O que está por trás do fracasso de Crypto Cars (CCAR)?

ccar01 interna
O que levou o CCAR à implosão? Imagem: Reprodução

Em pouco tempo, projeto sólido tornou-se esquecido por sua comunidade; tomadas de decisão equivocadas norteiam parte dos motivos.

Por que CCAR caiu tanto?

Crypto Cars, durante um bom tempo, trouxe excelentes lucros e diversão aos usuários dentro do universo de NFT games. Seu ROI baixo e facilidade de uso chamaram bastante atenção de dezenas de milhares de usuários ao redor do Brasil – entre centenas de milhares de outros ao redor do mundo.

Seu token nativo, CCAR, atingiu o valor máximo de US$ 1,81 no dia 23 de novembro de 2021, segundo dados da CoinGecko. Caso o usuário fizesse, digamos, 100 CCAR por dia e sacasse esse valor em reais, obteria um lucro aproximado diário de R$ 537. Quase meio salário-mínimo/dia.

Contudo, em poucos meses, o valor do token despencou de US$ 1,81 para US$ 0,015. A lucratividade do projeto, como era de se esperar, foi por água abaixo.

Motivos

O Bitcoin começou a cair substancialmente no final do ano passado; com isso, boa parte das altcoins também sofreram com o mar vermelho. CCAR começou a cair – o que não é nenhuma novidade.

Confira o que os desenvolvedores fizeram para evitar o pior (e não conseguiram):

Restrições de saques

Os desenvolvedores, para prevenir um possível panic sell (quando usuários em massa vendem seus ativos impulsivamente, para fugir de liquidação), criaram diversas restrições com relação a saques.

Durante algum tempo, só era possível sacar uma quantidade muito pequena de CCAR, o que prejudicou bastante os usuários que possuíam uma quantidade enorme de veículos: alguns lucravam muito mais do que poderiam sacar. Por conta disso, foram obrigados a amargar prejuízos devido à queda constante do ativo.

Vida útil dos veículos

Carros adquiridos dentro do game poderiam ser utilizados de maneira ilimitada; entretanto, a equipe desenvolveu um sistema de vida útil para os NFTs adquiridos. Em resumo, quanto mais você utiliza o veículo, menos lucrativo ele se torna.

Tal medida tornou obrigatória a compra e venda de novos veículos dentro de seu marketplace. 25% do valor arrecadado com as vendas fica retido como taxa para a equipe da Cripto City – e isso torna a situação ainda mais complicada para os investidores.

Lançamento apressado de novos projetos

Em um intervalo muito curto de tempo, Crypto Planes (CPAN) e Crypto Guards (CGAR) foram lançados: basicamente o mesmo jogo, mas com uma roupagem mais bonita.

O lançamento corrido de dois projetos fez com que os investidores pulverizassem seus investimentos, antes focados no CCAR. Não houve um tempo hábil para amadurecer, de fato, o primeiro mercado antes de lançar outros dois.

Isto acelerou ainda mais a depreciação do token em vez de salvá-lo de uma queda brusca iminente; afinal, o mercado global continuava sangrando e o lançamento equivocado de novos produtos não seria capaz de mudar uma força maior.

Censura nas redes sociais

Usuários preocupados com o possível fim do projeto tentaram, sem sucesso, tecer críticas a respeito dos pontos aqui citados, bem como tantos outras pertinências. Entretanto, alguns foram banidos pelos moderadores sob acusação de “fud”.

Desde o dia 27 de janeiro, usuários do Telegram não podem mais comentar a respeito das últimas atualizações lançadas pela equipe. Em síntese, os desenvolvedores não estão preocupados em ouvir as críticas dos usuários que ainda acreditam em seu projeto.

Conclusão

Espera-se que uma equipe esteja preparada para a forte volatilidade presente em ativos descentralizados. Os responsáveis pelo projeto, contudo, parecem ter sucumbido ao pânico que tanto assola os novatos.

Triste, pois havia grande potencial – totalmente desperdiçado por iniciativas centralizadoras e autoritárias.

Foto de Rafael Motta
Foto de Rafael Motta O autor:

Jornalista, trader e entusiasta de tecnologia desde a infância. Foi editor-chefe da revista internacional 21CRYPTOS e fundador da Escola do Bitcoin, primeira iniciativa educacional 100% ao vivo para o mercado descentralizado. Foi palestrante na BlockCrypto Conference, em 2018.