Mt. Gox reacende temores no mercado com nova transferência bilionária

A movimentação recente de Bitcoin ligada à Mt. Gox reacendeu tensões no mercado cripto em um momento em que o BTC já enfrentava forte pressão vendedora. Além disso, o histórico da exchange falida indica que grandes transferências costumam anteceder quedas relevantes no preço do ativo. O cenário, no entanto, apresenta nuances que merecem análise cuidadosa.
De acordo com um tweet da Lookonchain, o administrador da massa falida da corretora de criptomoedas Mt. Gox movimentou aproximadamente US$ 1 bilhão em BTC nas últimas 24 horas.
O impacto imediato da nova transferência da Mt. Gox
A Mt. Gox movimentou 10.608 BTC, avaliados em cerca de US$ 953 milhões, marcando sua primeira grande transação em desde 25 de março e que o Webitcoin noticiou na época. Essa transferência ocorreu após um período de completa inatividade, no qual a carteira fria do espólio executava apenas operações mínimas, geralmente inferiores a US$ 300. Assim, a súbita movimentação surpreendeu analistas e investidores.
Segundo a Arkham, dados mostram que o total movimentado chegou a 10.793 BTC, somando aproximadamente US$ 970 milhões. Além disso, as carteiras associadas à empresa ainda mantêm cerca de US$ 3,16 bilhões em Bitcoin, o que reforça a percepção de que novas operações relevantes podem surgir nos próximos meses.

Historicamente, transferências desse porte costumam gerar receio de venda imediata, já que grande parte dos credores da Mt. Gox prefere liquidar seus recebimentos rapidamente. No entanto, a situação atual é diferente. Os pagamentos que estavam previstos para serem concluídos no mês anterior foram prorrogados para outubro de 2026. O administrador do processo alegou que diversos procedimentos ainda não foram concluídos, o que impede o andamento completo do cronograma. Portanto, grande parte do capital continuará fora de circulação por mais tempo.
Essa extensão no prazo reduz parte do risco de pressão vendedora imediata, pois cerca de US$ 4 bilhões em BTC não serão liberados no curto prazo. Mesmo assim, o mercado permanece sensível a qualquer movimentação das carteiras relacionadas ao espólio, já que esses endereços historicamente funcionam como gatilhos psicológicos para quedas abruptas.
Além disso, a movimentação recente ocorreu em um momento delicado. O BTC havia caído mais de 6,6%, passando de US$ 95.000 para US$ 89.300, antes de ensaiar uma recuperação para a região dos US$ 91.000. A soma desses fatores elevou a tensão entre traders que já enfrentavam um ambiente desfavorável.
Reações do mercado e como o contexto atual muda o peso desses movimentos
A surpresa causada pela transferência levou alguns analistas a acreditar que a Mt. Gox poderia estar prestes a vender parte de seus ativos. Um exemplo foi o comentário do analista Jacob King, que interpretou o movimento como um possível indício de venda iminente. Entretanto, a carteira receptora, rotulada como “1ANkD”, manteve integralmente os 10.608 BTC recebidos. Ela não enviou nenhum satoshi para exchanges centralizadas, algo que geralmente sinalizaria intenção clara de liquidação.
Essa distinção é essencial. Grandes detentores costumam usar movimentos internos antes de vender, mas isso também pode ocorrer por ajustes administrativos, especialmente durante processos legais complexos. Assim, a simples transferência não necessariamente implica venda.
Além disso, o cenário atual difere bastante do observado em ciclos anteriores. A entrada de novos investidores institucionais, somada ao crescimento dos ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos, ampliou significativamente a capacidade de absorção de liquidez. Portanto, movimentos da Mt. Gox tendem a ter impacto relativamente menor do que no passado.
Desde a primeira rodada de pagamentos aos credores, iniciada em julho de 2024, o preço do Bitcoin subiu mais de 60%, passando de cerca de US$ 56.160 para a região dos US$ 91.000. Isso demonstra que o fluxo de saída originado dos pagamentos anteriores foi diluído rapidamente pela demanda crescente de grandes compradores.
Como resultado, qualquer movimentação das carteiras antigas costuma gerar medo desproporcional em relação ao impacto real. No entanto, a análise fria dos fatos indica que a recente transferência pode ter natureza administrativa e, até o momento, não apresentou sinais de preparação para uma venda massiva.