Michael Saylor amplia reservas e intensifica aposta no Bitcoin

Michael Saylor amplia reservas

Saylor dobra aposta: Strategy amplia reservas e redesenha seu motor financeiro

A Strategy voltou aos holofotes nesta semana depois de adquirir 8.178 BTC por cerca de US$ 835,6 milhões. A compra ocorreu em um momento de queda acentuada no preço do Bitcoin, o que reforçou o contraste entre os rumores de fragilidade da empresa e a postura agressiva de acumulação. O movimento ampliou uma sequência de compras iniciada em outubro, período marcado por forte volatilidade e receios entre investidores de varejo e institucionais.

Mesmo com o Bitcoin abaixo de US$ 100 mil e no menor nível em seis meses, a companhia manteve a estratégia. Em documento enviado à SEC, confirmou o preço médio pago de US$ 102.171 por unidade. Com isso, suas reservas totais chegaram a 649.870 BTC, acumulando um custo de US$ 48,37 bilhões. Essa expansão ocorreu enquanto surgiam rumores sobre possíveis vendas de ativos. Saylor negou todas as alegações e afirmou que a empresa segue firme em sua visão de longo prazo.

O mercado, porém, continua pressionado. As ações da Strategy têm refletido essa tensão e seguem correlacionadas às quedas do Bitcoin. Ainda assim, a empresa insiste em acumular BTC durante as retrações, postura que reforça sua narrativa de foco no futuro e não no curto prazo.

O modelo de crédito digital apresentado por Saylor

Na mesma semana, Michael Saylor apresentou na Cantor Crypto & AI/Energy Infrastructure Conference, em Miami, o modelo que chama de fábrica de crédito digital. Segundo ele, a Strategy opera com uma lógica invertida em relação ao mercado tradicional. Para Saylor, o crédito se tornou o produto central, enquanto a participação acionária passou a ser consequência. Essa estrutura busca atender investidores que desejam rendimento em dólares e também quem procura exposição ao Bitcoin.

Para cumprir esse objetivo, a empresa estruturou um catálogo amplo de instrumentos. Entre eles estão títulos conversíveis, perpétuos seniores, perpétuos juniores e o Stretch (STRC). Todos são lastreados por Bitcoin supercolateralizado. Esses produtos oferecem rendimentos entre 9% e 13% ao ano, pagos mensalmente em uma estrutura pública, líquida e com vantagens fiscais. Essa abordagem ampliou o interesse de investidores que buscam rendimento consistente em um ambiente volátil.

A máquina de diferimento fiscal e o impacto nas operações

Esse modelo financeiro também se apoia em três mecanismos de diferimento de impostos. A emissão de títulos preferenciais não é tributada. A valorização do Bitcoin permanece isenta enquanto a empresa não vende seus ativos. Por fim, os dividendos são classificados como retorno de capital, o que adia a cobrança de impostos para um momento futuro. Essa combinação fortaleceu a eficiência operacional da Strategy.

Apesar dessas vantagens, a empresa enfrenta riscos relevantes. A Standard & Poor’s rebaixou sua nota para B-, citando concentração extrema em criptomoedas e liquidez limitada em dólares. A Strategy já emitiu quase US$ 15 bilhões em dívida conversível e capital preferencial. Desse total, cerca de US$ 5 bilhões vencem entre 2028 e 2032. Além disso, a companhia deve mais de US$ 640 milhões por ano em dividendos preferenciais. Esses números mostram uma estrutura financeira que exige atenção contínua.

Mesmo assim, a agência reconheceu que a empresa administra seus vencimentos com disciplina e mantém acesso sólido aos mercados de capitais. Para investidores alinhados à visão de Saylor, a tese permanece clara. A empresa continuará acumulando Bitcoin sempre que identificar preços atrativos. Para críticos, a dependência extrema do BTC ainda representa o maior risco da estratégia.

A Strategy, no entanto, segue determinada a ampliar suas reservas. O modelo de crédito digital combina ousadia, engenharia financeira e uma aposta firme na valorização futura do Bitcoin. Agora, o mercado observa se essa trajetória continuará sustentável em meio à crescente pressão regulatória e às oscilações do setor.