Mercado encara forte aversão a risco com quedas em tecnologia e criptomoedas

A terça-feira reforçou uma mudança relevante no sentimento global. Embora alguns investidores esperassem estabilidade, a pressão aumentou nos índices acionários e nas criptomoedas. Além disso, o capital migrou para posições mais defensivas, o que ressaltou uma aversão a risco mais intensa. Assim, o mercado passou a reprecificar ativos ligados ao ciclo macro e à inteligência artificial.
Setor de tecnologia intensifica queda e pressiona índices dos EUA
O mercado acionário recuou pelo segundo dia seguido, e o setor de tecnologia voltou a liderar as perdas. O Dow Jones caiu 584 pontos, ou 1,3%, enquanto o S&P 500 recuou 1,1% e se aproximou da quarta sessão negativa consecutiva. Além disso, o Nasdaq caiu 1,1% e repetiu o padrão, sinalizando enfraquecimento consistente desde agosto, segundo a CNBC.
A pressão aumentou porque as empresas ligadas à inteligência artificial não reagiram. Nvidia caiu 2% e acumula perda mensal de 10%. Amazon e Microsoft também recuaram, mesmo com a proximidade do balanço da Nvidia, que seria divulgado após o fechamento. No entanto, o mercado reduziu o otimismo, porque teme avaliações consideradas elevadas demais após meses de alta.
O discurso de Sundar Pichai reforçou essas preocupações. O CEO da Alphabet afirmou que parte do entusiasmo atual envolve certa irracionalidade e que nenhuma empresa ficará imune caso uma correção ampla aconteça. Além disso, investidores observaram que a nova parceria bilionária da Anthropic com Microsoft e Nvidia, diferentemente de acordos anteriores, não impulsionou as ações.
Fora da tecnologia, o clima também não ajudou. Home Depot divulgou resultados abaixo do esperado e reduziu sua previsão anual. Portanto, o varejo adicionou mais um vetor negativo ao dia. Ao mesmo tempo, o mercado reduziu suas apostas em um corte de juros pelo Federal Reserve em dezembro. A probabilidade, que superava 90% há um mês, caiu para algo próximo de 50%. Assim, cresce o temor de que juros mais altos por mais tempo pesem ainda mais sobre múltiplos e expectativas de crescimento.
Criptomoedas enfrentam liquidações e ampliam volatilidade com Bitcoin abaixo de US$ 90 mil
O mercado de criptomoedas também registrou forte pressão. O Bitcoin caiu 3,70% e voltou a perder o nível de US$ 90.000, reforçando debates sobre onde pode surgir o próximo suporte. Além disso, a moeda já recua entre 5% e 6% em 24 horas e cerca de 14% na semana, sendo negociada quase 30% abaixo da máxima recente acima de US$ 126.000.
A capitalização total do mercado caiu para US$ 3,12 trilhões após uma queda diária de 4%. Mais de US$ 1 bilhão em posições alavancadas foi liquidado, o que intensificou as vendas forçadas. De acordo com a Coinglass, US$ 718 milhões em posições compradas foram zerados, contra cerca de US$ 288 milhões em posições vendidas. Portanto, o ajuste de alavancagem se tornou um dos maiores das últimas semanas.
Apesar do cenário negativo, alguns ativos destoaram. O índice ICP subiu mais de 16%, enquanto Hyperliquid e Filecoin se valorizaram próximo de 4%. Além disso, 80 das 100 maiores moedas superaram o desempenho do Bitcoin no último dia, o que sugere rotação antecipada mesmo em ambiente adverso.
No entanto, a confiança continua baixa. Analistas acreditam que o Bitcoin pode buscar estabilidade entre US$ 85.000 e US$ 88.000, embora o risco de novas quedas permaneça. Além disso, cortes de juros mais lentos, níveis elevados de medo e a recente “cruz da morte” pesam sobre o mercado. Assim, investidores avaliam oportunidades com cautela, mesmo quando buscam ativos que possam se destacar no médio prazo.