Michael Saylor perde controle de voto na MicroStrategy

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O mercado de criptomoedas testemunha momentos intrigantes à medida que a MicroStrategy intensifica sua estratégia de aquisição de Bitcoin. Apesar de ser a maior detentora institucional da criptomoeda, a empresa enfrenta mudanças significativas na governança, possíveis repercussões no preço do Bitcoin e debates sobre a sustentabilidade de suas ações. Entenda os desenvolvimentos recentes e o que eles significam para o futuro.

Michael Saylor perde posição na MicroStrategy

Michael Saylor, fundador e presidente executivo da MicroStrategy, perdeu sua posição de controle sobre a empresa. Até recentemente, ele detinha 51,7% do poder de voto, sustentado por ações Classe B, que oferecem 10 vezes mais direitos de voto que as ações Classe A. Essa estrutura permitiu que Saylor direcionasse as decisões corporativas, como o foco intenso na aquisição de Bitcoin. No entanto, com a venda de ações sob acordos financeiros recentes, a empresa perdeu seu status de “companhia controlada” segundo as diretrizes da Nasdaq.

Embora investidores temam que a perda de poder de Saylor possa desacelerar as compras de Bitcoin pela MicroStrategy, a criptomoeda se mantém resiliente. Nos últimos dias, o Bitcoin atingiu um recorde histórico de $98.000, subindo 7% em uma semana. Analistas acreditam que as preocupações sobre o impacto direto de Saylor no preço do Bitcoin são exageradas, dado o crescente interesse institucional na moeda.

Estratégia de aquisição de Bitcoin

A MicroStrategy segue comprometida com sua estratégia agressiva de aquisição de Bitcoin. Recentemente, a empresa anunciou uma emissão ampliada de notas conversíveis de $2,6 bilhões, superando os $1,75 bilhões planejados inicialmente. Os fundos permitirão a compra de aproximadamente 27.450 BTC ao preço atual de mercado, adicionando ao estoque de 331.200 BTC já acumulados pela empresa.

As notas conversíveis emitidas pela MicroStrategy possuem taxa de juros de 0% e vencem em 2029. Os investidores não recebem pagamentos de juros regulares, mas podem converter as notas em ações da empresa ou em dinheiro, dependendo da valorização do preço das ações. Essa abordagem reduz custos financeiros para a MicroStrategy, mas também liga diretamente sua estabilidade ao desempenho do Bitcoin.

Riscos e sustentabilidade

A estratégia audaciosa da MicroStrategy carrega riscos consideráveis:

  1. Volatilidade do Bitcoin: A dependência da criptomoeda expõe a empresa a flutuações de preço que podem afetar sua liquidez. Uma queda acentuada no valor do Bitcoin poderia forçar a venda de ativos em condições desfavoráveis.
  2. Dívida de longo prazo: A MicroStrategy tem até 2028 para pagar suas obrigações, mas a aposta na valorização do Bitcoin pode pressionar sua estrutura financeira se o preço da criptomoeda não acompanhar as expectativas.
  3. Confiança do mercado: A empresa negocia atualmente com um valor de mercado 3,3 vezes superior ao valor contábil de seus ativos de Bitcoin. Se a confiança especulativa diminuir, isso pode desencadear uma desvalorização significativa nas ações da MicroStrategy.

O legado de Michael Saylor

Embora críticos apontem os riscos da estratégia, Michael Saylor continua sendo uma figura central no mercado de Bitcoin. Sob sua liderança, a MicroStrategy consolidou-se como um símbolo do potencial de adoção institucional da criptomoeda. Ainda que a governança da empresa tenha mudado, seu compromisso com o Bitcoin permanece inabalável, reforçado pelo aumento de suas compras mesmo em períodos de alta do mercado.

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Foto de Marcelo Roncate O autor:

Redator desde 2019. Entusiasta de tecnologia e criptomoedas.