundo, a previsão era de um crescimento modesto. As razões para isso incluem as tensões crescentes no Oriente Médio e o conflito comercial em curso entre China e Estados Unidos. Agora, a epidemia do novo coronavírus agrava mais esse quadro.

Especialistas acreditam que o crescimento da China, que deve ficar abaixo de 6% – o menor em 30 anos -, será ainda mais prejudicado pelo surto de coronavírus.

Alguns trabalhadores estão doentes, outros estressados com a possibilidade de pegar a doença. Mais gente está sem trabalhar, insumos não chegam às fábricas, produtos não chegam a consumidores, e fica difícil escoar a produção para fora do país. Nada disso é bom para a geração de renda no país.

A China hoje já responde por cerca de 18% do PIB global. Está bastante integrada à economia mundial. Portanto, o potencial de afetar o resto do mundo é enorme. O efeito mais óbvio é que, com a renda crescendo menos por lá, os chineses não conseguirão importar tanto quanto antes.

As exportações de outros países diminuem, o que prejudica a economia de todos. Como exemplo, temos a produção de celulares das marcas Motorola e Samsung no Brasil que já foi comprometida pela falta de peças. Fábricas precisaram paralisar suas atividades.

Desde domingo, a perda foi de US $ 40 bilhões em capitalização de mercado, e as ações dos Estados Unidos não se recuperaram ainda de uma perda de US $ 2,5 trilhões dos últimos dois dias.

Mas e a criptomoeda neste quadro em que os caminhos dos preços de coronavírus e cripto são igualmente imprevisíveis?

Apesar de o criptoativo ser frequentemente elogiada como um “ativo refúgio” em tempos de crise, a questão é que o coronavírus também tem assustado os seus investidores.

O que vem acontecendo, de concreto, é que seus preços também caíram. Apenas nas últimas 24 horas, o BTC perdeu 6% de seu valor. Ethereum piorou, com perdas próximas de 10%.

A principal diretora adjunta dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Anne Schuchat, disse, esta semana, a repórteres durante conferência de imprensa dos Serviços de Saúde e Humanos dos Estados Unidos (HHS) que “não se trata tanto de se uma pandemia acontecerá, mas, sim, de uma questão de quando “.

O COVID-19, relatado pela primeira vez em Wuhan, China, em dezembro, já havia infectoado pelo menos 81.000 pessoas em 38 países, matando cerca de 2.800. No início da semana, foram comunicados casos em quatro novos países: Argélia, Áustria, Croácia e Suíça.

Por isso, é difícil saber exatamente o que está acontecendo, afirma Tamlyn Rudolph, cofundadora do Vega Protocol, que tem mestrado em matemática financeira e se interessa pelo comércio de energia antes de entrar na criptografia.

Rudolph disse ao Decrypt:

Se havia mercados mais maduros e extensivos em torno do bitcoin, incluindo mercados fornecendo indicadores prospectivos, como swaps de variação, futuros de taxa de hash, opções líquidas, produtos de distribuição (geográfica) de mineração, então o preço que se move nesses mercados permitiria que os comerciantes analisassem e entendessem melhor por que o subjacente (bitcoin) estava se movendo durante eventos de mercado como esses “.

No entanto, como acontece, os mercados de criptomoedas estão em sua infância. Ainda assim, Alex Mashinsky, CEO da Celsius Network, com experiência em economia e investimentos em fundos de risco, tinha uma teoria para a Decrypt de que a queda é apenas de curto prazo.

Segundo Mashinsky, o aumento da volatilidade em ações e commodities significa que as pessoas estão se mudando para ouro e dinheiro. “Bitcoin não é exceção”, frisa.

“Embora deva agir como um porto seguro, os comerciantes (especialmente os que estão em alavancagem) precisam liquidar primeiro e isso causa uma venda em massa que desencadeia liquidações”, explica.

Nesse ponto, algoritmos e bots de negociação de alta frequência observam o que está acontecendo e aceleram a liquidação. No entanto, para Mashinsky, “após essa onda, devemos ver a normalização e novas compras dos detentores de longo prazo que veem o coronavírus e um motivo para adquirir o BTC a longo prazo, em vez de vender”.

O grau de interligação da progressão do coronavírus com o preço da cripto está aberto a debate. Como ilustra o exemplo de Mashinsky, não há correlação inversa clara entre eventos globais e movimentos de mercado. Além disso, mesmo supondo que houvesse, não está claro como a próxima fase do COVID-19 se desenrolará.

“É muito perigoso fazer previsões com um vírus, especialmente um vírus novo”, disse o secretário do HHS, Alex Azar, na conferência de imprensa. O mesmo conselho pode se aplicar à previsão de preços de criptomoedas.

Fonte: Decrypt

 

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Foto de Elen Genuncio O autor:

Jornalista com especialização em História do Brasil pela UFF, trabalhou em diversos veículos de comunicação como O Globo, Jornal do Commercio, revista PC Mundo e Rádio Tupi.